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Justiça Quinta-feira, 24 de Novembro de 2022, 12:07 - A | A

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Quinta-feira, 24 de Novembro de 2022, 12h:07 - A | A

NA FAZENDA SÃO JOÃO

Por chacina, ex-pistoleiro de Arcanjo é condenado a 55 anos de prisão em júri popular

Episódio ficou conhecido como crime da Fazenda São João e chocou populares pela brutalidade

RAFAEL COSTA
Da Redação

Um júri popular concluído em Várzea Grande na quarta-feira (23) condenou o ex-pistoleiro de João Arcanjo Ribeiro, Édio Gomes Júnior, a 55 anos de prisão pelo assassinato de Areli Manoel de Oliveira, Itamar Batista Barcelos, Pedro Francisco da Silva e José Pereira de Almeida. Todos foram mortos em março de 2004, na Fazenda São João, localizada às margens da BR-163, próximo ao Trevo do Lagarto em Várzea Grande.

Os jurados concluíram que havia provas suficientes para fundamentar uma condenação por três homicídios qualificados e quatro ocultações de cadáveres. A pena total de 55 anos foi reconhecida pelo juíz da 1ª Vara Criminal, Murilo Moura Mesquita.

A defesa já informou que vai ingressar com recurso de apelação no Tribunal de Justiça, pois entendem que a pena foi desproporcional.

CHACINA

A chacina ocorreu em março de 2004, na fazenda São João, localizada às margens da BR-163, próxima ao Trevo do Lagarto, em Várzea Grande.

Durante as investigações, foram identificados oito envolvidos no crime, todos funcionários da propriedade do ex-bicheiro. Os suspeitos foram indiciados por homicídio qualificado - cometido por motivo fútil, uso de meio cruel e sem chance de defesa -, ocultação de cadáver e formação de quadrilha.

O Ministério Público Estadual ofereceu denúncia à Justiça ainda em 2004.

As vítimas, Pedro Francisco da Silva, José Pereira de Almeida, Itamar Batista Barcelos e Areli Manoel de Oliveira foram mortas pelos funcionários da fazenda.

Segundo a polícia, uma vítima foi morta a tiros e três delas foram amarradas e torturadas, antes de serem mortas por afogamento.

As versões constam na reprodução da chacina, realizada pela Polícia Civil em maio de 2004 a pedido do Ministério Público, da qual participaram dois dos investigados. Os dois envolvidos confirmaram que as vítimas foram amarradas e jogadas no lago em que pescavam e que demoraram pelo menos 20 minutos para morrer.

Depois de mortas, as vítimas tiveram os corpos jogados em uma área à margem da estrada da localidade de Capão das Antas, em diferentes pontos, a fim de dificultar o trabalho investigativo da polícia.

O inquérito, conduzido pela equipe do delegado Wylton Massao Ohara, à época, apurou que as quatro vítimas foram à fazenda para pescar em um dos tanques de peixe da propriedade, na manhã do sábado de 20 de março.

Conforme a investigação, os amigos teriam ido ao local na intenção de pescar para consumo de suas famílias, quando foram surpreendidos pelos seguranças da fazenda e mortos.

Ainda de acordo com a polícia, como os quatro não retornaram para casa, no dia seguinte, as famílias procuraram a polícia e teve início a busca pelas vítimas. Ainda no domingo, a Polícia Militar localizou as quatro bicicletas próximas à cerca da fazenda.

Após diversas buscas, os corpos foram localizados em uma área fora da fazenda, onde foram jogados a fim de ocultar o crime e dificultar a investigação.

Conforme depoimentos prestados à DHPP durante as investigações, um dos funcionários confirmou que ele e outros dois seguranças da fazenda encontraram os quatro rapazes no final da tarde do sábado, pescando no tanque de piscicultura e atiraram contra as vítimas.

Uma delas correu para o mato para se esconder, mas foi morta com um disparo no abdômen feito por um dos seguranças.

A polícia informou que as outras três vítimas foram rendidas e então o segurança, que foi preso em Sergipe após 17 anos foragido, teria ligado para o gerente da fazenda dizendo que "três capivaras estavam presas e uma estava morta e que aguardavam a faca para arrancar o coro das que estavam vivas".

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