O delegado da Polícia Civil Lindomar Tófoli relatou à Comissão de Segurança Pública na Assembleia Legislativa (ALMT) na terça-feira (14) que foi afastado da Delegacia Fazendária (Defaz) após fazer uma operação contra o filho do ex-deputado estadual José Geraldo Riva, em 2019, e por investigar o governo de Mauro Mendes (DEM).
Tofóli explicou aos deputados que ficou sabendo da informação (sobre seu afastamento) por um informante que não tinha nenhuma ligação com as investigações.
As declarações ocorreram na Assembleia Legislativa depois que a autoridade policial foi convidada a prestar esclarecimentos sobre uma denúncia do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), que acusa o governador Mauro Mendes (DEM) de utilizar a Delegacia Especializada de Combate à Corrupção em Mato Grosso (Deccor) para prejudicá-lo politicamente.
"Uma pessoa me disse que eu tinha saído da delegacia por causa do filho do Riva e que ninguém tinha controle sobre mim. Que eu tinha ido lá (na casa do filho do Riva) xingando e as crianças começaram a chorar. E quem me conhece sabe que isso nunca aconteceu. Mas, essa aí foi uma das coisas que chegaram pra mim e a outra motivação era porque eu estava investigando o governo. E essa pessoa que me contou em detalhes o que eu estava investigando”, disse o delegado.
A ação citada por Tófoli foi a Operação Especialista deflagrada em setembro de 2019. Na época, a casa do filho do ex-deputado, José Geraldo Riva Júnior, e mais dois imóveis foram alvos de busca e apreensão. Riva Júnior era investigado por suspeita de apresentar documentação falsa de especialização médica para atuar no Departamento do Trânsito de Mato Grosso (Detran).
O delegado explicou que essa não foi a primeira vez que houve interferência em seu trabalho na Defaz. Tófoli contou que na gestão do ex-governador Silval Barbosa (sem partido) foi afastado por investigar um ex-deputado.
“Eu investiguei o Silval por conta das cartas de crédito. Um dia ele (o Silval) me contou que foi pressionado por um ex-deputado e que ele estava sendo pressionado e que não estava aguentando mais. Ele chegou no chefe geral da polícia na época e falou: ‘olha, você vai ter que tirar o fulano (Tófoli) de lá, porque ele está incomodando demais e eu não estou aguentando mais o ex-deputado’”, detalhou.
Por fim, Tófoli afirmou que houve interferência do governo e que, desta última vez, decidiu tomar “atitude”.
“E eu naquele momento me vi de novo, por estar trabalhando eu fui afastado. Minha consciência me pediu para tomar uma atitude. Procurei o sindicato, impetrei mandato de segurança para voltar. Se eu não posso investigar governo, se eu não posso investigar quem te vínculo com governo, quem eu posso investigar?", questionou.
Outros depoimentos
Além de Tófoli, os delegados Flávio Stringueta e Anderson Clayton da Cruz e Veiga também foram ouvidos pelos membros da comissão. Participaram da audiênciao os deputados João Batista (PROS), Delegado Claudinei (PSL), Elizeu Nascimento (PSL), Ulisses Moraes (PSL), Dr. João (MDB), Allan Kardec (PDT) e Faissal Calil (PV).
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