Respeito

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Na impossibilidade de acreditar nos sentimentos e atitudes humanas as leis foram criadas. Nascemos puros em um mundo podre.

Desde os mais remotos tempos o homem sempre se preocupou em criar mecanismos de defesa contra seu igual. A idéia de ataque e defesa sempre norteou a vida dos humanos na terra. Fosse nos desafios do dia a dia, como arrumar alimento, ou conquistar terras desconhecidas o ser humano jamais hesitou em aviltar ou destruir o outro. O Código do rei Hamurabi, na antiga Mesopotamia, quase dois mil anos antes de Cristo é um pequeno arremedo, um rascunho, daquilo que viria a ser algo indispensável para reger a convivência: as leis.

Ainda que grandes iluminados tais como Cristo, Buda, Maomé, Gandhi, Teresa de Calcutá e tantos outros, tenham caminhado por esta terra pregando a igualdade, o amor ao outro, mesmo assim, penalidades como a do Talião – olho por olho, dente por dente – sempre foram entendidas como necessárias para corrigir aberrações comportamentais.

Somos criados e ensinados a obedecer regras. Em nosso inconsciente está latente a idéia do permitido e do proibido. Será que é por aqui? Será que ninguém está vendo? Vou fazer só prá ver no que vai dar! ‘Pô’ seu guarda, quebra essa...eu não vi a placa... E de infração em infração muitos deixam de ser desrespeitosos com outros e passam a não ter mais respeito por si.

Colocamos os pés fora da cama e já começamos a praticar, até de forma inconsciente, o desrespeito ao outro. Jogando lixo na rua, estacionando em vaga de idoso ou deficiente, levando para casa caneta que é da empresa...me ajude com essa listinha pois ela é enorme.

- ‘Mas os políticos desviam milhões...’ se erguerá uma voz da multidão. Essa desculpa não cola. Aquele político daquele famoso escândalo é voce. A diferença é o mandato. A correção seria vergonha na cara, berço, brio, princípios e respeito.

Há muito, estamos fazendo substituições em nossa vida. E assim como os colonizadores que trocavam pedras preciosas por espelhos, o nosso escambo nos tem trazido apenas prejuízos. Senão vejamos os resultados de algumas de nossas infelizes trocas: amor por tolerância, fé por auto ajuda, solidariedade por auto promoção, respeito por leis.

Thomas Hobbes, filósofo inglês usou a expressão latina homo homini lupus – o homem é o lobo do homem, justamente para descrever o quanto o ser humano sempre tentará infringir ao outro a força do seu poder e o desprezo por qualquer regra social que os equipare.

No tocante ao respeito, que é o mote deste ensaio, eu gostaria de dizer algo que voce talvez já saiba mas tem medo de admitir. A maioria de nós não carrega no DNA esse gene. Se o ser humano se respeitasse e praticasse o respeito para com outrem, as leis seriam desnecessárias, celas de prisões viveriam as moscas, portas não teriam fechaduras, a justiça do trabalho não teria um só magistrado, o quinto mandamento da lei de Deus evitaria em nosso pais a existência de um Estatuto da Criança e do Adolescente.

Respeito é algo que jamais fará parte do repertório de sentimentos e ações humanas. Respeito é igual a medo. Nós não temos medo. Quando muito, receio. O desrespeito é o que fez o mundo chegar aonde chegou. Falo inclusive dos avanços tecnológicos. Caso contrário viveriamos na ilha de Utopia, descrita pelo inglês Thomas Mórus.

Poderiamos sim, colocar em prática outra atitude já que pelo visto respeito é aquele livro que nunca foi lido e continua intacto em nossa estante.

Falo do bom senso. Mais que uma receita, um jeito de viver. Pequenas e homeopáticas doses ajudariam no convívio diário.

(*) KID NOEL é radialista em Cuiabá e historiador, e passa a escrever para HiperNotícias.

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