Um dos temas que mais mobilizou autoridades, usuários da rodovia e a imprensa de Mato Grosso ao longo de 2025 foi a situação da MT-251, no trecho conhecido como Portão do Inferno, principal ligação entre Cuiabá e Chapada dos Guimarães (a 60 Km de Cuiabá).
O problema, que teve origem em deslizamentos registrados em dezembro de 2023, deixou de ser tratado apenas como uma emergência pontual e passou a envolver decisões técnicas complexas nas áreas de engenharia, logística e meio ambiente, culminando na definição pela construção de um túnel.
O HiperNotícias acompanhou os principais desdobramentos do caso ao longo do ano. A seguir, uma linha do tempo que reúne os fatos, destacando o equilíbrio buscado entre segurança viária, impacto econômico e as exigências ambientais por se tratar de área inserida em parque nacional.
EMERGÊNCIA E CONTROLE
O fim de 2024 foi marcado por medidas emergenciais. Em 27 de dezembro, a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra-MT) instalou câmeras de monitoramento em tempo real e adotou um protocolo de interdição preventiva, determinando o fechamento da pista em casos de chuvas superiores a 20 milímetros. Também foi restringida a circulação de veículos pesados, medida reforçada após uma carreta desrespeitar a proibição e provocar transtornos no local em 31 de dezembro.
No início de 2025, o trecho passou a operar de forma recorrente no sistema “pare e siga”, entre 7 e 10 de janeiro e novamente de 13 a 15 de janeiro, para ajustes nas estruturas de contenção. Em 24 de janeiro, a rodovia foi totalmente interditada para monitoramento geotécnico. Já em 27 de janeiro, chuvas superiores a 30 milímetros levaram a novo fechamento temporário, com liberação posterior em meia pista.
Apesar das restrições, a Sinfra informou que o tráfego permaneceria liberado durante o Carnaval, em 28 de fevereiro, em meio à preparação de Chapada dos Guimarães para o período turístico, que incluía eventos como o “Chapa Folia”, lançado oficialmente em 4 de fevereiro.
INVESTIGAÇÕES E FISCALIZAÇÃO
Enquanto motoristas enfrentavam interdições, as obras passaram a ser alvo de análises institucionais. Em 12 de março, o Ministério Público Federal (MPF) arquivou um inquérito que apurava supostas irregularidades no retaludamento do morro, mas manteve em andamento uma Ação Civil Pública relacionada ao licenciamento ambiental.
Após chuvas de aproximadamente 50 milímetros provocarem nova interdição em 22 de abril, o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), Sérgio Ricardo, anunciou, em 30 de abril, que o órgão passaria a acompanhar as obras de forma quinzenal.
Em 24 de junho, o governador Mauro Mendes informou que estudos geológicos mais aprofundados identificaram características do terreno diferentes das inicialmente previstas, exigindo reavaliações técnicas. No dia seguinte, 25 de junho, Sérgio Ricardo afirmou que o projeto havia retornado a uma fase inicial de análise.
Já em 26 de junho, o MPF arquivou outro inquérito, relacionado ao cumprimento de condicionantes ambientais do ICMBio, mas determinou acompanhamento contínuo.
DEFINIÇÃO PELO TÚNEL
Em 27 de junho, o governo estadual anunciou a decisão pela construção de um túnel no Portão do Inferno, substituindo o retaludamento. A escolha foi fundamentada em estudos geotécnicos e em recomendações de órgãos ambientais, como Ibama e ICMBio, que apontaram menor impacto paisagístico e maior segurança operacional.
Em 18 de julho, o secretário de Infraestrutura, Marcelo de Oliveira, afirmou que a solução definitiva ainda seria anunciada em até 20 dias. No mesmo dia, o governador Mauro Mendes reafirmou publicamente que o túnel já havia sido definido como alternativa técnica.
A decisão foi confirmada nos meses seguintes. Em 1º de setembro, a Sinfra informou que o projeto do túnel estava em elaboração, com investimentos de cerca de R$ 7 milhões em estudos. Em 23 de setembro, o presidente do TCE-MT classificou a alternativa como a mais adequada do ponto de vista técnico.
PREPARAÇÃO PARA A OBRA
Em 22 de outubro, durante audiência pública, a Sinfra informou que aguardava a finalização do orçamento do projeto e destacou a instabilidade geológica do local, onde equipamentos registraram movimentações do maciço rochoso horas após a passagem de veículos pesados.
Em 9 de novembro, o governador criticou entraves federais relacionados à duplicação da MT-251, apontando dificuldades na tramitação junto a órgãos como Ibama e DNIT.
O avanço concreto ocorreu em 28 de novembro, com a publicação do Edital nº 116/2025, que trata da contratação da empresa responsável pelos projetos do túnel. A licitação foi prevista para março de 2026.
Em 9 de dezembro, a Sinfra divulgou estudo técnico defendendo a alternativa do túnel, citando menor custo de manutenção a longo prazo, aumento da segurança e preservação da paisagem do Parque Nacional.
Em 15 de dezembro, uma interdição pontual para retirada de equipamentos chegou a ser prevista, mas foi adiada.
O ano terminou com a definição técnica pelo túnel e o início da fase preparatória para sua execução, mantendo o tema como um dos principais debates da infraestrutura em Mato Grosso.
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