Imagens exclusivas obtidas pela reportagem de A Gazeta mostram que policiais militares do 10º Batalhão tiveram contato direto com o tenente Rennan Albuquerque de Melo, de 34 anos de idade, cerca de uma hora após ele ter baleado um motorista de aplicativo em Cuiabá, no último dia 19. As cenas, registradas em um posto de combustível, apontam para possível omissão e conivência dos militares, que não comunicaram a presença do oficial, que usava um veículo envolvido em crime contra a vida, a seus superiores, nem tomaram qualquer providência.
As imagens, que também embasaram a investigação da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), mostram o tenente Rennan, hoje preso preventivamente por tentativa de homicídio qualificado, sendo cumprimentado por três PMs em atitude de normalidade, sem que o veículo Jetta utilizado no crime tenha sido abordado ou identificado. Nesta segunda-feira (29), os militares flagrados serão ouvidos na DHPP para prestar esclarecimentos.
A CENA NO POSTO
Por volta das 18h24, o Jetta do tenente entra no posto, cerca de uma hora após o atentado que deixou o motorista de 30 anos com um tiro na cabeça e outro na perna, na região do Goiabeiras. O carro fica estacionado por 18 minutos com os faróis apagados. Às 18h42, Rennan desce com uma criança e entra na loja de conveniência.
Quatro minutos depois, uma viatura da PM (placa SPS-3A65) chega ao local. Dois policiais descem e permanecem na entrada. A viatura é estacionada e, em seguida, o tenente sai da loja e cumprimenta um dos militares. Um segundo PM se aproxima e presta continência a Rennan, gesto que na hierarquia militar indica reconhecimento de autoridade. Um terceiro militar também cumprimenta o oficial.
Rennan retorna à conveniência acompanhado de um dos PMs e, por volta das 18h49, deixa o posto com a criança, passa pelos outros dois militares e segue no Jetta.
INVESTIGAÇÃO E CONTEXTO
O tenente Rennan já estava afastado das ruas desde janeiro de 2025 por histórico de conduta agressiva – incluindo agressão a um adolescente, e com porte de arma suspenso. No dia do crime, após uma batida de trânsito, ele perseguiu o motorista de aplicativo, atingiu o carro dele propositalmente e efetuou vários disparos. A vítima sobreviveu por pouco, segundo o delegado Caio Albuquerque.
Após o crime, Rennan tentou encobrir as ações registrando um boletim de furto do próprio carro e removendo as placas. Ele foi preso no sábado (27) e responde por homicídio qualificado tentado, comunicação falsa de crime e fraude processual.
Agora, as novas imagens levantam suspeitas sobre a conduta dos PMs que, ao se depararem com um oficial envolvido em crime grave, não relataram o ocorrido. A Corregedoria da PM e a DHPP investigam se houve omissão de socorro, favorecimento ou obstrução da justiça.
NOTA DA PM
Procurada, a Polícia Militar informou que os militares envolvidos já foram identificados e serão ouvidos no âmbito administrativo. “A instituição não compactua com qualquer desvio de conduta e apura com rigor fatos que possam macular a honra da corporação”, disse a nota.
O caso deve ser acompanhado pelo Ministério Público e pode gerar novas medidas disciplinares, além de ampliar o debate sobre a cultura de impunidade e a falha nos mecanismos de controle interno nas forças de segurança.
*Com informações do jornal A Gazeta.
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