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Artigos Sábado, 20 de Agosto de 2011, 11:59 - A | A

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Sábado, 20 de Agosto de 2011, 11h:59 - A | A

Revelações de um affair

Quem poderá negar o poder sobre a foto de alguém ou alguma coisa, no álbum entre os pertences de uma pessoa? Não há como. Tudo bem, a vida mantém consolidadas as sensações das imagens ou não. Posse é outra coisa ....

HONÉIA VAZ

Divulgação

Quem poderá negar o poder sobre a foto de alguém ou alguma coisa, no álbum entre os pertences de uma pessoa? Não há como. Tudo bem, a vida mantém consolidadas as sensações das imagens ou não. Posse é outra coisa. Ainda que também dos fatos nas cenas registradas só sabe quem participa ou para quem explicaram o contexto, sendo fato que muitos desconhecem os pensamentos, até mesmo o pensado e a desejada.

No entanto, é certo também que, independente de compartilharem segredos, ou dizerem do que se trata, a imagem pode chegar ao cúmulo de valer por mil palavras. Muitas não ditas. Outras tantas abusivas do direito de nos expressarmos contra os outros ou nós mesmos...Ah quantas vezes...Talvez se soubesse não o faria e menos ainda eternizaria neste papel especial, afinal, muito de tudo passa e pouco fica, sendo este registro a única prova de tantos crimes quase perfeitos.

Sim, assassinatos... Basta fitar 10 segundos aqueles sorrisos e olhares e notar o quanto matamos de nós mesmos, não podendo, de jeito nenhum, acusarmos estritamente aos algozes que porventura cruzaram nossa caminhada, afinal 3 x 4 são apenas para documentos pessoais e, portanto, cada um assina a sua devida emissão. Fora disso, admito que possa ser algum tipo de delito cometido por alguém perturbado com a felicidade explícita nos divinos e diários pôsteres da vida.

De qualquer forma, veja bem, voltando àquelas imagens, nossa atitude mostrava que podíamos mudar o mundo (ainda que só agora, depois de 20 anos e mais maduros, reconheçamos este poder). Pelo jeito que demonstrávamos, se não quiséssemos ir tão longe de nossas simples existências (o que a história mostraria ser a escolha), transmitíamos todas as certezas e capacidade para tal viagem ao topo da conversão e mudança planetária, em acordo com nossos próprios e belos umbigos (aparecendo devidamente de biquíni e sunga), naquela foto ridícula em que fizeram a graça de nos cortar do pescoço pra cima, parecendo até previsão, já que o futuro, dia a dia, registraria o quanto nos degolamos, literalmente, com tanto trabalho, problemas, situações muito mais complexas do somos realmente. Afinal, sem maquiagem, luz artificial e o armado sorriso colgate, tudo é muito simples e o máximo é ser amados justamente em nossas escondidas tristezas e sóis obscurecidos.

Algo muito interessante em termos de horizontes - independente de pores-do-sol, amanheceres lindos e gaivotas ao longe - é que ainda que a vida real não continue o flash de outros momentos, nunca é possível nos encerrar ao anonimato ou insignificância total de nossos álbuns de fotografias ou “remembers” (as segundas, às vezes, tão nítidas quanto as primeiras). É claro, em baixa e alta resoluções, que cada um leva do outro para seu arquivo pessoal, e continuamos, mesmo que intrínsecos, não-lembrados ou abstratos, naqueles retratos que prosseguem a despeito dos retângulos que restringem tantas coisas ao passado.

É verdade que as lembranças podem se apagar, mas as fotos podem revivê-las ou nunca deixar que morram. Na caixa de papelão antiga, aqueles retratos preto-brancos em meio a outros tantos colorido-manchados te recordando tantas coisas e, principalmente, você mesmo, antes e depois de tudo isso e até quando nem sabia que iria participar de todos estes acontecimentos. Melhor ver assim do que não ter a foto do que se encena, porque aí é pior, é desejo, ânsia de ver realmente e até tocar. Porta-retrato, então, é bom para nos dizer o que, definitivamente, gostaríamos de manter. Ou que foi bom demais enquanto esteve ali restrito àquela poderosa delimitação de momento. Tanto que depois tiramos de lá qualquer evidência, seja para esquecer, seja por que já se esqueceu. E isso dói. E isso é um alívio. E isso é indiferente. Dou risadas lembrando como foi aquele dia, aquela hora, aquele pessoal no retrato. Às vezes choro. O dois junto é de praxe.

Olha, eu odeio fotos. Aliás, eu amo fotografias. É um caso dual, admito, em que os sentimentos, as percepções e emoções das cenas precisavam ser resolvidas, se possível a partir da invenção de uma nova tecnologia, que permita clicar em “câmera lenta”, e por partes, todos os bons momentos, psicoanalisando e curando os maus. Até por que não posso descartar os tristes instantes, se é por meio deles que hoje sei, com certeza, que dias maravilhosos vêm e somos clicados em nova e alegre versão.

Creio que não há nada complicante neste meu “affair” com fotografias. Trata-se de um relacionamento normal, na medida em que, definitivamente, odeio não possuir ao alcance da vivência momentânea todas aquelas cenas com dias, pessoas e lugares fantásticos, simultaneamente. É como desejar a instantaneidade da Polaroid no tempo em que ela a importação era difícil e ter que se contentar com a espera pela revelação em papel das férias mais deliciosas que se teve, naquela época em que as lojas pediam 7 dias para entregar aos meus pais o filme revelado, transmutado e tocável em papel brilhante. E, ao mesmo tempo, amo todas estas memórias gravadas a despeito do que continuou, sumiu, se desfez ou faleceu.

E agora que estamos na era digital, o caso não se tornou mais fácil, por que mesmo podendo revelar imediatamente meus closes, é odiável constatar que algumas pessoas e coisas importantes não estão no meu click. Mas é fato infotografável (na proporção em que existe e nos convida) que a vida continua e está sempre muito aí para todos nós. Olha o passarinho...Click! Lindo demais!

(*) HONÉIA VAZ, fotógrafa amadora, é jornalista em Cuiabá-MT e colaboradora do HiperNotícias. E-mai: [email protected]

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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