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Artigos Sábado, 26 de Novembro de 2011, 18:56 - A | A

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Sábado, 26 de Novembro de 2011, 18h:56 - A | A

Ensaio domingueiro

Nessa placidez cinematográfica estão mais para gatos curiosos do que feras quando levantam a cabeça e a juba e espreitam, com ar altivo, os ‘indianas jones’ de plantão. Estes, óbvia e prudentemente, à distância e acomodados nos jipões (ou Land Rover's)

MÁRIO MARQUES

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O assunto que ora abordo – crônica ou pequeno ensaio, como queiram - foi produzido especialmente para a revista MTAqui, editada pelo lutador “Brigadeiro” Eduardo Gomes, cuja edição, aliás, está circulando neste final de semana.

Por falar na revista, nova no mercado editorial mato-grossense, não pode ser vista como mais “uma”, porque tem conteúdo de qualidade produzido pelo Brigadeiro – ele que conhece, como poucos, a realidade social, econômica e política de Mato Grosso.

Vamos, pois, à crônica/ensaio em foco:

“Uma vila chamada Picadinha”

A infância de todos nós – refiro-me aos que nascem, como é o meu caso, em regiões interioranas do país -, geralmente, é povoada de determinados bichos. A do poeta Manoel de Barros, por exemplo, é infestada de pequenos animais, como sapos, rãs e lagartixas. Nada de bicho de grande porte, como onças-pardas e pintadas ou um pouco menores, como capivaras, abundantes no Pantanal – região que se torna mais mágica, na obra do poeta –, e estes animais encontram pouca ou nenhuma guarida na poesia ou na prosa de Barros. Talvez, porque os maiores já se destacam por si só, razão pela qual o poeta se ocupe em dar lustro aos sapos e brilho às rãs e lagartixas - vistos por muitos,preconceituosamente, como seres repulsivos e insignificantes.

Já quando crescemos, ficamos adultos e envelhecemos – como, também, é a fase da vida em que me encontro agora -, passam a ser de lembranças desses animais que deixaram marcas em cada um de nós.

Às vezes é um gato ronronante e brincalhão, um cachorro amigo, um pato, um potro ou uma vaca chamada Malhada. Nos arredores da minha infância, lembro-me de uma manada (o coletivo dos bichos não sei, mas sei o quanto doeu em minhas tenras pernas de infante a bicada de um deles) barulhenta de gansos de um fazendeiro, amigo de meu pai, que, com grande alarido e fúria pior, recebia a bicadas os estranhos que ousassem passar da porteira pra dentro. Botavam pra correr até cães, que dirá gente?!

Também me recordo de um carneiro “testa-de-ferro”, desses que, sorrateiramente, chegam pelas costas do indigitado e... pimba!

Remetendo a vítima para longe, aos tropeções e de cata-cavacos, naquela constrangedora posição em que “Napoleão perdeu a guerra”, até se estatelar no chão, muitas vezes sem tempo para se levantar e, pernas pra que te quero, sair correndo em busca de uma árvore ou cerca que o mantenha a seguro de novas e doloridas testadas no traseiro.

Ao contrário da bicada do ganso, não fui “premiado” com uma cabeçada do carneiro – ainda bem e menos mal, felizmente. Porém, ainda está bem forte e presente na minha lembrança o dia em que ele virou churrasco, abatido que foi pelo próprio dono que levou uma “marretada” do bicho, daquelas de se ficar vendo estrelas em pleno sol a pino. A festança foi em comemoração ao bem geral e resguardo, dali em diante, de todas as bundas que o miserável “carimbava”, traiçoeiramente.

Continuando na fauna, imagino que para uma pessoa nascida na África essas reminiscências sejam recorrentes a elefantes, girafas, zebras, antílopes e – por que não? – leões que vistos ao longe, nos documentários e filmes, dormitando ao sol, não nos parecem nem um tiquinho ferozes. Remetem à mansidão e preguiça.

Nessa placidez cinematográfica, estão mais para gatos curiosos do que feras, quando levantam a cabeça e a juba e espreitam, com ar altivo, os ‘indianas jones’ de plantão. Estes, óbvia e prudentemente, à distância e acomodados naqueles jipões (seriam, por acaso, os famosos Land Rovers, tão falados por aqui, ultimamente?) que transportam turistas branquicelos, quando não loiros, fazendo contraponto racial com africanos negros ao volante dos carros e sempre com um guia, à frente, sentado no capô, portando um rifle.

Por via das dúvidas e quando nada, para espantar, a tiros, um felino mais atrevido e guloso que queira fazer de repasto ou sobremesa um “gringo” (ou “gringa”) do tour visitante às savanas e parques da África.

Cinema puro!

Diante desse cenário, gostaria de ter pendores de um cronista inspirado, para descrever melhor este enredo de filme, pois que as imagens, neste momento em que escrevo, vão se passando como que projetadas em minha imaginação.

Ao ponto que ainda ouço soar em meus tímpanos o canto de pássaros, alegres, festivos, em árvores frutíferas dos quintais de uma pequenina vila chamada Picadinha, distrito de Dourados (hoje MS).

(*) MÁRIO MARQUES DE ALMEIDA é jornalista. Site: www.paginaunica.com.br. E-mail: [email protected]

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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