A maioria da bancada mato-grossense na Câmara dos Deputados, em Brasília, votará pela cassação do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) caso o processo de cassação chegue ao Plenário. Dos oito parlamentares mato-grossense, seis votariam para que Cunha perca o seu mandato. Os outros dois ainda estão indecisos sobre o assunto.
Gabriel Soares/Hipernoticias
Coordenador da bancada federal, Fabio Garcia diz que é necessário aguardar o processo, mas garante o voto pela cassação
O coordenador da bancada federal, deputado Fábio Gárcia (PSB), afirmou que é preciso aguardar todo o trâmite do processo, mas garantiu que votará a favor da cassação, caso esse seja o entendimento da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
“Ainda precisamos aguardar o parecer da CCJ e como virá esse parecer para o plenário. Se será pela cassação ou alguma punição. Caso chegue ao plenário o pedido de cassação, com certeza votarei pela cassação”, disse Garcia.
Para o deputado federal Nilson Leitão (PSDB), Cunha perdeu o tempo e o apoio popular e, por isso, também votará pela cassação do peemedebista.
“Ele perdeu o 'time', errou na estratégia. Ele tinha o apoio popular quando iniciou o processo de cassação da presidente Dilma Rousseff (PT). Se ele renunciasse logo após a abertura do processo de impeachment, ele não correria o risco de cassação. Mas decidiu isso só agora. E o processo está em andamento. As provas mostram que ele mentiu na CPI e, por isso, quebrou o decoro parlamentar. Votarei pela cassação”, explicou.
Marcos Lopes/HiperNotícias
Presidente estadual do partido de Cunha, o PMDB, Carlos Bezerra não adiantou o voto e diz que precisa analisar o processo primeiro
Quem também vota pela cassação de Eduardo Cunha é o parlamentar Ságuas Moraes (PT), que exige uma conclusão rápida do processo.
“Nós estamos trabalhando para que ele seja cassado logo. Esse é o processo mais longo da história do parlamento brasileiro. Nove meses e ainda não foi concluído. O Eduardo Cunha tem todos os crimes comprovados contra ele e mesmo assim o processo não avança”, reclamou.
Os deputados Ezequiel Fonseca (PP), Victório Galli (PSC) e até Valtenir Pereira, do mesmo partido que Cunha, o PMDB, também defendem a cassação.
Já o deputado federal Adilton Sachetti (PSB) evitou revelar o seu voto e disse que só se manifestará durante a votação.
“Eu não gosto de falar as coisas antes da decisão. Então, se esse processo chegar ao pleno para votação, analisarei e tomarei a minha decisão. Mas sempre digo que quem fez coisa errada tem que pagar pelo que fez”, finalizou.
Carlos Bezerra, presidente do PMDB em Mato Grosso, disse que vai esperar a conclusão do relatório para tomar sua decisão.
“Eu ainda não tenho uma posição formada. Prefiro aguardar a conclusão das investigações. E quando chegar para votação, vou analisar o processo e tomar a minha decisão”, disse.
RENÚNCIA
Eduardo Cunha renunciou nesta quinta-feira (7) à presidência da Câmara dos Deputados. Horas depois, o deputado apresentou inclusão de pedido em seu recurso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para que o processo pela sua cassação volte ao Conselho de Ética. Ele argumenta que o caso deveria ser revisado, uma vez que agora não é mais presidente.
No requerimento de aditamento entregue à CCJ, Cunha argumenta que "um dos motivos determinantes" que levaram à aprovação de um parecer pela sua cassação foi o fato de que exercia o cargo de presidente e, diante da renúncia, o caso deveria ser reexaminado pelo colegiado.
Eduardo Cunha é réu em duas ações no STF relacionadas ao esquema de corrupção que atuava na Petrobras e alvo de uma terceira denúncia feita pela Procuradoria Geral da República e que ainda será analisada pelos ministros do tribunal.
Em uma das ações, aberta em março, ele é acusado de ter recebido US$ 5 milhões em propina referente a um contrato de um contrato do estaleiro Samsung Heavy Industries com a Petrobras.
Na segunda ação, aceita em junho pelo Supremo, ele responde pelo suposto recebimento e movimentação de propina em contas secretas na Suíça.
A propina teria origem na compra, pela Petrobras, de um campo de petróleo em Benin, na África. O negócio teria rendido R$ 5,2 milhões para Eduardo Cunha.
A terceira denúncia diz respeito ao suposto envolvimento de Cunha em desvios nas obras do Porto Maravilha no Rio de Janeiro. A acusação se baseia nas delações premiadas dos empresários Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior, da Carioca Engenharia.
A defesa contesta todas as acusações e sustenta que "não há indícios minimamente sólidos" das acusações contra o deputado afastado.
Na Câmara, Cunha responde a um processo disciplinar no Conselho de Ética, que aprovou parecer favorável à cassação do seu mandato, sob a acusação de que teria mentido sobre a existência de contas secretas na Suíça.
Cunha nega e diz ser apenas o beneficiário de fundos geridos por trustes (empresas jurídicas para gerir bens). Com a renúncia, o processo, que está na fase de recurso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), segue normalmente.
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.