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Artigos Segunda-feira, 31 de Março de 2014, 15:21 - A | A

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Segunda-feira, 31 de Março de 2014, 15h:21 - A | A

O golpe de 1º de Abril

Foi assim que vi nascer a revolução de mentira, mas o golpe de verdade. Golpe na Constituição, golpe nas instituições, golpe no povo

ADEMAR ADAMS



Divulgação

Acordei naquele 1º de abril de 1964 com a maior gritaria no rádio, pois meu pai sempre ligava o seu potente Jefferson de madrugada, assim que levantava.


Não entendi muito bem o que estava acontecendo, mas quando me preparei para ir à escola, seu Natalício me disse que não haveria aula, pois, tinha “estourado a revolução” e eu deveria pegar meu petiço e ir avisar a diretora da escola, que não deveria estar sabendo da determinação das autoridades.

Cheguei à casa da diretora, que morava no prédio da escola, e passei o recado do meu pai. Ela riu me respondeu: “Mas esse compadre pensa que me engana, querer me atochar um 1º de abril logo cedo...”

Algumas professoras que vinham de outra cidade também tinham visto as pessoas acenar e gritar para elas que não haveria aula, mas elas também pensaram que era 1º de abril.

Peguei meu pingo fui indo embora meio chateado. Mas logo olhei para trás e vi a turma voltando para casa. Ah! Meu pai estava certo...

Foi assim que vi nascer a revolução de mentira, mas o golpe de verdade. Golpe na Constituição, golpe nas instituições, golpe no povo.

Ao declarar vaga a Presidência da República, no meio da madrugada, numa sessão ilegal, o senador Moura Andrade fez o papel sujo de congressista sabujo, dando fumos de legalidade ao golpe militar.

O aparato militar do presidente desmoronou com ministro da Guerra hospitalizado e com as traições, como a do seu chefe do estado maior, Castelo Branco e do comandante do IIº Exército, general Amauri Kruel, amigo e compadre de Jango.

Leonel Brizola ainda pediu a Jango que o nomeasse ministro da Justiça para ele articular a resistência civil e o general Ladário Teles para, como ministro da Guerra, organizar o aparato militar com os oficiais nacionalistas. O presidente não queria derramamento de sangue no Brasil e partiu para um longo exílio, do qual não voltou vivo e teria sido envenenado por ordem dos militares.

Quem fala que João Goulart seria um homem fraco e despreparado, desconhece a história e faz o jogo dos golpistas que tinham medo de uma reeleição dele ou a eleição de Leonel Brizola.

Jango foi vice-presidente de Juscelino, eleito com mais votos que este, e depois reeleito vice de Jânio Quadros. Fora Ministro do Trabalho de Getúlio Vargas e deputado federal. Logo, conhecia o governo por dentro. Tinha sido um grande negociador com os sindicatos e era respeitado por ser um político de palavra.

E é certo que se as reformas propostas por Jango e reafirmadas no comício da Central do Brasil, fossem implementadas, o povo iria querer a continuidade do governo nas mãos do PTB.

Como dizia Brizola, Jango foi retirado do governo muito mais por seus acertos que por seus erros. A elite latifundiária e os sanguessugas associados às multinacionais não queriam a continuidade de um governo popular e disposto a mudar o cruel modelo econômico concentrador de renda.

Fazendeiro e habilidoso negociador de gado, Jango era um homem muito rico, mas tomava chimarrão com os peões, conversava com os trabalhadores, conhecia a vida dos pobres. Jamais houve qualquer acusação de improbidade contra ele.

Derrubado o presidente, os milicos começaram devagar, com a fala mansa do general Castelo, garantindo as eleições de 1965. Mas foram tomando gosto, com o próprio general cearense prorrogando seu mandato por um ano. Depois acabaram com as eleições e os presidentes passaram a ser escolhidos pela cúpula militar.

De golpe em golpe, chegou-se em 1968 ao Ato Institucional nº 5, instrumento que dava ao general de plantão, mais poder que teve o imperador Pedro II.

Os líderes da oposição foram cassados, banidos ou assassinados. Os líderes populares presos, torturados e mortos. As instituições dominadas pelos piores bajuladores e alcagüetes. A imprensa censurada e comprada.

A economia fraudada em falso milagre que de um lado entregou os melhores negócios ao capital externo especulativo e de outro nos legou um dívida que até hoje suga quase metade dos recursos orçamentários da União.

E ainda tem gente que diz ter saudades dos militares, ou um cara de pau como Célio Borja, que serviu tanto à ditadura, quanto a Sarney e Collor, que veio dizer que era um governo forte, mas não ditadura.

Mas o pior legado dessa noite de 21 anos de autoritarismo são políticos e o modelo político que nos restou. Qualquer reforma que não começar pela reforma política vai fracassar, e vamos seguir até o dia que o povo na rua vai fazer a verdadeira revolução.

* ADEMAR ADAMS é jornalista e servidor do TRT/MT

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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Joseline 07/04/2014

Se as pessoas estudassem um pouco não fariam comentários tão idiotas!!!! Janio Quadros não tinha intenção de renunciar!!!! Por favor senhor Carlos Nunes!!! Conhecer um pouco da história do próprio pais é interessante!!!! Se quiser tenho ótimas indicações de obras que discutem sobre o tema!!!!! Parabéns Ademar pelo ótimo artigo!!!!

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Carlos Nunes 31/03/2014

E tudo isso seria evitado se...Jânio Quadros, que havia prometido em varrer o país da corrupção, não tivesse amarelado e renunciado. O que o Brasil precisava era só de um homem honesto, e o Jânio era. Se pretendia renunciar devia ter deixado o outro candidato, o Marechal Lot, ganhar a eleição - pelo menos o processo democrático continuaria; e Regime Militar nunca surgiria. Nessa época, assisti um discurso do Marechal Lot, aqui na sede do PSD, na Rua 7 de Setembro. Era muito patriota, gostava do Brasil, e do povo brasileiro. Falando em gente honesta, HOJE o melhor candidato a presidente da república seria o Doutor Joaquim Barbosa, pois o maior problema brasileiro é CORRUPÇÃO E IMPUNIDADE. Duvido que, com o Doutor Barbosa, na presidência, algum partido ia até ao Palácio do Planalto, fazer acordos, acordinhos, ou acordões. Não iam de jeito nenhum.

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2 comentários

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