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Política Domingo, 30 de Novembro de 2025, 18:02 - A | A

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Domingo, 30 de Novembro de 2025, 18h:02 - A | A

CADA CHAVE, UM RECOMEÇO

Do aluguel à casa própria: o impacto do SER Família Habitação em Mato Grosso

Iniciativa já beneficiou 15,3 mil famílias, movimentou a construção civil e se tornou referência em moradia digna

CAMILA RIBEIRO E RAYNNA NICOLAS
Da Redação

“Essa casa foi como um abraço. Um abraço numa mãe”, diz a analista de estoque Ianca Ferreira, 27 anos. Ela é uma das 15.346 famílias já contempladas pelo SER Família Habitação, somando as 588 unidades gratuitas da Faixa Zero às 14.758 famílias beneficiadas com subsídio estadual.

HNT

Citação Ianca

Arte: Raynna Nicolas.

A casa própria de Ianca, em Cuiabá, tem entrega prevista para fevereiro de 2026, mas a aprovação no programa já mudou sua trajetória: ela será a primeira da família a ter o nome em uma escritura e, enfim, deixar para trás a instabilidade do aluguel dividido com a avó materna.

Mas a história da Ianca revela apenas uma das faces do maior programa habitacional da história recente de Mato Grosso. Além de garantir moradia digna às famílias de baixa renda, o SER Família Habitação se tornou um motor econômico que movimenta incorporadoras, imobiliárias, comércio e toda a cadeia da construção civil.

É o que explica Marco Pessoz, presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-MT): “[O programa] foi um movimento que veio ajudar realmente as famílias mais necessitadas, que precisam de moradia de qualidade. E isso faz o mercado da construção civil crescer e, consequentemente, a indústria imobiliária como um todo”, diz.

“Quando você entrega um imóvel, muitas vezes a família precisa comprar equipamentos, decorar, reformar, adquirir utensílios novos. Cada imóvel exige um investimento, e são valores que giram na economia do Estado, das cidades e dos municípios. Isso traz uma repercussão muito importante para o setor”, complementa.

Com mais de R$ 404 milhões investidos, o SER Família Habitação passou a erguer muito mais do que paredes. O programa ativa incorporadoras, abre vagas na construção, põe novos empreendimentos em curso e mantém aquecido todo um mercado que encontra, na expansão da moradia digna, um novo fôlego para se desenvolver.

É nesse cruzamento entre a conquista do lar e o impulso dado à economia que o SER Família Habitação mostra sua dimensão: uma política capaz de transformar vidas enquanto movimenta a estrutura que sustenta o setor imobiliário de Mato Grosso.

A HISTÓRIA DE IANCA

Mãe solo do pequeno Kauan Rodrigues, de quatro anos, Ianca Ferreira sempre esbarrou na mesma barreira que impede milhares de famílias brasileiras de realizarem o sonho da casa própria: um salário fixo que não permite juntar os recursos necessários para dar entrada em um financiamento.

Ela conheceu o SER Família Habitação pelas redes sociais e decidiu fazer a inscrição imediatamente. O processo foi rápido: cerca de um mês depois, já estava assinando o contrato. Ianca foi contemplada com um subsídio de R$ 20 mil, valor que, com o salário de analista de estoque, levaria três a quatro anos para juntar.

“Juntar R$ 20 mil para dar de entrada não é fácil. Eu demoraria três, quatro anos para juntar esse dinheiro. E consegui isso em um mês com o SER Família Habitação”, relata.

A reportagem do HNT conversou com a analista em um decorado. O cantinho preferido de Ianca foi o quarto que, por coincidência, foi projetado para uma família com dois filhos. Olhar para os brinquedos e os carrinhos em cima da mesa, automaticamente, a faz imaginar como será proporcionar ao filho essa experiência.

“O meu filho é a minha vida, é o meu tudo. Quero fazer de tudo para ele ser feliz. Essa casa veio como um abraço. Um abraço de uma mãe. Quando eu morrer, ele vai saber que foi algo que eu deixei para ele”, afirma.

O valor das parcelas também pesou na decisão. Segundo ela, o financiamento se encaixa na renda mensal sem comprometer as contas da casa.

 “Ficou super tranquilo. Mesmo sendo CLT, nunca atrasei conta. Continuo pagando tudo certinho. É muito acessível para quem trabalha como eu”.

Para o corretor Fábio Peixoto, que intermediou a compra, o SER Família não só facilitou aprovações como também proporcionou aos profissionais do setor a chance de presenciar a realização de um dos maiores sonhos dos brasileiros.

“Por trás de uma aprovação existe muito mais do que números. Tem um sonho, uma história, uma esperança que acompanha a pessoa pela vida inteira. Ver alguém assinando contrato, fazendo vistoria ou recebendo a chave é uma alegria imensa. Mais de 80% dos brasileiros sonham com a casa própria e participar disso não tem preço.”

COMO FUNCIONA

O SER Família Habitação é um programa permanente do Governo de Mato Grosso, ou seja, não se encerra com a atual gestão. Homologado pelo Decreto nº 1.398, de 24 de maio de 2022, ele se consolidou como a maior política habitacional do Estado, somando 15.346 famílias beneficiadas até novembro de 2025: 588 pela modalidade Faixa Zero e 14.758 contempladas com subsídio estadual nas faixas 1, 2, 3 e 4.

A Faixa Zero é voltada a famílias com renda per capita de até R$ 218, que recebem o imóvel de forma totalmente gratuita, sem entrada e sem qualquer parcela. Essa modalidade é executada pela Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania (Setasc-MT) em parceria com a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT), e depende de inscrição via Município.

Montagem

arquivo corrigido

Arte: Raynna Nicolas.

Para participar, é necessário comprovar residência mínima de cinco anos na cidade, ter mais de 18 anos e não ser atendido por outro programa habitacional. Até agora, 79 prefeituras aderiram a essa modalidade do SER Família Habitação.

O primeiro empreendimento da Faixa Zero foi entregue em Novo São Joaquim, em novembro de 2023, com 50 casas destinadas a famílias em vulnerabilidade.

Já as faixas 1, 2, 3 e 4 atendem diferentes perfis de renda e oferecem subsídios que podem chegar a R$ 35 mil. As ações são coordenadas pela MT Participações e Projetos (MT Par).

Em 2022, o Residencial Águas do Cerrado, em Lucas do Rio Verde, tornou-se o primeiro empreendimento a contar com o subsídio estadual. As inscrições são realizadas pelo Sistema Habitacional de Mato Grosso, o SiHabMT.

Montagem.

faixa zero

Arte: Raynna Nicolas.

O OLHAR DE VIRGINIA MENDES

O SER Família Habitação nasceu de uma inquietação antiga da primeira-dama Virginia Mendes: a percepção de que a casa própria é mais do que um patrimônio: é estabilidade, segurança e dignidade. Parte dessa visão vem da própria infância, quando ela viveu em casas cedidas pela antiga Cemat, onde seu pai trabalhava. Ali, ainda criança, Virginia entendeu o peso que um lar seguro exerce sobre uma família.

“A casa própria é respeito e dignidade, e antes mesmo de ter a minha, eu já sonhava muito com isso”, relembra.

Com o tempo, as viagens por Mato Grosso tornaram esse sentimento ainda mais urgente. Em cada cidade, Virginia encontrava famílias vivendo em vulnerabilidade profunda, muitas delas obrigadas a escolher entre pagar aluguel ou colocar comida na mesa. A partir dessas observações, começaram as articulações para estruturar um programa capaz de atender realidades diferentes: da Faixa Zero às famílias que só precisavam de um impulso para sair do aluguel.

Reprodução/HNT

citação virginia

Arte: Raynna Nicolas.

Os primeiros resultados concretos dessa articulação foram vistos em 2022, quando as primeiras famílias do Residencial Águas do Cerrado, em Lucas do Rio Verde, foram contempladas com subsídios estaduais para custear a entrada de seus imóveis. O empreendimento se tornou o marco inicial da modalidade que atende as faixas 1, 2, 3 e 4, oferecendo suporte financeiro direto para facilitar a compra da primeira casa.

Paralelamente, o Estado trabalhava para viabilizar a modalidade mais sensível do programa: a Faixa Zero, destinada a famílias com renda per capita de até R$ 218, que recebem o imóvel totalmente gratuito. Enquanto as primeiras famílias subsidiadas assinavam seus contratos em 2022, o governo auxiliava na construção das primeiras unidades gratuitas.

Esse esforço culminou em novembro de 2023, quando Novo São Joaquim se tornou o primeiro município a receber um empreendimento da Faixa Zero, com 50 casas entregues a famílias em extrema vulnerabilidade.

 

Unaf/João Pessôa

VIRGINIA MENDES

Virginia Mendes, primeira-dama de MT e idealizadora do SER Família Habitação.

“Essas famílias não têm custo nenhum, porque doar dignidade é um dever do Estado. E eu sempre digo: ninguém faz nada sozinho. Esse programa só existe graças a tantas mãos que caminham comigo, sonhando o mesmo sonho de transformar vidas”, ressalta Virginia Mendes.

Desde então, 588 casas gratuitas já foram entregues, sempre em cerimônias marcadas pela emoção.

“O que mais me emociona é ver o olhar de alívio e esperança. Cada chave representa um recomeço seguro, um lar onde crianças vão crescer com alegria. É um gesto simples, mas que carrega um significado enorme”, afirma a primeira-dama.

Com a Faixa Zero consolidada e os subsídios avançando para mais municípios, o governo passou a ampliar as modalidades, com apoios que podem chegar a R$ 35 mil. A intenção é alcançar também as famílias que, mesmo com renda maior, não conseguem romper a barreira da entrada no financiamento.

“A realidade de muitas famílias exige diferentes formas de cuidado e acesso à moradia. Esse suporte torna o sonho da casa própria mais acessível, justo e possível para quem luta todos os dias por uma vida melhor”, defende Virginia.

LEGADO PARA O SETOR IMOBILIÁRIO

MT Par

empreendimento ser familia

Empreendimento com subsídio do SER Família Habitação.

O investimento público destinado ao SER Família Habitação não se limita à entrega de moradias. O recurso entra diretamente nas incorporadoras como capital de giro, viabilizando a compra de áreas, o lançamento de novos residenciais e a ampliação de frentes de obra em todo o Estado. A partir desse movimento inicial, forma-se um ecossistema econômico que se expande em várias direções: abertura de vagas na construção civil, contratação de serviços, compra de insumos, aumento da demanda por mão de obra e fortalecimento das imobiliárias.

O setor responde rápido quando há previsibilidade e, segundo empresas e sindicatos, foi exatamente isso que o programa proporcionou. O subsídio estadual e as entregas da Faixa Zero criaram um ambiente de confiança para o mercado, estimulando novos negócios e aquecendo regiões classificadas como áreas de expansão urbana, onde os terrenos ainda possuem valores que permitem viabilidade financeira.

Marco Pessoz explica que o ambiente criado pelo programa fez com que incorporadoras especializadas em habitação popular passassem a disputar terrenos para atender à nova demanda:

Cada obra ativa um ciclo virtuoso de geração de renda, empregos e tributos.

“Essas incorporadoras que têm expertise nesses programas estão desesperadas atrás de áreas para aproveitar esse momento muito propício para o setor. O mercado está favorável, e elas estão muito atentas. Quando aparece uma oportunidade, fecham rápido e já aceleram para entregar o mais rápido possível”, conta.

Segundo ele, esse comportamento não se limita às grandes empresas, mas abrange também várias incorporadoras menores que brigam por grandes áreas para lançar empreendimentos dentro do perfil do programa.

Essa corrida por terrenos ocorre principalmente nas regiões periféricas e de expansão urbana, onde antigas fazendas transformadas em bairros oferecem espaço e preço compatíveis com as regras do Minha Casa Minha Vida e do SER Família Habitação.

“Em áreas muito próximas ao centro, a conta não fecha. Mas nessas regiões de expansão urbana, o programa consegue se instalar com qualidade, ajudando a reduzir o déficit habitacional e impulsionando a produção”, explica.

Questionado se o programa deixa um legado para o mercado imobiliário de Mato Grosso, o presidente do Sindicato de Habitação é categórico: “com certeza”. Para ele, o resultado do programa é um ciclo que favorece toda a cadeia produtiva.

“O setor precisa dessa movimentação. São milhares de casas sendo construídas e milhares de pessoas contratadas para erguer esses empreendimentos. Cada obra ativa um ciclo virtuoso de geração de renda, empregos e tributos. O apoio do governo retorna para o próprio Estado em forma de arrecadação. É um trabalho muito positivo e que precisa continuar”, finaliza.

A VISÃO DAS INCORPORADORAS

Camila Ribeiro

cesar santos MRV

César Santos, gerente comercial MRV.

O SER Família Habitação também provocou reflexos diretos no ritmo de produção das incorporadoras. Segundo o gerente comercial da MRV, César Santos, o programa impulsionou o volume de lançamentos da empresa em Mato Grosso. Nos últimos três anos, foram cinco empreendimentos, somando 1,7 mil unidades. Para os próximos três anos, a previsão é dobrar esse número.

O principal fator para esse avanço é o subsídio estadual, que cobre o valor da entrada e elimina a inadimplência inicial dos compradores. “A MRV tentava facilitar a entrada, dividia o sinal, parcelava, mas isso ainda pesava no orçamento da família. Por mais que a gente dividisse em 60 ou 70 vezes, continuava sendo um valor alto. Com o subsídio, o cliente consegue tomar a decisão de sair do aluguel e comprar o imóvel”, explica.

 Aqui, a família procura e sabe que o recurso vai estar disponível. Isso faz toda a diferença

Os empreendimentos da MRV se concentram em famílias com renda de até R$ 4,5 mil. Os imóveis, entre R$ 200 mil e R$ 400 mil, têm no máximo dois quartos. O desenho das plantas é pensado para manter o preço final acessível. “Nossos empreendimentos já são planejados para atender os programas. Vendemos pensando nessa faixa da população. E houve um plus nas construções: já temos unidades com suíte e até varanda com churrasqueira”, afirma.

O público atendido é majoritariamente composto por famílias que querem sair do aluguel. “Cerca de 90% do que a gente vende é para quem vai realmente morar. Uma pequena parcela compra para investir”, observa o gestor.

Para ele, o SER Família Habitação se tornou referência entre os estados pelo modelo de repasse seguro às construtoras, sem atrasos. 

"Posso dizer que o SER Família Habitação, se não for o melhor programa de subsídio habitacional do país, está entre os melhores. O diferencial é que o governo já aportou os recursos. Aqui, a família procura e sabe que o recurso vai estar disponível. Isso faz toda a diferença", garante César.

Essa previsibilidade, somada ao bom momento econômico de Mato Grosso, tem atraído grupos de fora para investir em Cuiabá e Várzea Grande. “O Estado passa por um momento econômico muito bom. Com mais dinheiro circulando, mais pessoas conseguem fugir do aluguel e buscar o primeiro imóvel”, conclui.

O FUTURO E OS DESAFIOS

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 Ianca Ferreira, 27 anos, beneficiária do SER Família Habitação.

Em fevereiro de 2026, Ianca Ferreira deve finalmente abrir a porta do novo capítulo da própria vida. A futura casa dela e do pequeno Kauan será no Condomínio Villaggio Violetas, no bairro Pedra 90. O lote tem 133 m², com 47 m² de área construída, dois quartos, cozinha integrada à sala, banheiro e um quintal com espaço para churrasqueira.

As obras estão na reta final e a incorporadora Ecovita, responsável pelo empreendimento, já convocou Ianca para a etapa de vistoria, um dos últimos passos antes de transformar em realidade um sonho que, por muitos anos, pareceu quase impossível.

Mas a conquista de Ianca ainda não é a realidade de todos. Apesar dos avanços, Mato Grosso convive com um déficit de 50 mil moradias, segundo o Secovi-MT. O número ajuda a dimensionar a urgência do tema: mesmo com as 15.346 famílias já contempladas, a demanda reprimida continua alta e

Montagem.

citação virginia

Arte: Raynna Nicolas.

exige políticas permanentes, consistentes e com capacidade de expansão.

O SER Família Habitação avança nessa direção. As entregas já realizadas, somadas aos subsídios e aos empreendimentos em andamento, mostram que o programa começa a ganhar escala em diferentes regiões do Estado. Em muitos municípios, ele representa o primeiro investimento consistente em habitação popular dos últimos anos, oferecendo à população de baixa renda uma alternativa real ao aluguel e à moradia precária.

Determinada a ampliar o alcance do programa, a primeira-dama Virginia Mendes trabalha para que a iniciativa chegue aos 142 municípios de Mato Grosso.

“Eu sonho em ver o programa chegando ainda mais longe, alcançando mais jovens, mães solo, idosos, famílias e tantos outros que esperam por essa oportunidade. O capítulo que ainda falta escrever é o da ampliação: levar o SER Família Habitação para onde ainda não chegamos, sempre com amor, cuidado e respeito. Esse é o sonho que permanece vivo no meu coração”.

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Luiz 01/12/2025

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