Hugo Dias/HiperNotícias |
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De forma semelhante, a violência política também está presente desde as lutas pela independência do jugo colonial europeu, marcadamente nas lutas contra as potências dominantes da época como Portugal, Espanha como também outros países que em alguns momentos pretenderam ocupar territórios da região como Holanda e França.
Concluído o processo de independência ocorreram várias guerras entre países do continente, tanto na América do Sul quanto Central, em relação à demarcação de fronteiras e consolidação dos espaços territoriais nacionais, cabendo destaque às guerras entre México e Estados Unidos, onde o primeiro acabou perdendo quase 40% de seu antigo território, à Guerra do Paraguai, envolvendo aquele país, mais o Brasil e Argentina; a Guerra do Chaco, entre Bolívia e Paraguai; a Guerra entre Bolívia à disputa pelo Acre.
De forma semelhante inúmeros conflitos violentos ocorreram na América Central como a independência do Panamá que era parte do território da Colômbia, as guerras entre praticamente todos os países da América Central. Alguns desses conflitos ainda estão presentes nos dias e hoje como entre Honduras e El Salvador que disputam territórios marítimos.
Além desses conflitos e guerras entre países, também a violência política e ideológica permearam e tem permeado a vida de praticamente todos os países, com lutas fratricidas, algumas estimuladas e apoiadas por países de fora da região, como no período da Guerra Fria, quando revoluções violentas acabaram derrubando ditaduras como de Batista em Cuba, dos Somosas na Nicarágua, dos Duvaliês no Haiti, as guerrilhas na Bolívia, no Peru, na Colômbia.
Outra forma de violência política foram os golpes de estado, liderados por militares de conotação ideológica, ocorridos principalmente nas décadas de 60 e 70, que derrubaram governantes civis eleitos democraticamente e acabaram alimentando um processo de extrema violência em praticamente todos os países da América do Sul e Central, onde tanto a tortura de presos políticos quanto o surgimento de guerrilhas urbanas e rurais dizimaram dezenas de milhares de pessoas e ao mesmo tempo contribuíram para um clima de insegurança e medo.
Concluído o processo de “retorno” à democracia, praticamente todos os países do continente estão se defrontando com uma nova forma de violência, presente principalmente no meio urbano, inicialmente nas grandes cidades e metrópoles, mas que de forma rápida se espalha pelas pequenas e médias cidades e também atinge o meio rural.
Esta nova forma de violência está relacionada com o narcotráfico, ao tráfico de armas e ao crime organizado que pode ser considerado atualmente o quarto poder no continente, inclusive no Brasil, identificado pela demarcação de territórios, uma luta violenta pelo domínio dos mesmos e a presença de uma relação promíscua entre agentes públicos, incluindo policiais, servidores públicos e governantes, inclusive representantes eleitos ou que ocupam cargos na alta hierarquia política e administrativa.
A corrupção é o combustível que move esta grande engrenagem, onde a figura das quadrilhas de colarinho branco dentro dos aparelhos de Estado, dá apoio e participa de atividades criminosas incluindo a contravenção, os sistemas eleitoral, judicial, penitenciário, o contrabando, a sonegação fiscal e os processos licitatórios de obras e serviços públicos.
É neste contexto que devemos analisar relatórios, estudos e pesquisas de organismos internacionais e nacionais, para que a questão da violência na América Latina não seja vista apenas a partir de alguns de suas manifestações mais diretas. É preciso ir mais a fundo neste imbróglio entre violência, insegurança, ação ou omissão dos poderes constituídos, a quem cabe a primazia na definição de políticas públicas mais efetivas para superarmos um desafio que só nos últimos dez anos ceifou a vida de mais de dois milhões de pessoas na América, das quais 526.671 assassinatos e 327.242 mortes em acidentes de trânsito só no Brasil, totalizando 853.913 vítimas em nosso país.
É por isto que a América Latina e também o Brasil lideram o “ranking” da violência no mundo. Será que nossos candidatos que estão sempre ávidos para ocuparem ou permanecerem nas estruturas do poder estão realmente preocupados com esta realidade ou apenas continuam com seus discursos demagógicos próprios dos períodos eleitorais? Com a palavra o leitor o eleitor!
*JUACY DA SIVA é professor universitário, titular e aposentado da UFMT, mestre em sociologia. Email [email protected] Blog http://www.professorjuacy.blogspot.com/ Twitter@profjuacy
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