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Artigos Quinta-feira, 18 de Outubro de 2012, 13:57 - A | A

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Quinta-feira, 18 de Outubro de 2012, 13h:57 - A | A

Sem o trem da Ferronorte em Cuiabá não há...

O trem da Ferronorte e o trem urbano VLT são, de longe, as duas maiores obras da História de Mato Grosso, estratégicas para os próximos 50 anos. O seu megatamanho se deve tanto à sua importância, quanto ao volume de recursos públicos necessários,

SERYS MARLY SLHESSARENKO

Divulgação

O trem da Ferronorte e o trem urbano VLT são, de longe, as duas maiores obras da História de Mato Grosso, estratégicas para os próximos 50 anos. O seu megatamanho se deve tanto à sua importância, quanto ao volume de recursos públicos necessários, profundamente impactantes na vida de todos nós mato-grossenses, sobretudo nós cuiabanos. São cifras que chegam à casa dos bilhões. Muitos bilhões!

VLTrem é um neologismo para mostrar a importância e a interrelação do TREM com o VLT!!! A paixão que nos move em direção a estes assuntos deve ter em contrapartida uma dose triplicada de responsabilidade.

GASTOS BILIONÁRIOS SERÃO NECESSARIAMENTE FEITOS NESSES DOIS PROJETOS E NAS OBRAS DA COPA 2014. Décadas de orçamento federal, estadual e municipal estão comprometidos. De onde sairão os recursos para arcar com investimentos de tal envergadura? E como fazer isso sem comprometer outras áreas fundamentais, como educação, saúde, saneamento, meio ambiente, cultura, energia, estradas, segurança e incentivos econômicos?

Ora!!! O VLT, que sem dúvida alguma, mudará o perfil de mobilidade na Região Metropolitana Cuiabá-Várzea Grande, demandará custos bilionários em seu financiamento, manutenção e subsídios das passagens. O sistema deverá ainda ser integrado aos ônibus convencionais, micro-ônibus e talvez a um ou mais BRT’s Regionais. Também terão de ser inclusas as gratuidades, necessariamente diluídas nas planilhas de custo. O VLT, em princípio, terá como “fonte de recursos” as passagens pagas, o que dará conta, pelo menos nas primeiras décadas, apenas da manutenção do sistema e do lucro das operadoras. E o restante, como ficará? Serão duas ou três gerações envolvidas neste empreendimento. Não é razoável acreditar no número colocado por técnicos a serviço do governo, que falam em custos da passagem do VLT em R$ 1,70. Absurdo! O custo será muito maior.

O trem da Ferronorte chegando a Cuiabá, projeto histórico da República Federativa do Brasil, reafirmado por LULA em seu primeiro governo e confirmado por DILMA quando ainda ministra, redimensionará a economia mato-grossense e também a cuiabana, confirmando nossa tendência presente de recordes de crescimento, reforçando-a para o futuro. Serão bilhões poupados em custos de transportes, que em grande parte poderão ser usados também para pagar os investimentos do legado da Copa 2014, entre outros.

Portanto, o Trem da Ferronorte é necessário para custear o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Não é preciso ser economista para concluir que todos os custos do VLT e da Copa 2014 terão de ser honrados pelo dinheiro do contribuinte, sendo necessárias “fontes de recursos” volumosas e duradouras.


Está na imprensa que o Trem da Ferronorte não chegará a Cuiabá. O recém lançado Programa de Investimentos em Logística do Governo Dilma, que prevê investimentos em ferrovias no valor de R$ 56 bilhões em cinco anos e de mais R$ 35 bilhões em 25 anos (totalizando R$ 91 bi em 30 anos), simplesmente exclui o trecho Rondonópolis-Cuiabá, e cria uma nova ferrovia, a FICO (Ferrovias do Centro-Oeste), partindo de Lucas do Rio Verde rumo a Goiás, chegando aos portos do Sudeste. Tanto a FICO quanto a Ferronorte são importantes na construção de uma integrada malha ferroviária em nosso estado. No entanto o que não podemos aceitar é o fato de cerca de 600 km em solo mato-grossense, com Cuiabá no meio, ficar sem ferrovia; algo similar à distância entre Cuiabá e Campo Grande que é de 700 km. Do ponto de vista econômico, significa que os produtos que saem e chegam à Baixada Cuiabana e à Planície Pantaneira (maior centro consumidor do estado), continuarão dependentes do transporte rodoviário, aumentando custos e tempo de transporte, diminuindo assim nossa competitividade.

Porém, o mais grave, e é só observar no mapa os novos traçados propostos, é que do ponto de vista geopolítico o que se enxerga é uma clara divisão econômica de Mato Grosso, excluindo dos trilhos do desenvolvimento a maior parte das nossas mais antigas cidades e mais da metade da nossa gente. Ora, aqui não cabe ingenuidade: uma divisão “econômica” do estado implicará numa fase seguinte à automática divisão territorial, o que o que somos terminantemente contra. Não esqueçamos que o vírus da divisão do estado ainda está presente nas conversas de parcela da classe política, sempre ávida por novos cargos e estruturas públicas de poder.

Um Mato Grosso grande,dividido em dois ou três outros estados menores, implicaria numa quebra de nosso diferencial mercadológico, que é o fato de sermos um estado continental que ocupa o quinto lugar na economia brasileira e que caminha a passos largos para subir no ranking nacional, a partir da logística integrada de estradas, ferrovias e hidrovias. Há ainda que se considerar o novo “boom de desenvolvimento do estado”, a partir da efetivação da exploração mineral em larga escala, e da abertura econômica futura para o restante da América do Sul e a saída para o Oceano Pacífico e a Ásia. Importante destacar que tamanho econômico significa peso político para os necessários enfrentamentos e conquistas no conturbado e não bem resolvido “Pacto Federativo Brasileiro”.

Uma divisão de Mato Grosso, com uma exclusão ferroviária de Cuiabá, Várzea Grande, Cáceres e muitas outras cidades históricas significa, na prática, que a região mais populosa será excluída do novo ou “novos modelos” de desenvolvimento do estado e do Brasil. O nortão ficará com a “economia competitiva”, com a maior e melhor parte dos investimentos no transporte. Nós ficaremos com a economia empobrecida, com a logística do século passado, com as bilionárias despesas da Copa do Pantanal de 2014 e com todas as outras dívidas contraídas pelo velho estado. Para refrescar a memória, vale lembrar da divisão do estado na década de 70 e dos acordos não cumpridos pela União, como o ‘falecido’ Programa de Desenvolvimento de Mato Grosso (Promat).


Sou cuiabana de coração... Tenho filhos e netos cuiabanos. Aqui descansam em paz meus queridos pais. Amo Cuiabá e quero o Trem aqui, em Cuiabá. Vamos à luta!!

SERYS MARLY SLHESSARENKO foi deputada estadual e senadora da República por Mato Grosso pelo PT.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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