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Artigos Quinta-feira, 14 de Agosto de 2025, 11:15 - A | A

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Quinta-feira, 14 de Agosto de 2025, 11h:15 - A | A

RODRIGO MENDES

O povo só aprova aquilo que vê

RODRIGO MENDES

O Instituto Opus realizou um estudo que confirma: quanto mais a população consegue lembrar de algum programa, ação ou realização do governo, maior a tendência de avaliar o governo como “ótimo” ou “bom”, ou seja, aprovar a gestão. Em resumo: recall = aprovação; ausência de recall = reprovação. 

Essa constatação se enquadra na expressão criada pelo escritor brasileiro Nelson Rodrigues: o “Óbvio Ululante”. Ela é usada para descrever algo extremamente evidente — tão óbvio que chega a ser gritante. A palavra “ululante” intensifica o óbvio, sugerindo um grito ou clamor que revela a clareza da situação. A expressão surgiu em suas crônicas para comentar fatos ou verdades que, embora evidentes, eram frequentemente ignorados ou negligenciados. 

É uma forma de apontar o óbvio que, por alguma razão, não está sendo percebido ou reconhecido por muitos administradores públicos: presidentes, governadores e prefeitos de plantão. E vale também para quem exerce mandato legislativo, como deputados e vereadores. 

O Instituto Opus mostrou, no estudo — considerando centenas de avaliações de gestões municipais —, que, entre os que sabem citar uma obra, ação ou programa do governo, o índice de avaliação “ótimo” ou “bom” é de 57%. Já entre os que não sabem citar nada, esse índice cai para 29%. Uma diferença de 28 pontos percentuais. Isso confirma a assertiva: se a pessoa sabe dizer algo que o governo fez, tende a avaliar positivamente. Se não sabe, tende a avaliar como “regular” ou a reprovar. 

Nada muito diferente do que acontece com o governo do presidente Lula hoje. Em outros termos: mais um “óbvio ululante”. Quem se comunica e constrói a marca da sua gestão é aprovado; quem não se comunica, tende à reprovação. O objetivo da comunicação é deixar uma mensagem firmemente gravada na mente do público. 

O que boa parte dos gestores públicos tem dificuldade de entender é que comunicação é investimento, não gasto. Quantos prefeitos ou governadores já não disseram algo como:

— É muito dinheiro para comunicação. Com esse valor, consigo construir tantas casas populares, abrir uma nova unidade de saúde ou criar tantas vagas em creches. 

Acontece que de nada adianta construir casas, erguer uma UBS ou criar vagas na creche se a população não ficar sabendo. Não basta fazer: é preciso dizer que fez. Quem não se comunica é como se nada fizesse. Simples assim. Óbvio assim. 

A comunicação é o instrumento que dá visibilidade à ação do governo; é o que torna a realização comum a todos. Se as ações do governo não forem comunicadas adequadamente, podem acontecer várias coisas: 

• a população não fica sabendo; 

• apenas uma parte fica sabendo; 

• uma parte até fica sabendo, mas não atribui valor à ação; 

• a ação não agrega valor à gestão; 

• a realização não se soma ao conceito ou à marca do governo. 

O mais impressionante é que diversas pesquisas de opinião já confirmaram que a população deseja — e exige — que o governante invista em comunicação. Só assim o cidadão pode saber onde o governo está aplicando o dinheiro pago via impostos. É a população pedindo o básico, algo previsto na Constituição brasileira: publicidade e transparência. Ou seja, prestação de contas. 

O que é o “óbvio ululante”? É o óbvio que se impõe, que não pode ser ignorado. Por que será que gestores públicos insistem em não enxergar o óbvio? Quem comunica bem consegue aprovação. Quem não comunica, é reprovado. Parece simples. Então por que a realidade destoa tanto? 

Seguindo nas obviedades: quem é aprovado tem muito mais facilidade para se reeleger ou fazer seu sucessor. A comunicação feita de forma estratégica, que constrói uma marca para a gestão, inicia um processo de longo prazo que leva à formação de uma opinião favorável (aprovação) e, mais tarde, influencia positivamente a decisão do voto. Resumindo: aprovação = voto; reprovação = desejo de mudança. 

É até constrangedor, de tão evidente que é.   

(*) RODRIGO MENDES é Publicitário, sociólogo e cientista político, especialista em marketing e mestre em Ciência Política pela UFMG. Foi professor da pós-graduação em Marketing Político – UFMG, assessor de marketing da Prefeitura de Belo Horizonte e secretário de Comunicação do Mato Grosso do Sul. Consultor dos governos de Alagoas e Sergipe e das Assembleias Legislativas de MG e PB. Atuou como consultor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de 2004 a 2010, sendo responsável pela campanha Vota Brasil. Participou de mais de 62 campanhas eleitorais em todo o Brasil. Autor dos livros Marketing Político: O Poder da Estratégia nas Campanhas Eleitorais e coautor de Marketing Eleitoral: Aprendendo com Campanhas Municipais Vitoriosas, além do e-book Novas Estratégias Eleitorais para um Novo Ambiente Político. 
 

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