O cenário econômico global de 2025 mostra uma das maiores desacelerações do crescimento desde a grave crise financeira de 2008. O ano será lembrado pelas turbulências no comércio internacional, incertezas geopolíticas e avanço da China na cena geoeconômica mundial.
Segundo o relatório “Perspectivas Econômicas Globais”, do Banco Mundial, a economia global deve crescer apenas 2,3% neste ano. As economias mais avançadas registrarão crescimento de 1,2% e as economias emergentes e em desenvolvimento crescerão 3,8%.
As principais razões apontadas no relatório para a freada no ritmo da atividade econômica mundial são a redução das transações comerciais, causadas pela drástica elevação das tarifas alfandegárias impostas pelo governo americano. Na visão dos economistas do Banco Mundial, outro fator que contribuiu para o lento crescimento global foram as incertezas normativas e regulatórias, especialmente nas economias mais desenvolvidas.
Para 2026, as expectativas descritas no mesmo relatório indicam leve recuperação da atividade econômica global com previsão de crescimento acima de 2,5%, puxado pelo bom desempenho de economias emergentes como Índia, China, Indonésia, Vietnam, Coréia do Sul, Brasil.
No cenário doméstico, a economia brasileira vai finalizar 2025 com crescimento do PIB entre 2,3% e 2,5%, taxa de desemprego de 5,4% (Pnad-C/IBGE), inflação de 4,5% (Focus/BC) e taxa de câmbio estável com a relação US$/R$ na casa de 5,40.
A política monetária contracionista do Banco Central, que manteve a taxa básica de juros em 15% ao ano, desaqueceu a atividade no terceiro trimestre. Ao tornar o crédito mais caro, inibiu o consumo das famílias e os investimentos produtivos.
Para 2026, a tendência é de continuidade do ritmo moderado de crescimento de 2025. Estimativas de economistas, analistas financeiros, departamentos econômicos de grandes bancos e agentes econômicos sinalizam crescimento de 2,5% em 2026, inflação tendendo a 4%, leve aumento da taxa de desemprego e queda gradual da taxa básica de juros.
Se a desaceleração da atividade econômica no segundo semestre de 2025 surge como um sinal negativo para o desempenho da economia do país, por outro lado indica que a política monetária do Banco Central produziu os efeitos esperados, criando as condições para a autoridade monetária iniciar o ciclo de redução da taxa básica de juros no primeiro trimestre de 2026. Assim, podemos terminar 2026 com a Selic em 11,75%.
Dois outros fatos também atuarão favoravelmente ao ambiente de negócios: a retirada, pelo governo dos Estados Unidos, das sobretaxas sobre os produtos brasileiros exportados para aquele país e a iminente assinatura do acordo comercial do Mercosul com a União Europeia.
As variáveis-incógnitas que ainda precisam ser decifradas pelo Banco Central são o mercado de trabalho e o setor de serviços que continuam aquecidos, gerando pressão inflacionária. Outro vetor de preocupação serão os efeitos da legislação que isenta de pagamento do imposto de renda pessoas com rendimentos mensais até R$ 5.000,00 e redução para os que ganham de R$ 5.000,00 a R$ 7.350,00. Essa medida, segundo o Ministério da Fazenda, vai injetar R$ 28 bilhões no mercado em 2026. Estimando-se que 25% desse dinheiro serão utilizados para pagamento de dívidas, o restante 75% vão direto para o consumo das famílias, impulsionando o comércio varejista, a indústria e os serviços, mas, em contrapartida, pressionando a inflação.
A economia de Mato Grosso deve prosseguir, em 2026, com o mesmo ritmo forte de crescimento verificado em 2025. O bom desempenho do PIB estadual será suportado pelo mercado de trabalho aquecido (taxa de desemprego de 2%), colheita de mais uma safra exuberante, demandas interna e internacional de produtos agropecuários aquecidas e taxa de investimentos privados acima da média nacional. À guisa de exemplo, apenas a construção da ferrovia Vicente Vuolo na tranche Rondonópolis-Cuiabá-Lucas do Rio Verde emprega atualmente cinco mil operários.
Em 2026 algumas plantas industriais em construção entram em operação, com destaque para as plantas de etanol de milho em diversas regiões do estado.
Estudo econômico do desempenho trimestral da economia de Mato Grosso, produzido pela Secretaria de Estado do Planejamento e Gestão de Mato Grosso (Seplag/MT) estima que o crescimento do PIB estadual em 2025 será acima 12%.
Apenas o efeito estatístico desse desempenho excepcional já garante um bom desempenho para o ano seguinte.
As contas públicas estaduais em equilíbrio e os investimentos públicos em infraestrutura econômica terão papel relevante no desempenho econômico do próximo ano.
Resumo do samba enredo: 2026 será um ano de crescimento mundial baixo, afetado pelas turbulências comerciais e geoeconômicas, desempenho moderado da atividade econômica nacional e crescimento forte da economia mato-grossense.
(*) VIVALDO LOPES é professor, economista e ex-secretário de Fazenda de Cuiabá e de Mato Grosso.
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