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Artigos Quinta-feira, 13 de Setembro de 2012, 10:54 - A | A

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Quinta-feira, 13 de Setembro de 2012, 10h:54 - A | A

Especial Soja Brasil (Safra americana – final)

Chegamos ao fim do nosso trajeto com a sensação de missão cumprida. Percorremos mais de três mil quilômetros, quando passamos pelos cinco estados americanos que respondem por mais de 50% da produção de soja e milho dos EUA. Na maioria das vezes fomos

GLAUBER SILVEIRA

Divulgação

Chegamos ao fim do nosso trajeto com a sensação de missão cumprida. Percorremos mais de três mil quilômetros, quando passamos pelos cinco estados americanos que respondem por mais de 50% da produção de soja e milho dos EUA. Na maioria das vezes fomos muito bem recebidos, em outras não. Confesso que não é fácil ter a cara de pau de ir chegando à propriedade dos outros, ainda mais com uma safra como esta. Para nossa sorte, todos os cachorros estavam amarrados, e os soltos sempre nos recebiam com o rabo abanando, para nossa felicidade.

Em nossa expedição do Projeto Soja Brasil confirmamos o que USDA vinha relatando: o milho terá uma quebra bem mais acentuada que a soja. Pelos estados que passamos a seca foi mais intensa, atenuada na última semana com a chegada do furacão Isaque. As perdas chegavam a 50% para o milho, enquanto a soja apresentou perdas, em média, de 20%. Sem dúvida, a quebra na safra de soja seria ainda maior se não tivesse chovido na última semana.

A chuva para lavouras que ainda estavam no estágio de enchimento de grãos foi positiva, mas muitas lavouras já se encontravam em estágio avançado de maturação, para o qual a água não ajudava mais. No caso do milho, infelizmente, esta chuva na verdade acaba atrapalhando, pois atrasa a colheita e prejudica a qualidade dos grãos, alguns bastante castigados pelos fungos.

Claro que em alguns estados onde a seca foi mais severa como nos estados do Missouri, Illinois e Iowa, as perdas podem ser até maiores, mas o que importa são os dados médios. Pelos últimos números do USDA, que não devem mudar muito no próximo relatório, o milho deve ter uma quebra de até 110 milhões de toneladas, ou seja, 32% comparado aos números iniciais que apontavam uma safra de 373,6 milhões de toneladas. A soja, por sua vez, pode chegar a quebrar 12 milhões de toneladas, o que representa 14% sobre os 84,3 milhões de toneladas inicialmente estimados pelo USDA.

Sim, a safra americana teve quebras significativas devido à seca severa, a maior dos últimos 50 anos, mas felizmente com preços remuneradores e um seguro agrícola efetivo, as perdas serão compensadas para a maioria dos produtores estadunidenses.

Nos estados do Kansas e Nebraska pudemos ver algumas lavouras melhores de milho, mas piores de soja, e isto foi se alternando de região para região. É importante lembrar que o milho é plantado primeiro que a soja, sendo assim dependendo de como foi o clima na fase crítica de floração e enchimento de grão, a soja ou o milho podem estar melhor um que o outro.

Poucas foram as regiões que constatamos as duas lavouras com boa qualidade. E nestes dois estados, pegamos dias de sol intenso e, por isso, vimos muitas áreas de milho sendo colhidas.

No nosso último dia, onde saímos de Dês Moines no estado de Iowa e voltamos a Chicago, houve chuva intensa, o que prejudicou um pouco percorrermos algumas fazendas maiores, já que elas se encontram em Iowa. Queríamos falar com produtores para saber principalmente da questão trabalhista, mas isto não foi possível.

Em nossa viagem tivemos reuniões com a ASA (Associação Estadunidense dos produtores de Soja) e com a Iowa Soybean Association (Associação dos Produtores de Soja de Iowa). Na ASA falamos com o executivo Stephen Censku que nos relatou o quanto o estoque de soja está e ficará ainda mais baixo, e com isto os preços devem se manter elevados o que irá incentivar os produtores a plantar mais soja na próxima safra. Por isto eles estão de olho no Brasil, no quanto iremos aumentar nossa área e produção.

Foi muito interessante ter tido a oportunidade de ver de perto a realidade da produção americana, andando milhares de quilômetros pelo interior, passando em estradas de terra e vendo diferentes realidades em cada estado, mas posso afirmar que as estradas de fazendas de lá que são de terra cascalhada, são melhores que muitos asfaltos por aqui.

Estar com uma equipe competente fez com que a viagem fosse perfeita. Os dois jornalistas do Canal Rural, o Luís e o Pedro, são competentíssimos, assim como o diretor da Aprosoja MT Naildo, que sempre nos dava sua opinião técnica, e o Fabrício, executivo da Aprosoja Brasil, sempre atento aos dados econômicos.
Uma coisa eu concluí: nada vem de graça nesta vida. Os produtores americanos possuem uma realidade muito melhor que a brasileira, mas nem sempre foi assim, foram necessárias muitas batalhas e organização para terem o seu seguro adequado, uma logística invejável e assim por diante. Mas tudo isto só foi possível pela organização, e as associações lá são centenárias e correm atrás de mobilizar seus associados.

Sendo assim, aqui no Brasil estamos no caminho certo, precisamos continuar nos organizando e fortalecendo nossas entidades. Tudo leva tempo e é preciso muita luta, pois o cobertor é curto, mas com organização e muito trabalho em 50 anos certamente teremos um futuro melhor.

Mesmo com esse relato final, voltarei a falar sobre a expedição Soja Brasil nos Estados Unidos abordando, em especial, a questão trabalhista e ambiental as quais pudemos conferir in loco como funciona, como os produtores lidam e como estão avançados. Temos muito em comum, mas também temos muito a nos espelhar.

GLAUBER SILVEIRA é produtor rural, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) e liderou a expedição nos Estados Unidos por meio do Projeto Soja Brasil. Saiba mais sobre a expedição no blog Soja: http://blogs.ruralbr.com.br/sojaporglaubersilveira/

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