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Artigos Sexta-feira, 22 de Outubro de 2021, 10:04 - A | A

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Sexta-feira, 22 de Outubro de 2021, 10h:04 - A | A

NEILA BARRETO

Córrego Gambá sumiu da paisagem cuiabana

NEILA BARRETO

ARQUIVO PESSOAL

NEILA BARRETO

 

A Cuiabá do século XIX se apresentava como uma pequena Vila, muito quente, onde as pessoas levavam uma vida pacata. As crianças brincavam em qualquer lugar, mas gostavam de acompanhar as mães ou as escravas pelas beiradas de lugares que continham água límpida e fresca e, ali desfrutavam do seu lazer, onde as mulheres foram sempre as suas intérpretes. Os animais conviviam com as pessoas nos espaços públicos em busca da sua alimentação e de água para beber, pois, apesar de ser rodeada de ricos mananciais de água, circundada pelos rios Cuiabá, Coxipó e outras dezenas de ribeiros, não diferenciava de outros centros, como as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, no que se refere ao suprimento de água potável para os seus diversos usos. 

No ato de higienização das roupas, as lavadeiras desenvolviam as suas atividades a céu aberto, tendo como sua única colaboradora a natureza, pois não havia água encanada em Cuiabá e, em sua maioria, essas mulheres tinham a obrigação de carregarem pesados fardos de roupas sujas sobre as suas cabeças, num caminhar macio, delgado, constante de idas e vindas a esses lugares de água, porém nunca escondendo a sua formosura e a sua sexualidade. Eram corpos caracterizados por figuras retilíneas, que também sustentavam pesados tachos de cobres repletos de roupas, a exemplo das lavadeiras Mina, Siá Joaninha, Nhá Germana, Shá Maria, Ana Luíza, Maria Taquara, entre outras, hoje eternizada em praça da cidade de Cuiabá.

O córrego do Gambá fazia parte desse dia a dia, pois suas águas eram explicitas. A água encanada chegou, a cidade adensou e sua nascente desapareceu. Ali no bairro Lixeira, na capital, sua nascente está localizada na área urbana do município, mais precisamente, na Praça Dona Palmira Pereira Dias, sob as coordenadas geográficas 56°05’04,0”W 15°35’42”S no bairro, informou o engenheiro Noé Rafael da Silva. A extensão desse curso d’água é de aproximadamente 4,5 km todo canalizado e a área da sub-bacia é de 375 hectares, percorrendo os bairros: Lixeira, Areão, Poção, Dom Aquino, São Matheus, rumando para o rio Cuiabá. 

É um dos principais afluentes urbanos do Rio Cuiabá e, ao longo do seu curso d’água passa pela formação geológica grupo Cuiabá que é predominante de filitos com intercalações de quartzitos, metaglomerados, com ocorrências de filitos calcífilos (IPDU, 2007).  

Ao longo do tempo, a sua nascente foi aterrada pelos proprietários dessa área, com despejo de entulhos, aterros, terraplanagem e compactação do solo, transformando a área das nascentes em lotes comercias, causando danos gravíssimos à área de preservação permanente, ao meio ambiente e a cidade de Cuiabá. Essa irresponsabilidade, acompanhada da falta de fiscalização pelos gestores da cidade e do meio ambiente, descaracterizou totalmente o local, muito embora o local apresente características de que ali havia um conjunto de nascentes. Atualmente, o solo está totalmente seco, conforme laudo do Juizado Volante Ambiental (Juvam), explicitou Noé Rafael da Silva, um atento cuidador das águas. 

Vale ressaltar que existe, também, um recurso hídrico totalmente descaracterizado, denominado Córrego Gambazinho, afluente da margem direita do Córrego do Gambá, com nascente no bairro Dom Aquino, cuja canalização passa pela entrada principal da Estação de Tratamento de Esgoto, no bairro Dom Aquino, o qual foi desviado, para dar lugar a construção da Estação de Tratamento de Esgoto – ETE - Eng.º Zanildo da Costa Macedo - um dos mais importantes engenheiros da Companhia de Saneamento do Estado de Mato Grosso - Sanemat, falecido em desastre na rodovia de Goiás, junto com a sua esposa a professora doutora da UFMT – Joana DÁrc e os filhos Andrei e Melissa Costa Macedo. A ETE é uma homenagem à sua memória oferecida pela cidade de Cuiabá, aprovada pela Câmara Municipal de Cuiabá, pelos relevantes serviços ao saneamento cuiabano e mato-grossense. Esse córrego está limpo hoje? Desagua no rio Cuiabá como água limpa ou esgoto? Com a palavra os defensores do meio ambiente e os gestores de cidade.

A Praça Dona Palmira Pereira Dias, antes denominada Praça das Lavadeiras, foi construída em 1975, pelo prefeito de Cuiabá Manoel Antônio Rodrigues Palma (Titito), época em que também foi construído o Poço na Lixeira com uma estátua simbolizando a Lavadeira e os seus gestos. A água que abastece este poço, vem da nascente do córrego do Gambá que hoje em dia, serve para lavar São João, um dos mais importantes santos das festas juninas cuiabanas de um importante significado para a cultura popular e cuiabana. 

Tem-se notícia que a Primeira Câmara de Direito Público e Coletivo do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) determinou, em caráter de urgência, que seja feita a recuperação ambiental da nascente do Córrego do Gambá. Será que foi cumprida? Quem é o órgão responsável pela recuperação? Senhores vereadores, defensores do meio ambiente, acompanharam essa ação? A população de Cuiabá, o rio Cuiabá e o pantanal mato-grossense agradecem essas providências.

A recuperação dessa nascente ajudará a cidade a amenizar o seu calor. O rio Cuiabá receberá mais água limpa e o pantanal mato-grossense poderá dar de beber a sua flora e a sua fauna com mais acúmulos de água em seu solo sagrado. Com a palavra os responsáveis.       

(*) NEILA BARRETO é jornalista pós-graduada em História e escreve às sextas-feiras para HiperNoticias.

 

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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