O prefeito de Cuiabá Chico Galindo (PTB), tentou aumentar a possibilidade de obter êxito para aprovar em votação o projeto que cria a Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário na Capital (Amaes), já que a lei e os atos da Câmara, no dia da votação, foram suspensos por decisão judicial.
Mayke Toscano/Hipernotícias Tropa de choque da Rotam foi chamada para conter os ânimos de manifestantes, mas não foi ncessária intervenção porque protesto ficou limitado
Para isso, Galindo exonerou dois secretários: Edivá Alves (Trânsito) e Paulo Borges (Infraestrutura), escalados para conter algum vereador que estivesse pensando em mudar o voto dado no dia em que o Parlamento criou a Amaes. Mas os dois ex-secretários não se esforçaram muito porque a sessão foi encerrada, nesta terça-feira (2), sem que o projeto fosse ao plenário.
Um dos “arrependidos” de ter votado a favor da criação da Amaes é Toninho de Souza (PDT). Depois do voto e pressionado por “forças estranhas”, o pedetista recuou alegando que foi cobrado da população.
Toninho de Souza usou o plenário para ressaltar que caso haja nova votação, ele será contrário a criação da Agência. “Eu errei uma vez e não vou errar novamente. Fui cobrado pelos meus eleitores e pela população e eu volto da minha decisão para ficar do lado do povo”, enfatizou.
DIA TENSO
Na manhã desta terça, a expectativa era de que a lei fosse votada novamente, mas devido a pressão popular, a sessão foi encerrada antes do previsto e apenas duas votações foram feitas. Uma delas criando o dia de combate à dengue, que será em 2 de abril, e outra pauta que pede audiência pública nos bairros periféricos de Cuiabá para tratar a questão da água.
A sessão ordinária da Câmara começava enquanto manifestantes do Fórum contra a Privatização gritavam palavras de ordem do lado de fora. Um trio elétrico serviu de suporte para os manifestantes, além de alto-falantes e faixas.
A tropa de choque do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam) ficou de prontidão durante toda manhã. Policiais se concentravam em toda extensão da rua Barão de Melgaço em frente à Câmara. A tropa estava a posto para atuar, caso houvesse alguma necessidade, no entanto, o trabalho serviu mesmo só de precaução.
O major Bugalho, que comandou a operação, disse que os manifestantes não podiam entrar na Câmara porque foi o pedido feito pela presidência. “Em reunião ontem foi limitada a quantidade de pessoas que podiam entrar. O espaço é pequeno não cabe muita gente. Estamos aqui para manter a ordem. A manifestação está tranquila”, argumentou.
Já para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Saneamento Ambiental, (Sintaesa), Ideueno Fernandes de Souza, a não permissão da entrada dos manifestantes é uma maneira de limitar o movimento e não expor os vereadores para a população.
“Não fomos recebidos porque não querem ouvir a voz do povo, vamos ficar aqui até o final da sessão”, frisou.
Mayke Toscano/Hipernotícias |
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Cartazes com fotos de vereadores que votaram a favor da privatização foram expostos na rua |
APOIO
O deputado federal, Valtenir Pereira (PSB), estava fazendo frente ao protesto e disse que a população não pode pagar duas vezes para ter água e afirmou ainda ser contrário a privatização. “Defendo o movimento porque sou contra a privatização da Sanecap, a população já paga impostos, não pode pagar duas vezes para ter água nas torneiras”, defendeu.
O secretário de Comunicação da Prefeitura, Mauro Cid, disse que ainda não houve alteração da lei que cria Agência Reguladora, informou apenas que Galindo e Júlio Pinheiro já conversaram a respeito para saber o que medidas serão tomadas.
“Mudança na lei é objeto de reunião entre Câmara e Prefeitura. A princípio será usado a mesma lei”, declarou o secretário.
CPI NA SANECAP
O vereador Lúdio Cabral (PT), que foi ironizado pelos colegas na sessão, informou à imprensa que está com requerimento pedindo uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Sanecap e avaliar possíveis irregularidades na gestão.
O vereador fez o pedido, depois de o líder do prefeito na Câmara, Everton Pop (PP), declarar que o problema da Sanecap é por motivo de gestão, que por lá já “passou muito bandido de terno e gravata.” Pop, no entanto, não citou nomes.
Para Lúdio, há necessidade de investigar despesas da Sanecap do período de janeiro de 2010 a junho de 2011 para que se conheçam os gastos do órgão. “Precisamos investigar as contas da Sanecap e ver onde estão as irregularidades. O caso tem que ser analisado, até porque os gestores são indicados pelo prefeito do município”, atacou Lúdio.
Lúdio disse ainda que para que o requerimento de instauração da CPI seja aprovado, é preciso colher sete assinaturas. O parlamentar já tinha conseguido três no início da sessão. Mas com os embates entre eles, o vereador que volta à Casa, após estar licenciado, Clovito Hugueney (PTB), pediu para retirar a assinatura de apoio, ficando apenas duas, que é do próprio Lúdio Cabral e de Domingos Sávio (PMDB).
Lúdio disse que por enquanto não há nenhum outro nome que declarou interesse em assinar o requerimento, mas argumentou que o diálogo vai continuar.
ATAQUES
O primeiro vereador a falar na sessão de hoje foi Domingos Sávio. O parlamentar mais uma vez questionou a aprovação da Agência e disse do prejuízo que é para o
município perder os repasses do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Mayke Toscano/Hipernotícias Ludio Cabral só pode se manifestar verbalmente do lado de fora da Câmara
“Nem o prefeito Chico Galindo sabe que vamos perder os repasses da verba, mas nós vamos perder sim. Isso é um prejuízo para Cuiabá”, enfatizou.
Outros parlamentares mantiveram a postura de ser favoráveis a criação da Agência. São eles: Adevair Cabral (PDT), Misael Galvão (PR). O mais exaltado da sessão foi Antônio Fernandes (PSDB).
Fernandes fez acusações diretas a Lúdio Cabral, dizendo que o parlamentar fala inverdades para a população. No entanto, quando o Lúdio pediu a “palavra” no plenário, o presidente, Júlio Pinheiro, não cedeu.
Em outros momentos, Lúdio queria fazer uso da palavra, mas também foi impedido. Da última vez que quis falar no plenário, Júlio o barrou novamente e disse: “Você não vai falar não e está encerrada a sessão”.
Lúdio Cabral argumentou que atitude do presidente foi para calar, mas disse que não vai abaixar a cabeça e que a luta continua. “Procurei me utilizar dos espaços para falar, mas a Mesa Diretora usou a força para não me dá a palavra, mesmo quando fui atacado. O presidente não respeitou o Regimento Interno da Casa”, disse, revoltado.
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