A denúncia do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) contra a empresária, Mônica Marchett, revelou a ligação da fazendeira com o então comendador João Arcanjo Ribeiro. Mônica é acusada de ser mandante da execução dos irmãos Brandão Araújo Filho e José Carlos Machado Araújo, em 1999 e 2000, no município de Rondonópolis (cerca de 217 km de Cuiabá).
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De acordo com a denúncia, encaminhada aos tribuanis em novembro de 2019, Arcanjo teria "emprestado" seus sicários para o crime.
"Ocorre que o Comendador Arcanjo, por aqueles tempos, costumava disponibilizar seus sicários para os amigos mais próximos, quando estes precisavam resolver, de forma nada ortodoxa, é verdade - pendências comerciais com seus inimigos", diz trecho do documento, assinado pelo Promotor de Justiça da 6º Vara Criminal de Rondonópolis, José Carlos Machado Araújo.
Foi nesse contexto que foram assassinatos os irmãos Brandão Araújo e José Carlos Araújo, em 10/08/1999 e 28/12/2000, respectivamente. "Ambos executados nesta cidade de Rondonópolis, pelas mãos de sicários do Comendador João Arcanjo, a mando dos Marchett", afirma o MPMT.
Os pistoleiros em questão eram os ex-policiais militares Hércules de Araújo Agostinho Arcanjo e Célio Alves.
As mortes, no entanto, foram acertadas com um homem conhecido como "Sargento Jesus", braço direito do ex-comendador, que delegou a tarefa para o soldado Célio. Hércules também foi convidado para a execução do "trabalho" e acabou confessando o crime e delatando os co-autores.
De acordo com o documento do MPMT, Célio teria recebido R$ 120 mil para cometer os assassinatos, motivados pela disputa de uma área rural.
"A vítima José Carlos Machado Araújo, havia vendido uma fazenda para o pai da denunciada Mônica Marchett e houve desacordo comercial entre as famílias por ocasião de acerto de contas, que foi parar nos tribunais (...) Em razão disso, Sérgio João Marchett, contando com a participação da filha Mônica Marchett, sua primogênita, determinou a morte de José Carlos M. Araújo", aponta o Ministério Público.
O documento ainda demonstra que a primogênita era administradora direta de uma das empresas da família Marchett, a Mônica Armazens Gerais Ltda, responsável por transferir um veículo gol ao Sargento Jesus que, em seguida, passou o veículo para o nome de Célio Alves, como parte do pagamento pelos assassinatos.
No dia 7 de outubro, o juiz do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Wagner Plaza Machado Junior, decretou a prisão preventiva da empresária Mônica pelo assassinato de José Carlos, uma vez que o crime contra a vida do irmão, Brandão Araújo, já prescreveu.
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Melhem Charafeddine, Mônica Marchett, Silvia C. Ribeiro, Comendador João Arcanjo.
Convivência na high society
A denúncia do MPMT também destacou a vida de luxo que levava o ex-comendador João Arcanjo, que à época controlava os jogos de azar em Mato Grosso. Figura lendária do crime organizado no Estado, Arcanjo aparecia ao lado da elite econômica e política, acompanhado de seus guarda-costas, "coisa pouca, pois afinal poder e dinheiro fazem mais amigos que a honra!", escreveu o promotor Jorge Paulo Damante Pereira.
Em Rondópolis, dentre outros "ricos e famosos circulavam a tiracolo do aclamado Comendador Arcanjo, via-se o empresário do ramo do agronegócio Sérgio João Marchett e sua filha mais velha Mônica Marchett.
Recortes das colunas sociais de Rondonópolis e da Capital mostram a convivência pomposa entre o então Comendador e a família Marchett. Sérgio Marchett teria, inclusive, conhecido o pistoleiro Sargento Jesus, em uma festa promovida por chefe dos jogos de azar.
Os pistoleiros Sargento Jesus, Célio Alves e Hércules Araújo também tiveram envolvimento no assassinato do jornalista Sávio Brandão, morto a mando de Arcanjo, um dos crimes que culminaram na prisão do ex-bicheiro.
Prisão preventiva
Na decisão em que determinou a prisão preventiva de Mônica Marchett, o juiz Wagner considera ainda que “é público e notório que a acusada Mônica está foragida desta cidade há muitos anos, inclusive na ação penal anterior fora declarada não só sua revelia, como também reconhecida como foragida”.
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O magistrado ressalta ainda que a prisão tem como objetivo assegurar a aplicação da lei penal quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.
Além disso, o juiz cita na decisão que o “sumiço” favorece Mônica e que no Brasil ser foragido compensa. A Justiça tentou intimá-la para apresentar sua defesa, contudo, a empresária não compareceu.ssalta ainda que a prisão tem como objetivo assegurar a aplicação da lei penal quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.
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