Após mais de cinco anos da morte do aluno soldado Rodrigo Claro, de 21 anos, a defesa da tenente do Corpo de Bombeiros Izadora Ledur de Souza Dechamps alega que a oficial não tinha intenção de torturá-lo. No mês de setembro deste ano, ela foi sentenciada à pena de um ano de detenção, que é cumprida em regime aberto. Desde a sentença, a defesa requer a absolvição do crime.
O advogado Hueldel Rolim sustenta a tese de que os 'caldos' que o jovem recebeu durante o treinamento são "inerentes da instrução militar e da disciplina de desvencilhamento e judô aquático", e por este motivo não configuram uma transgressão disciplinar nem o crime de maus-tratos.
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No mês de novembro, Rolim enviou um recurso de apelação ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).
"Entretanto, conforme revelado e satisfatoriamente demonstrado durante a instrução processual todas as condutas aderidas pela APELANTE não eram de caráter pessoal, ou seja, somente destinada ao aluno/vítima Rodrigo Claro - como tenta fazer crer o órgão acusador - mas, voltada a todos aqueles que, de fato, apresentavam dificuldades no desenvolvimento da matéria", diz trecho do documento.
A defesa de Ledur pontua ainda que não ficou evidenciado o dolo da tenente em colocar a vida de Rodrigo em risco durante o treinamento.
"Igualmente, não restou evidenciado o dolo consubstanciado na ação livre, consciente e voluntária em expor a perigo de vida ou saúde do aluno soldado, ainda que a título de dolo eventual, ante a alegação, desde o princípio, que a atividade fazia parte da instrução das atividades típicas da função, e que tinha o claro objetivo de treinamento, somado aos argumentos unânimes de instrutores peritos do Corpo de Bombeiro Militar de que tais condutas não configuram qualquer abuso", ressalta.
PARECER DO MINISTÉRIO PÚBLICO
No mês de outubro, o promotor de Justiça Paulo Henrique Amaral Motta pediu que Ledur fosse enquadrada no crime de tortura, cuja pena pode variar entre dois e 16 anos de prisão. Por ter sido condenada por apenas um ano de detenção, a tenente não perdeu a patente nem o cargo no Corpo de Bombeiros.
O promotor reforçou ainda que os autos do processo demonstram que Ledur "incorreu na prática do crime de tortura qualificada pelo resultado morte, razão pela qual sua condenação como incursa nas penas da aludida conduta criminosa é imperiosa."
Foi relatado ainda que, durante o curso, Rodrigo apresentava dificuldades na natação e, que após notar tal fato, Ledur teria começado a submergi-lo na água, afundando-o por reiteradas vezes.
MÃE DO ALUNO LAMENTA MORTE
A mãe do soldado Rodrigo Claro, Jane Claro, afirmou que deseja que a tenente Ledur seja mãe para que ela entenda o que é o amor por um filho.
"Dói demais ouvir tudo o que estou ouvindo, todos os depoimento e coisas que não tinha ouvido ainda. Meu maior desejo é de que ela seja mãe, não para sofrer o que eu estou sofrendo, mas para ela entender o que é o amor de uma mãe por um filho", disse Jane.
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