Na hora de viajar, segurança é fundamental, garante Universal Turismo

Há trinta anos a realidade das agências de viagem consistia basicamente em horas exaustivas de dedicação e atendimento exclusivo. Com o advento da internet, a facilidade aos viajantes resultou em grande empecilho para os operadores de turismo, mas não necessariamente numa desleal concorrência. Essa é a proposta da Universal Turismo, que se garante há 25 anos no mercado: um trabalho próximo, seguro e diferenciado.

O fundador Horácio Teixeira afirma não se deixar intimidar pela comodidade da internet, e sempre que possível impõe a presença da marca Universal. Afinal, a web oferece os mesmos serviços que uma agência de viagens, mas não o suporte do agente. “É muito importante para uma pessoa, ao viajar para o exterior, ter o apoio de alguém aqui no Brasil, para ajudá-lo com o que precisar”. E não só para o exterior. O diretor argumenta que, também para compras promocionais em viagens nacionais, o viajante pode ter prejuízos que se sobrepõem aos lucros obtidos com a aquisição, no caso de remarque e no-show - problemas facilmente solucionados pela agência de viagens.

Fotos: Mayke Toscano/Hipernotícias

No início, quando fundou a Universal, Horácio cumpria longas jornadas de trabalho. Durante o dia, trabalhava na agência, e no período da noite acompanhava os clientes até o aeroporto no momento de embarque e desembarque, virando madrugadas adentro. Hoje ele conta que é totalmente diferente. “Tem gente que vai para o aeroporto só com a bagagem e a identidade”.

Horácio não tinha sábado nem domingo. “Tinha noites que eu chegava em casa cansado, depois de pegar no aeroporto três, quatro clientes, deitava e pensava: ‘meu deus, será que hoje vai ser a mesma cosia?’ e era sempre a mesma coisa”.

2 + 2 = 4

Naquela época começou a cursar matemática, por ser uma área da qual gostou desde o ginásio. “Eu gostava de coisas exatas. Dois mais dois são quatro e isso nunca vai mudar”. Mas devido à falta de tempo, abandonou a faculdade. “E gosto até hoje, acho muito bom ver quando as coisas dão certo. Tudo depende da matemática”. Horácio gostaria de ter se formado, mas não conseguiu devido à sua dedicação ao trabalho, que falou mais alto. Ele era dono e funcionário - numa equipe que contabilizava apenas três agentes, contando com ele. E nisso a matemática dos negócios foi inexata, quase que milagrosa, pois o empreendedor precisava se multiplicar por trinta para dar conta de tanto trabalho, dividir lucros e subtrair ao máximo as dificuldades iniciais.

BOY

Mas sua história não começou do nada. Nascido em Cuiabá, com seis meses de idade Horácio foi morar em Rondonópolis e só voltou para a Capital aos 19. Foi aqui que, com a ajuda de um primo, conseguiu seu primeiro emprego: o de Office Boy da empresa de viação aérea Vasp. Além de ser sua primeira oportunidade no mercado de trabalho, foi também sua primeira aproximação com o segmento do turismo. “Eu não tinha nem noção do que era uma empresa aérea na época”.

Dos sete anos em que trabalhou na Vasp, Horácio ganhou várias promoções. O Office boy foi promovido a ajudante de reserva e depois a auxiliar de escritório, até que não tinha mais para onde crescer. “Se ainda estivesse trabalhando lá [caso a empresa ainda existisse], estaria ganhando três, quatro mil reais pelos 30 anos de serviço”.

PAIAGUÁS TURISMO

Na Vasp Horácio trabalho durante seis anos e meio, e com sua experiência adquirida conseguiu um emprego como gerente na agência de viagens Paiaguás Turismo. Na empresa ambientou-se ao mercado de passagens e pacotes de viagens, convênio entre empresas aéreas e comissões.

Após quatro anos de dedicação, o dono da Paiaguás decidiu mudar-se para Barra do Garças e fechar as portas. “Era o meu ramo, eu batalhei por isso, sabia que havia mercado para isso. Mas também sabia que ia depender de mim. Então eu saí, e fui procurar o meu espaço”, lembra Horácio, que recebeu do patrão uma proposta para ficar até o final do ano, e receber seus direitos.

COM A CARA E A CORAGEM

Com “a cara e a coragem”, Horácio alugou uma pequena sala nos fundos do salão comercial do Edifício Vitória Régia, situado na avenida Fernando Corrêa, 542. A Universal Turismo abriu as portas no ano de 1986, com dois agentes de viagem e muitas dificuldades, “principalmente financeiras”.

O funcionamento do segmento é simples: as agências de viagem ganham comissão sobre as vendas de passagens, pacotes de viagem e serviços (hospedagens, vistos, locação de veículo). Os produtos são obtidos através de um convênio feito com as empresas – aéreas, hoteleiras, locadoras – que repassam à agência uma concessão.

Para obter crédito com as empresas, o empreendedor precisava oferecer como garantia uma fiança bancária ou hipoteca no mesmo valor do crédito. “Sofri muito, não tinha crédito, estava começando. Não tinha patrimônio”.

CONTEXTO DE MERCADO

Naquela época, os cuiabanos não tinham muitas opções no que se refere ao suporte e logística de suas viagens. Segundo Horácio, havia apenas a Confiança Turismo e a Ametur Turismo, cujos donos são seus amigos. Ele explica que existe uma grande diferença entre as verdadeiras agências de turismo e empresas ditas “consolidadas” – agências pequenas que pegam créditos de grandes agências para fazer suas próprias vendas. “Agência como a Universal, que vive disso, que entende do dia a dia de passageiros, são muito poucas”, confessa. “O resto são tudo vendedores dependentes do computador e da internet, que vendem por amizade”.

10% É BARATO

É primordial “jogar limpo” com o cliente, expor quais serviços estão sendo oferecidos, o que pode ser acrescido, o que é opcional. Segundo Horácio, essa é mais uma de muitas outras vantagens que a agência de viagens possui sob a internet. “O Google dá diversas alternativas, mas não passa segurança. Na agência de viagens, você sai de lá com tudo que vai receber documentado”.

POUSADA PIQUIRI

Amante da pescaria, Horácio pratica seu hobby ao menos três vezes durante o ano. Numa dessas idas, com uma turma de amigos, teve a oportunidade de conhecer a Pousada Piquiri, no coração do pantanal mato-grosense, na divisa com Mato Grosso do Sul, na região do Porto Jofre. Ficou impressionado pelo local, e hoje a área é sua. “A chance de eu comprar foi boa, na época”. Murilo, seu filho mais novo, é quem hoje toma conta da Pousada. Ele é formado em administração de empresas, e já fez cursos no exterior.

O ANTES, O AGORA E O DEPOIS

Se ao inaugurar a agência, Horácio era um workaholic (viciado em trabalho), no sentido literal da palavra, hoje o empreendedor não passa muito longe disso. Apesar de não precisar mais acompanhar seus passageiros até o aeroporto, ele acompanha a vida de todos através do notebook, que leva para casa após o trabalho. “Através da internet eu libero uma passagem, se alguém estiver precisando”.
A Universal Turismo saiu dos fundos do salão comercial do Edifício Vitória Régia três meses após sua inauguração, indo para uma sala mais espaçosa naquele mesmo local. Atualmente a empresa conta com outra loja na avenida Historiador Rubens de Mendonça, 2000.

São 18 funcionários, sendo seis agentes de viagem para atender o setor de passagens terrestres e oito o setor aéreo (nacional e internacional). Fornecedores são mais de 500, no mundo inteiro, entre empresas aéreas (TAM, Gol, Azul, American Airlines, Japan Airlines) e operadoras de turismo (CVC, TAM Viagens, Fly Tour). “Para eu conseguir ter a comissão que eu tenho, eu preciso vender de tudo que consiste em viagens”, explica Horácio, que tem passagens até para o trecho Singapura-Frankfurt. “Eu vivo disso, hoje eu tenho crédito com isso. E ganhei minha vida assim, procurando. Tenho chances de produto, tenho como vender, então vou procurar”.

ALCANÇANDO METAS

Entre 2001 e 2002, a Universal Turismo já havia vencido o problema da “falta de crédito” entre as companhias aéreas, e justamente no mesmo período, superado o empecilho, a agência foi uma das que conseguiram alcançar as maiores metas de vendas em passagens da Varig. A premiação generosa foi uma viagem para a Europa, paga pela companhia. Em três meses consecutivos, a Universal Turismo foi premiada, e Horácio, que mal conhecia Pedro Juan Cabalero, viajou rumo a Paris.

Outra grande satisfação para o empresário foi manter sua filha Marina em Campinas-SP, cursando uma faculdade particular de turismo. Marina na época tinha apenas 17 anos, e hoje, com 25, ajuda o pai na empresa. “Ela foi muito corajosa. E eu me considerei mais vitorioso que ela. Quando ela se formou, a felicidade foi ainda maior”, lembra.

Para Horácio Teixeira, empreender é: DEDICAÇÃO

1. Dicas para quem quer iniciar um empreendimento

Para quem quer iniciar um empreendimento de agência de viagens hoje, tem que ser completamente diferente de mim. Tem que ter mais experiência. Depende muito da internet. Então se você não tiver experiência para mexer com a internet ou com o pacote, que é o programa de agências de viagem, é complicado. Tanto é que hoje a EMBRATUR exige de quem for abrir uma agência viagens, experiência de pelo menos dois anos. Com certificação.  Então já é mais difícil do que era antigamente. Precisa de muita experiência e também muito capital.

2.    O custo Brasil é realmente um obstáculo para o empreendedor?

É, e muito. Por exemplo, nesse pesqueiro que eu tenho no Pantanal, tudo que eu quero fazer lá só depende de mim. O governo não me auxilia em nada. A estrada é inacessível. Para chegar lá, só de avião ou barco.  Não tem estrutura, não tem nada. Hoje o Brasil está muito difícil para trabalhar com o turismo. Está no começo. O nosso estado está sendo muito procurado pelos empresários de fora, porque vai ser uma das sub-sedes da Copa do Mundo de 2014, vai ter muita obra aqui. Mas é tudo muito caro de fazer, é muito difícil. Para investir no turismo é muito difícil e caro.

3. O que é mais importante, dinheiro ou criatividade?

A criatividade. Tendo criatividade você vai conseguir dinheiro.

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