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A Polícia Federal apurou que R$ 16,67 milhões foram sacados em espécie da conta da Panamericano Administradora de Cartões Ltda., entre junho de 2006 e novembro de 2010. Segundo a PF, naquele período foram realizados 86 saques em favor de empresas dos ex-diretores do Banco Panamericano "sem a apresentação de contratos ou outra causa que justificasse a despesa". Para a PF, os saques em espécie reforçam a suspeita sobre gestão fraudulenta do banco
As operações não foram comunicadas ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Os dados constam de relatório da PF, no capítulo intitulado "das fraudes envolvendo a subtração de valores do Banco Panamericano por meio de saques em espécie". O documento atribui a dois ex-diretores do banco a responsabilidade pela "ordem verbal" para a sucessão de resgates - Wilson Roberto de Aro (financeiro) e Luiz Augusto Teixeira de Carvalho Bruno (jurídico). Ambos foram indiciados criminalmente por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e crimes financeiros.
Dois relatórios de auditoria, numerados 025/2011 e 101/2010, foram encartados aos autos do inquérito do Panamericano. Eles indicam como as retiradas foram executadas. Para a PF, os saques em espécie reforçam a suspeita sobre gestão fraudulenta do banco. "Verificou-se que, em alguns casos, havia a necessidade de se contratar empresas de transporte de valores, em razão do alto volume de recursos sacados em proveito dos administradores do banco", diz a PF.
"Também foi constatado que o diretor jurídico (Carvalho Bruno) guardava grande quantidade de dinheiro sacado no porta malas de seu carro, o que demonstra tratar de conduta típica de subtração e ocultação de valores pertencentes ao banco", informa o relatório.
A PF destaca que esse tipo de expediente dificulta a localização de valores desviados. "Com efeito, a guarda de enormes valores em espécie e a não declaração deles à Receita impede o rastreamento pelos órgãos fiscalizadores do dinheiro obtido ilicitamente."
POR ORDEM
A peça policial, em outro trecho, anota que, entre maio de 2009 e maio de 2010, a empresa Perícia Administradora e Corretora de Seguros Previdência Privada Ltda., subsidiária do Panamericano, repassou às empresas Max Control Evento Promoção, Focus Consultoria Financeira e Boafonte Consultoria em Negócios a quantia total de R$ 2,93 milhões, "por ordem de Wilson de Aro, sem a apresentação de contratos que justificassem referidos pagamentos".
Do valor total, a Boafonte, que pertence a Maurício Bonafonte dos Santos (ex-diretor operacional da Panamericano Seguros), recebeu R$ 521,87 mil. A Max Control, de Rafael Palladino (ex-diretor-presidente do banco) recebeu R$ 1,27 milhão. A Focus, de Wilson de Aro, R$ 682,6 mil.
O expediente sob suspeita foi revelado por Jair Angelo Pitol, ex-gerente de contabilidade fiscal do banco. "Wilson Aro mandava mensalmente provisionar em uma conta da Perícia Seguros quantias para pagamentos a efetuar. Eram classificadas contabilmente como ‘contas a pagar’. Eu deduzia que os valores ‘provisionados’ eram destinados a retiradas, por parte dos diretores, pois eles não apresentavam notas fiscais e não justificavam para quem os valores seriam pagos."
Segundo Pitol, "nos corredores do banco as pessoas comentavam que os valores provisionados era usados para pagamentos a Aro, Palladino e Bonafonte".
Ele confirmou que a Perícia Seguros realizou os pagamentos às empresas. "A Perícia não era uma empresa rentável a ponto de pagar bonificações no valor total de R$ 2,93 milhões."
Aguinaldo Candido da Rosa, responsável pela tesouraria do banco à época, confirmou os "saques indevidos". Ele relatou que, no período em que coordenou a Tesouraria, recebeu "diversas solicitações de Marcos Augusto Monteiro (seu superior) e também dos diretores do banco, Wilson de Aro e Carvalho Bruno referentes a saques de valores vultosos em espécie".
O dinheiro, contou Rosa, "na maioria das vezes era entregue a Carvalho Bruno em uma caixa, no estacionamento do segundo subsolo". Ele informou que o ex-diretor jurídico do Panamericano guardava o dinheiro no porta-malas de seu automóvel.
Relatou que "em outra oportunidade, em 2010, levou R$ 100 mil em espécie para Aro que seriam destinados a Luiz Sebastião Sandoval (ex-presidente do conselho de administração do banco)". "Na maioria das vezes, o dinheiro era entregue mesmo a Carvalho Bruno, após autorização de seus superiores, Marcos Monteiro e Wilson de Aro".
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