Segundo ele, pressões de organizações com maior capacidade de articulação política têm prevalecido sobre os interesses do setor produtivo, em especial no Congresso. Isso levou, entre outros resultados, a um grande número de exceções na reforma tributária, com consequente derrota da Fiesp no pleito por um IVA máximo de 25%.
Nesse sentido, Josué disse que sai da Fiesp mais liberal do que quando entrou. "Estou quase abraçando o discurso ultraliberal. Eu saí da Fiesp mais liberal do que quando entrei. Sempre fui liberal (...) É que eu cheguei aqui e meio que me desanimei sobre a capacidade do Estado em agir corretamente. Porque o Estado acaba agindo de acordo com a influência dos grupos de pressão. E aí ele pode agir corretamente para aqueles grupos de pressão, mas não para toda a economia", afirmou Josué. A crítica foi feita durante um balanço de sua gestão em café da manhã com jornalistas.
"Então, como eu estou hoje cético quanto à capacidade de o Estado atuar de maneira adequada para o desenvolvimento nacional, estou abraçando a tese de que talvez seja melhor tirar de fato o Estado, tornar tudo isonômico, não dar benefício para ninguém e deixar que cada um se vire", complementou.
Ao falar sobre a perda de influência do setor produtivo ante segmentos que obtiveram benefícios, Josué voltou a criticar o que chama de Síndrome de Estocolmo, referindo-se ao apoio de industriais à agenda do mercado financeiro.
"É comum, em qualquer atividade, em qualquer entidade de classe empresarial, a defesa dos mesmos pontos que o setor financeiro sempre defende, como que o problema da taxa de juros é que o Estado gasta mal, gasta demais. É até verdade, em parte, mas não é isso que vai resolver o problema da taxa de juros. E a gente repete o mesmo mantra do setor financeiro", comentou Josué. "Nós nos tornamos como aquele sequestrado que se apaixonou pelo sequestrador, e que fica repetindo o discurso do sequestrador. Nós nos apaixonamos pela causa dos outros setores que sequestraram a agenda econômica brasileira. É por isso que a gente não consegue vencer esse debate", concluiu.
Segundo o empresário, o Congresso Nacional, especialmente, tem sido "muito permeável" a lobbies, prejudicando a revisão de subsídios, que acabam se perpetuando. Assim, ressaltou Josué, setores com menor capacidade de articulação política terão que pagar uma alíquota maior, de 28,5%, do imposto sobre valor agregado, o IVA, criado pela reforma tributária, algo que, entende, estimula a sonegação, ao contrário do que espera o Ministério da Fazenda. "Porque 28,5% é um prêmio muito grande para quem sonega. Se fosse 20%, era um prêmio menor", comentou.
(Com Agência Estado)
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.






