O psicólogo Jair Donato disse ao HNT TV Entrevista que o uso excessivo em telas ameaça a saúde mental e pode até mudar a personalidade. A nomofobia é o nome atribuído ao vício em celular ou ao medo de ficar sem internet. Jair explicou que as telas liberam ondas de dopamina que desregulam o funcionamento do cérebro quando a quantidade é fora da normalidade.
"A nomofobia atinge adultos, crianças e adolescentes. A nossa ênfase é para as crianças e adolescentes que ainda não têm a estrutura do neocortex formada. Quando essa parte do cérebro é alterada, altera também a estrutura psíquica e isso será levado para a vida inteira. Imagina uma criança com ansiedade por causa do celular", detalhou Jair Donato.
A nomofobia afeta crianças de todas as classes sociais, uma vez que a presença dos smartphones é universal
Durante a pesquisa para dissertação do mestrado, Donato acompanhou 338 crianças e adolescentes de escolas públicas e particulares. Segundo o psicólogo, a nomofobia afeta crianças de todas as classes sociais, uma vez que a presença dos smartphones é praticamente universal. Entre os menores que passavam longos períodos em frente as telas, Jair notou que eles compartilhavam a dificuldade para se concentrar, perdas significativas no processo de aprendizagem, insônia e, nos casos mais severos, depressão.
"Isso é tão sério que chega-se a pensamentos e ideação suicidas, mas temos fatos mais estrondosos ligados ao crime e violência", alertou Jair.
O psicólogo ressaltou que a questão não é suspender o uso do celular, mas colocar limites. "Não é sobre o smartphone. Falamos sobre a educação, comportamento, atitudes e demandas que estão por tras e não é o uso do aparelho em si, mas o uso em excesso. A vida precisa de um equilíbrio em tudo o que se vai fazer", apontou.
EFEITO REBOTE DA DOPAMINA
Uma pesquisa da TIC Kids Online Brasil indica que 82% das crianças entre 10 e 13 anos têm acesso à internet e 55% delas já possuem celular próprio. Conforme Donato, a autonomia com o equipamento lota os consultórios. Em sua clínica, os casos mais comuns são de menores com insônia por passar a madrugada no celular. Ao trocar a noite pelo dia, destroem o processo de regeneração natural da mente, afetando a capacidade de absorver os conteúdos aplicados na escola.
"Imagina, duas, quatro da manhã acessando a tela do celular. Cada vez que o dedo rola está jogando gotas de dopamina no cérebro. Esse efeito dopaminético, gera prazer, mas em excesso traz prejuízos a área cognitiva que de tão ativada que fica passa a gerar efeito contrário", explicou Donato.
Cada vez que o dedo rola está jogando gotas de dopamina no cérebro. Esse efeito dopaminético, gera prazer, mas em excesso traz prejuízos
O corpo super carregado com dopamina é elevado a euforia. Para manter a sensação de recompensa, o indivíduo precisa manter as telas em mãos, gerando um ciclo sem fim.
DORMINDO COM O INIMIGO
Com o celular em mãos madrugada à dentro, dificilmente, os pais têm conhecimento do que os filhos estão acessando. Donato observa que é como se os filhos "dormissem com o inimigo" pois são colocados diante de uma roleta russa de informações que podem interferir na percepção de mundo das crianças e adolescentes.
O psicólogo citou o caso do adolescente de 14 anos de Itaperuna no Rio de Janeiro que matou o pai, mãe e irmão de 3 anos por influência da namorada, uma estudante de 15 anos de Água Boa (736 km de Cuiabá), que ele conheceu em um jogo online.
"Era como se fosse movendo pecinhas de jogo. Eu mato o pai agora a mãe. Você olha para a estrutura psíquica e isso é tão sério que os jogos alteraram a personalidade, não era apenas um comportamento", lamentou.
Camila Ribeiro/HNT

Jair Donato é jornalista e psicólogo, e autor do livro “SMARTPHONE – E os perigos para o cérebro de crianças e adolescentes”
"A afetividade não existia, o senso de empatia não existia. O excesso do uso em telas acessa determinadas que perde-se a empatia, faz com que a pessoa não desenvolva essas habilidades", concluiu Donato.
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LIVRO ABORDA PERIGOS DOS CELULARES AO CÉREBRO
Jair Donato é autor do livro “SMARTPHONE – E os perigos para o cérebro de crianças e adolescentes”, que será lançado em de 16 agosto no espaço Umanos Editora no Shopping Goiabeiras.
O título busca orientar os pais, tutores e professores a como lidar com os menores quando o celular se torna um risco ao invés de ser uma ferramenta de crescimento.
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