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Artigos Sexta-feira, 09 de Outubro de 2020, 09:06 - A | A

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Sexta-feira, 09 de Outubro de 2020, 09h:06 - A | A

NEILA BARRETO

Mestre Ranulpho e o Museu do Futebol no Dutrinha

NEILA BARRETO

ARQUIVO PESSOAL

NEILA BARRETO

Durante a minha infância, adolescência e até a fase adulta morei na Rua 24 de Outubro. Ali no bairro Lava-pés. Agora virou Goiabeiras. Desde essa época a minha vida já estava ligada à história, à água, às pessoas e aos esportes. Temas limpos e ricos de serem explorados. Nesse vai e vem com a vida, a escola, a leitura, a pesquisa, o saber recebeu maiores atenções.

Na Rua 24 de Outubro, professores de destaques marcaram jovens mato-grossenses: Francisval de Brito, Maria Nery Batista Ribeiro, Maria Auxiliadora de Carvalho, Floriano de Carvalho, Gracildes, Maria Antônia Galvão entre outros, mas um foi para mim muito especial. Campo-grandense de nascimento (17/03/1913), adotou Cuiabá como sua cidade natal.

Professor de história, português, do Liceu Cuiabano, hoje, “Maria de Arruda Muller”, Escola Técnica de Comércio, José Barnabé de Mesquita. Defendeu tese à cátedra de Língua Portuguesa e foi mestre de tantas gerações de mato-grossenses e cuiabanos ilustres. Interessante! Não foi o meu professor de fato. A minha admiração vinha dos corredores do Liceu Cuiabano e da própria Rua 24 de Outubro.

No entanto, a sua postura e o seu comportamento povoaram o meu inconsciente, pela delicadeza e a forma de ensinar. Seu nome: Ranulpho Paes de Barros. Cuiabano desde 15 de dezembro de 1965, era apaixonado pelo magistério, pela política, futebol, jornalismo, além da preocupação com a família. O jornalismo, desde jovem, foi exercido em sua cidade natal, no jornal ‘Correio do Sul’.

No Rio de Janeiro, onde estudou Direito, foi redator do ‘Jornal dos Esportes’ e, mais tarde, na imprensa mato-grossense, destacou-se, entre outros, como diretor da rádio A ‘Voz do Oeste’, ‘O Estado de Mato Grosso’, ‘O Social Democrata’, a ‘Tribuna Esportiva’ e, por último ‘A Folha Mato-grossense’, do qual foi o fundador, ao lado de Ary Paes Barreto, Ananias Vieira da Silva e Adair Lúcia da Silva, cuja redação ficava na rua Marechal Deodoro, 1063, na capital.

Na política, foi vereador por Cuiabá (1962-1966). Presidente do Poder Legislativo. Fundou o diretório do PSD Partido Social Brasileiro, sendo presidente e secretário da antiga ARENA-Aliança Renovadora Nacional, além de exercer os cargos de secretário-geral da Caixa Econômica Federal, diretor do SESC-SENAC e diretor da imprensa oficial. Foi fundador, presidente, diretor e treinador do Mixto Esporte Clube, ao lado de Maria Machado, Gastão de Matos, Naly Hugueney Siqueira, Avelino, Maninho, Zulmira Canavarros, no dia 20/05/1934.

No clube, participou de todos os títulos conquistados. Foi presidente da Federação mato-grossense de desportos (1937-1975). Primeiro presidente do Conselho Regional de Desportos - (1939-1975) e, depois, membro efetivo. Fundador da Liga Independente do Futebol Cuiabano. Ranulpho foi também treinador da Seleção Mato-grossense, e por isso mereceu o seu nome no álbum de “Ídolos do Futebol Brasileiro”. Fundou a Associação Mato-grossense de Cronistas Esportivos – AMACE, em 12 de março de 1972, em companhia de Gervásio Leite, Joaquim Leite Neto e Edipson Morbeck.

A lembrança do professor Ranulpho ficou marcada por um pequeno trecho escrito na ajuda em uma festividade escolar para esta aluna, que ficou assim registrado: “Em nossa fundação universitária, a juventude escolar mostra a nossa terra, à sua gente, que possui o dote singular do saber”. “A arte de estudar dignifica o homem, a mulher, enfim, o ser humano. Amplia o campo da visão e forma um conceito próprio. (...). Gratidão professor.

Nos dias atuais, nos grandes mercados brasileiros e quiçá internacionais, a juventude dentro de uma filosofia, em nível superior, terá sempre o seu lugar de destaque pelo trabalho, pois mostrará sempre o poder de criar as coisas, com técnica apurada. (...).  Não terá o mestre como assessor. (...). Mostrará conhecimentos com perfeição, honestidade, dignidade e conceito próprio, acima de tudo. Sinto-me feliz, como paraninfo”. A lembrança do professor, do jornalista, do batalhador pelos esportes e, principalmente, do futebol, me leva a uni-lo à história dos gols, títulos e glórias, a história do futebol no Estado de Mato Grosso.

O futebol que faz despertar a chama da paixão, da provocação dos delírios, de lembrança doídas e doloridas que empolgaram homens e mulheres mato-grossenses e fizeram vibrar paixões, ora nos estádios Presidente Dutra, ora no Verdão, hoje, Arena Pantanal Eng. José Manoel Fontanillas Fragelli, ou em outros campos simples e comuns. Sendo o futebol uma representação das atividades sociais, culturais, políticas, econômicas no mundo, é importante a preservação dos seus valores, bem como, da memória dos seus representantes.

Quando da inauguração do estádio Eng. José Manoel Fragelli, o Ex senador Vicente Vuolo desenvolvia enorme campanha para que fosse dado o nome de Ranulpho Paes de Barros ao referido estádio. À época, o professor Ranulfo já com a perna direita amputada chamou o seu filho Antero Paes de Barros em seu quarto e pediu-lhe para que fosse falar com o vereador Benedito Alves Ferraz, na época presidente da Câmara e pedir-lhe que não permitisse retirar o nome do Dr. Fragelli. Assim, o filho procedeu.

Antero Paes de Barros, lembra que, “ muito jovem, estava orgulhoso da campanha desenvolvida pelo Vuolo e tentou argumentar: "mas pai..." E ele interrompeu-me: "Não meu filho, vá lá e diga ao Benedito Alves Ferraz, presidente da Câmara que não permita isso, o Fragelli realizou o sonho de todos nós". Assim, Antero procedeu. “ Meu pai foi atendido”.

Então, chegou a hora de Francisco Vuolo – filho, cumprir o desejo de Vicente Vuolo – pai, reverenciando o Museu do futebol, no Estádio Dutrinha, com o nome do professor Ranulpho Paes Barros, concedendo-lhe esta honra. 

Diante deste fato, apresentamos ao secretário de Cultura, esportes e lazer, Francisco Vuolo, essa luta, uma vez que, era um desejo do Senador Vuolo, fazer renascer essa paixão pulsante em todos mato-grossenses, por meio da história e da memória, para que ele permaneça vivo, e para que o futuro conheça o belo e mais apaixonante do futebol, preservando fatos e imagens que fizeram parte do inconsciente coletivo dos mato-grossenses, em relação ao esporte mato-grossense.

Ranulpho Paes de Barros casado com Almira Malhado Paes de Barros. São pais de José Luís, Helena Maria, Antero e Luís Carlos. Tem muitos netos e bisnetos.

Faleceu em Cuiabá, em 20 de fevereiro de 1975.

 

(*) NEILA BARRETO é jornalista, escritora, historiadora e Mestre em História e escreve às sextas-feiras para HiperNotíciasE-mail: [email protected]

 

 

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Telma Cenira Couto da Silva 09/10/2020

Lindo artigo, Neila. O prof. Ranulpho foi meu professor de português no antigo Colégio Estadual de Mato Grosso, hoje Maria Muller, antes que eu deixasse Cuiabá para terminar o ensino médio em Brasília. Sempre tive um carinho muito grande por ele. Um homem educado e íntegro, e merecedor de toda homenagem que lhe prestarem.

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