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Artigos Sexta-feira, 14 de Dezembro de 2012, 10:00 - A | A

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Sexta-feira, 14 de Dezembro de 2012, 10h:00 - A | A

Maraiwatsede: “Eu só peço a Deus”

Esta uma luta onde todos têm direito (...) Eu hoje também me sinto culpado por cada lágrima derramada em Maraiwatsede / Suiá-Missú, seja esta lágrima vinda de um índio ou de um posseiro. Sei o quanto é difícil sonhar e ver a realidade ser outra.

EVANDRO CARLOS

Divulgação


Eu ainda era um garotinho no sul do Brasil quando, em pleno inverno, recebemos a visita de meu bisavô paterno, um italiano que possuía um nome nada comum - Máximo Fracasso.

Veio para passar dois ou três dias, afinal ele tinha um grande carinho por nós, e foi durante este passeio que aquele velho imigrante me chamou a atenção por um momento que nunca mais apagou se de minha memória.

Tínhamos uma bela propriedade rural e naquela tarde fria meu bisavô caminhou comigo para trás de um pomar, próximo a um galpão de cereais e a uma linda plantação de trigo.

O velho agachou-se, pegou um punhado de terra e me perguntou com seu sotaque carregado: “O que isto coso (esta coisa)”? Eu disse... “Terra”. Então ele completou: “Terra sempre terra”, e finalizou: “É por isso que estamos aqui”. Então deixou escorrer entre suas mãos, um punhado daquela terra vermelha do sudoeste paranaense.

Poucos anos depois vim para o Mato Grosso com minha família e o motivo principal, trocamos nosso sitio por outro, seis vezes maior, e sempre que tinha saudades de minha infância ressurgia aquela cena de inverno, eu me lembrava de meu bisavô, mas não entendia nada do que ele quis dizer.

Hoje mais de trinta anos depois, olhando o caso Maraiwatsede / Suiá-Missú, entendo o recado do velho Máximo Fracasso.

A terra é a maior causa de uma luta sem fim, onde todos têm direito, mas, por fim, muitos não o tem, e eu hoje também me sinto culpado por cada lágrima derramada em Maraiwatsede / Suiá-Missú, seja esta lágrima vinda de um índio ou de um posseiro. Sei o quanto é difícil sonhar e ver a realidade ser outra.

Diz um provérbio popular muito citado ”que para valer á vida, temos que nos apaixonar, pois somente assim entenderemos o principio da razão e da emoção”, mas para se apaixonar temos que ter uma causa, uma luta maior.

Maraiwatsede / Suiá-Missú é tudo isso para posseiros e para índios, “uma causa, uma luta maior”. Lá todos têm direito e nós, como Poder Público, é que fomos incompetentes, deixamos chegar aonde chegou.

Ironicamente, uma paixão precisa de um poema e de uma canção, então, a dor de Maraiwatsede / Suiá-Missú pode ser retratada, viva, pura, nua e crua no poema “Eu só peço a Deus ”, escrito por Leon Gieco e Raul Ellwanger, e que teve seus versos cantados por Beth Carvalho e Mercedes Soza.

“Eu só peço a Deus que a dor não me seja indiferente / Que a morte não me encontre um dia / Solitário sem ter feito o que eu queria / Eu só peço a Deus que a injustiça não me seja indiferente / Pois não posso dar a outra face / Se já fui machucado brutalmente / Eu só peço a Deus que a guerra não me seja indiferente / É um monstro grande e pisa forte / Toda fome e inocência dessa gente / Eu só peço a Deus que a mentira não me seja indiferente / Se um só traidor tem mais poder que um povo / Que este povo não esqueça facilmente / Eu só peço a Deus que o futuro não me seja indiferente / Sem ter que fugir desenganado / Pra viver uma cultura diferente”.

(*) EVANDRO CARLOS é jornalista e conhece o Norte Araguaia desde 1986.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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Luiz fernando 16/12/2012

Não prescisava nunca chegar a um ponto destes,. Quanta terra, estes indios poderiam ocupar e defender a mata, quanta coisa boa dava pra ser feito, era só usar um pouquinho de bom senso, coisa que os outros interessados na questão não admitem e os indios ficam feito idiótas no meio do fogo cruzado, alguns com um bocado de euro no bolso a mais que outros. Mas isso é outra história.....

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katia 14/12/2012

Olha só, eu sabia que o Evandro Carlos era um excelente radialista, mas não conhecia esta veia de escritor dele, mew lembro dele fazendo um programa muito bom em Vila Rica chamdo Critica e Autocritica na radio eldorado FM, não alisava ninguem,eu confirmo o que ele esta dizendo aqui é amis pura verdade sobre o Araguaia

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Pedro 14/12/2012

Sigam este Link e vocês passarão a entender melhor esta revolução que os políticos dessa região querem promover a todo custo. Ai esta um comício em 1992 incitando o povo a grilar as Terras dos Xavantes, que foram expulsos delas sem direito a reclamar os que foram recolhidos foram levados KM dali e os que fugiram para a mata nunca mais foram vistos, e ai quem sentiu a dor por eles? http://www..com.br/conteudo.php?sid=3&cid=143439

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roberto curintiano 14/12/2012

Muito bão este texto,coitado dos iludido que são a maioria, mas me diz e aquela meia duzia de grileiros tipo o Alemão, ex viceprefeito de alto boa vista, o vereador de rondonopolis que tem nome de turco,o prefeito de São Felis do Araguaia, Filemão Lomoeiro, o desembargador e uns otros será que são inocenti, o cara que escreveu a noticia ai foi bem na ferida quando falo que a culpa é do poder publico, é e verdade principalmente desta meia duzia, os inocenti dos trablahadores foraum iludidos.Cadeia pra esta corja

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eliane 14/12/2012

olha eu também tenho pena dos moradores do posto da mata, mas o que tem de politico mal intencionado tirando proveito, minha irmã mora na região e me disse que todo problema que ta tendo na região, os prefeitos tão dizendo que a culpa e da Dilma e do Sirval,ooo cambada

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Antonio P. Pacheco 14/12/2012

A Suiá Missú é terra de brasileiros, indiferente que seja de etnia Xavante ou mestiça de todas as nações como o são os posseiros. Todos lá, são BRASILEIROS, e como tais tem todo o direito sobre a terra. Incompetente foi o GOVERNO, foram os POLITICOS, que tem o poder de DIVIDIR A TERRA COM JUSTIÇA, mas preferiram se omitir, ou pior: prevaricarem em favor de si mesmos e de seus patrocinadores. A dor, o sofrimento, a tortura psicológica e física que os moradores de Estrela do Araguaia (POsto da Mata)vivem é um crime de LESA PÁTRIA de absurda traição do Governo ao povo. A razão está sendo moida à balas (por enquanto, de borracha), a Justiça está sendo triturada sob as botas dos soldados. É trágico, é surreal, é triste, mas, infelizmente, é o NOSSO BRASIL.

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Cristina sá 14/12/2012

Muito interressante a forma como o artigo foi feito, tenho acompanhado na midia e é dificil entender os dois lados, o autor foi inteligente colocou um fato pessoal, seu conhecimento na causa e uma letra pra concluir seu racicionio.

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Antonio Cavalcante Filho 14/12/2012

A Terra Indígena Marawãtsede é do povo nativo Xavante. Os invasores sejam eles posseiros ou grileiros tem que sair. Notificações e listas oficiais do governo revelam envolvimento de latifundiários, vereadores, prefeitos e até um desembargador nessa ocupação ilegal. A Terra Indígena Marawãtsede é repleta de fazendas de gado. A pecuáia que toma conta da área é responsável por mais de 45% do desmatamento e entrega aos supermercados e aos consumidores carne com sabor de ilegalidade.Em 2010 Marãiwatsede (MT) recebeu o triste título de área mais devastada da Amazônia. Os índios estão de volta e querem recuperar seu território. Nada mais justo.

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Keka Werneck 14/12/2012

Muito bonito esse artigo!

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9 comentários

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