Segunda-feira, 17 de Fevereiro de 2025
facebook001.png instagram001.png twitter001.png youtube001.png whatsapp001.png
dolar R$ 5,70
euro R$ 5,99
libra R$ 5,99

00:00:00

image
facebook001.png instagram001.png twitter001.png youtube001.png whatsapp001.png

00:00:00

image
dolar R$ 5,70
euro R$ 5,99
libra R$ 5,99

Artigos Segunda-feira, 04 de Março de 2013, 16:21 - A | A

facebook instagram twitter youtube whatsapp

Segunda-feira, 04 de Março de 2013, 16h:21 - A | A

Homem de fé

Nunca a Igreja viveu uma crise moral de tamanha envergadura. Nunca um homem teve uma decisão tão sensata e santificada quanto ao destino da instituição, como Bento XVI. Com sua abdicação, ele adiantou o relógio das mudanças espirituais ....

PAULO LEITE

RAY REIS


Em 1294, Celestino V, um monge eremita beneditino, renunciou ao Trono de São Pedro, após alguns meses de um frustrante pontificado. Deixando-se enredar por intrigas diplomáticas da Europa medieval, o papa era homem de muita fé, mas refém de conspirações e artimanhas políticas perpetradas à sombra das colinas do Vaticano. A Igreja ficou à deriva e sua abdicação tornou-se uma conseqüência natural em razão do poder principesco do alto clero romano.


Sete séculos depois, um outro evento similar expõe novamente as contradições políticas da Cúria. Bento XVI abdica ao pontificado e propõe, com seu ato, uma completa revisão na gestão do catolicismo. Sob a batina do papa ausente pairam dúvidas como o celibato, a pedofilia, a lavagem de dinheiro e a associação com a máfia.

Nunca a Igreja viveu uma crise moral de tamanha envergadura. Nunca um homem teve uma decisão tão sensata e santificada quanto ao destino da instituição, como Bento XVI. Com sua abdicação, ele adiantou o relógio das mudanças espirituais e permitiu que 1 bilhão de fiéis, ao redor do planeta, fossem convocados para um debate sobre a organização e a própria liturgia da religião.

Renunciar não é fácil. Calar-se diante do caos é ainda mais difícil. Bento XVI fez da renúncia e do silêncio um ato político de proporções ainda inimagináveis. Ele impõe-se no Vaticano, a partir de agora, como uma colunata ética, a sustentar as decisões vindouras do corpo cardinalício. Sua vida intra-muros suscita a presença do “olho” que tudo vê. Mesmo quieto, o papa emérito falará em suas orações e estudos.
Aliás, Josef Ratzinger é o mais brilhante teólogo de sua geração. Um intelectual com bagagem e respeitabilidade.

Cada gesto, cada aparição pública e cada palavra sussurrada por Bento XVI, daqui em diante, terão o peso de uma sentença e provocarão um terremoto capaz de abalar as estruturas carcomidas e modorrentas da Santa Sé.

Porém, seu silêncio incomodará mais que mil trovoadas sobre a cúpula da Basílica de São Pedro... Seu silêncio será um ato de fé, revestido de grande propriedade institucional.

Ao renunciar ao mais eloqüente cargo político e espiritual do planeta, Bento XVI santificou-se a si próprio e fundou uma nova perspectiva para a Igreja. Qual seja: a revitalização ética, a modernização na gestão da Cúria e a sinceridade no relacionamento com os fiéis espalhados pelo mundo.

Portanto, a renúncia, neste caso, não pode ser encarada como o último recurso de um tíbio. Muito menos como o reconhecimento de um fracasso. Mas sim, como a alternativa de um homem forte, consciente de seus deveres e de seu papel na História. Bento XVI renunciou ao pontificado, não a fé. Sua trincheira agora serão as orações.

(*) PAULO LEITE é jornalista e escritor.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.

Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.

Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM  e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.

Álbum de fotos

RAY REIS

RAY REIS

Comente esta notícia

Algo errado nesta matéria ?

Use este espaço apenas para a comunicação de erros