Do interior de Santa Catarina para o agronegócio mato-grossense, a trajetória do produtor rural Dirceu Luiz Zanella, de 69 anos, é marcada por coragem, sacrifício e um propósito que atravessa gerações. Natural de Coronel Freitas, Santa Catarina, Dirceu chegou em Mato Grosso em 1980, em busca de oportunidades e movido pelo sonho de construir um futuro melhor para sua família, assim como os irmãos que aqui residiam.
A mudança para Mato Grosso começou em 1988, quando Dirceu, a esposa e a filha pequena decidiram tentar a vida em terras mato-grossenses.“A vinda para o Mato Grosso começou através dos meus irmãos que tinham terras aqui e começaram a fazer propostas para eu vir para cá. Em 1988 nós viemos morar. Inicialmente com bastante dificuldade, nós éramos empregados dos meus irmãos e fomos continuando a vida assim. Até que minhas crianças cresceram e precisaram estudar, então nós partimos e viemos morar em Campo de Júlio”, relembra.
Já em terras mato-grossenses, em Campos de Júlio, Dirceu comprou 150 hectares de terra e iniciou a realização de um antigo sonho: ser, ao mesmo tempo, produtor de soja e criador de gado. Hoje, ele ressalta que sente orgulho de conseguir aumentar sua área cultivando milho, milho pipoca, feijão e soja, além de trabalhar com pecuária.“Meu maior desafio era ser produtor de soja e criador de gado. E essa meta eu consegui, hoje nós temos os dois”, diz, com orgulho.
Apesar das conquistas, houve momentos de dificuldades onde Dirceu pensou em desistir e voltar para Santa Catarina. Além disso, ao longo dos 47 anos de casamento, ele reconhece que o trabalho intenso, principalmente nos primeiros anos em Mato Grosso, impactou o relacionamento familiar, deixando-o em segundo plano.
“Quem segurou a barra foi minha esposa. De Santa Catarina para cá, a relação mudou um pouco. Aqui era mais serviço e talvez a família ficava um pouco abandonada, porque não tinha transporte, telefone e água”, admite. Hoje, a fazenda de Dirceu é conduzida pelos filhos, um símbolo vivo do legado que tanto valorizou. “Todo pai e mãe tem uma raiz. Meus pais deixaram algo pra mim, e eu também quis deixar para os meus filhos.
Hoje, a fazenda é quase só deles, são eles que comandam. Eu gostaria também que meus filhos continuassem passando de geração em geração. As crianças precisam aprender um pouco mais sobre a agricultura, pois a agricultura é o progresso do nosso município e do nosso Brasil”, afirmou.
Esse legado carrega também uma marca profunda da história pessoal de Dirceu. A propriedade leva o nome de Fazenda São Marcos, uma homenagem ao seu filho falecido Marcos Zanella. “É algo que marca até hoje. O nome da fazenda lembra o nome do meu filho, é uma homenagem. Um dom que tenho por São Marcos e pelo meu filho, que foi um guerreiro”, relembra com carinho.
Para Dirceu, o produtor rural precisa acreditar no agronegócio e seguir firme, mesmo com os altos e baixos, para ajudar no desenvolvimento do país. “Tem que acreditar no agronegócio, na Aprosoja MT, que trouxe muita coisa boa para o setor. E ficar com pé firme, não gastar mais que recebe, porque tem altos e baixos, não é só alegria, mas dá para levar”, afirma.
Ao olhar para trás, ele reconhece que a decisão de vir para Mato Grosso foi um risco que valeu a pena e agradece. “Foi uma aventura que deu certo. Hoje eu agradeço a Deus, à minha família e aos amigos que fiz nessa caminhada”, diz.
Entre lutas e vitórias, a história de Dirceu Luiz Zanella é, acima de tudo, um testemunho de fé, resiliência e amor à terra. Uma vida inteira dedicada ao campo, com raízes profundas em solo mato-grossense e um ensinamento vivo enraizado no coração dos filhos que seguem o seu legado.
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