A votação investigada na Operação Perfídia, que resultou no pagamento de R$ 4,8 milhões da Prefeitura de Cuiabá à HB20 Construções, foi conduzida pelo vereador Chico 2000 (PL), ex-presidente da Câmara e um dos investigados no caso. Na sessão de 21 de setembro de 2023, ele apresentou quatro mensagens do ex-prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) e um requerimento de urgência especial que acelerou a tramitação, dispensando análise por comissões.
Durante a votação, Chico tranquilizou os colegas, afirmando que o processo estava "cem por cento saneado, cumprindo todas as exigências legais". As mensagens aprovadas autorizavam o reparcelamento de dívidas com INSS, FGTS, Imposto de Renda e contratos, viabilizando a emissão de certidões federais e liberando repasses à construtora, suspeita de pagar propina a vereadores.
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As dívidas bloquearam as certidões da Prefeitura junto a União, impedindo o recebimento de verbas do governo federal. O fato foi destacado por Chico na tribuna. As mensagens 022, 024, 025 e 026/2023 liberavam Emanuel a renegociar as pendências em 60 vezes.
As certidões foram mencionadas pelo topógrafo da HB20, João Jorge Souza Catalan, em depoimento a Polícia Civil ao explicar como funcionava o esquema de propina. "(...) possível observar que os pagamentos de propina ocorreram em data posterior a uma votação na Câmara", assevera trecho do inquérito da Operação Perfídia que apura a denúncia.
Sargento Joelson (PSB) é apontado como articulador dos votos no Legislativo. Em troca de mensagens com o topógrafo ele afirma que Chico teria dado o "aval" para avançar com as negociações. Esse é o único momento que o ex-presidente é citado. Segundo o inquérito, Joelson mantinha contato constante com João Jorge, fazendo, inclusive, cobranças das transferências que eram enviadas a um interposto, identificado como o empresário José Marcio da Silva Cunha. Os autos apontam que o empresário era "laranja" de Joelson e cedeu sua conta bancária para receber R$ 150 mil em propina.
PIX FORAM FEITOS CONTA DE "LARANJA"
A primeira transferência de R$ 50 mil foi feita em 11 de outubro de 2023. João Jorge avisa ao contato salvo como 'Sargento vereador' que fará a operação. "Já, já, em 30 minutos, está na conta", diz uma mensagem do funcionário da empreiteira. "Ok. Daí você me manda", responde o contato identificado com a foto de Joelson.
A próxima parcela de R$ 50 mil é realizada três dias depois, em 14 de outubro. No mesmo dia, João Jorge transfere mais R$ 25 mil e em 18 de outubro faz um Pix de R$ 25 mil, totalizando R$ 150 mil.
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JOELSON E CHICO SEGUEM AFASTADOS
Os dois vereadores investigados seguem afastados. O procurador-geral da Câmara, Eduardo Eustáquio, recomendou à presidente Paula Calil (PL) que ainda não convoque os suplentes pois o regimento determina que a substituição ocorra, no mínimo, por 30 dias e a Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor) pode concluir as investigações em 15 dias, o que, segundo ele, geraria um "imbróglio".
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