Cattani critica Abilio e diz que regularização passa recado de "pró-invasões"

Deputado estadual ataca a decisão do correligionário, prefeito Abilio Brunini, de regularizar a área invadida, classificando a ação como incoerente e um desestímulo a quem aguarda por programas habitacionais.

ALINE COÊLHO
DA REDAÇÃO/ DO LOCAL

Reprodução/ALMT

O deputado estadual Gilberto Cattani (PL) voltou a criticar duramente a atitude do prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), que optou por regularizar a área ocupada no Contorno Leste com R$ 30 milhões oriundos da desapropriação da área pública ocupada pelo aeroporto do Grupo Bom Futuro. Cattani, que compartilha a ideologia de direita com Abilio, baseada na defesa do direito à propriedade, classificou a medida como incoerente e uma validação da ilegalidade.

“O recado que está sendo dado é esse: invada que eu regulamento,” disparou Cattani, ao lamentar que a ação beneficie invasores em detrimento de quem está legalmente na fila de programas habitacionais. O deputado reforçou que a decisão de Abilio desvaloriza quem segue as regras.

“Pessoas que não invadiram nada de ninguém, que estão na fila esperando para serem beneficiadas, e que não vão ser beneficiadas, e quem invadiu vai ser beneficiado. [...] É um crime. [...] é incoerente, é desnecessário, é uma coisa que não devia ser feita”, concluiu Cattani, embora tenha contemporizado ao reconhecer o argumento humanitário do prefeito.

O DILEMA IDEOLÓGICO

Cattani já havia questionado publicamente a atitude do prefeito por estar em desacordo com a ideologia de direita que ambos defendem. Abilio Brunini, por sua vez, já admitiu que a medida "contraria valores que ele mesmo defende".

No entanto, justificou sua posição como uma escolha por uma solução humanitária em uma situação consolidada, uma vez que a ocupação se deu em 2023, mesmo que isso gere desgaste político em sua própria base eleitoral.

O prefeito manteve e expandiu sua decisão, afirmando que pretende regularizar outras áreas ocupadas de forma semelhante em Cuiabá, imaginando que, com a medida, ele "apenas perderá votos".