A defesa do Enter Hospital, interditado pelo município de Cuiabá, protocolou denúncia no Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) solicitando a instauração de procedimento para investigar a prática de tráfico de influência e corrupção passiva na Vigilância Sanitária. O impasse envolve ainda o presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Diogo Sampaio, que teria atuado na fiscalização, mesmo tendo negociado pouco tempo antes a função de diretor técnico do hospital. O presidente do CRM nega as alegações.
O imbróglio veio à tona nesta segunda-feira (4) depois que a defesa do Enter Hospital emitiu nota expondo os supostos interesses de Diogo Sampaio, bem como suposta negociação de propina arquitetada pelo ex-diretor da unidade junto a servidores da Saúde de Cuiabá.
O hospital alega que demitiu o colaborador responsável pela negociata e iniciou as tratativas com Diogo Sampaio para que assumisse a diretoria. Ao mesmo tempo, os agentes públicos da Vigilância Sanitária, por saberem que não receberiam propina, teriam começado as retaliações ao hospital.
Documento cita que a primeira interdição se deu em abril deste ano. No final julho, a Vigilância Sanitária emitiu termo atestando que todas as irregularidades foram sanadas. Um mês depois, o hospital passou a funcionar com alvará. Logo em seguida, em setembro, uma nova fiscalização contradisse a conclusão da própria Vigilância Sanitária em julho e interditou novamente a unidade.
O prazo para regularização das pendências era de 60 dias, contudo, antes do vencimento do prazo houve nova fiscalização na qual as autoridades lacraram o estabelecimento. As inconsistências dos inúmeros termos de notificação emitidos pela VISA, segundo a defesa do Enter Hospital, dão indícios de irregularidades nas fiscalizações do órgão.
DIOGO SAMPAIO
A peça também traz novos elementos que demonstram mais diretamente as tratativas do presidente do CRM, Diogo Sampaio, para assumir a diretoria técnica do hospital. As negociações teriam se frustrado após divergências sobre a remuneração pelo cargo. O valor poderia chegar a até R$ 20 mil.
A defesa do Enter Hospital pede que o MP investigue o anestesiologista por tráfico de influência junto ao CRM, Vigilância Sanitária e até mesmo à Saúde de Cuiabá. Em uma das conversas, um dos representantes do hospital pede para explicitamente a indicação de uma pessoa influente entre os médicos e Sampaio responde: "serve o presidente do CRM?".
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Em nota, Diogo Sampaio admitiu ter negociado para assumir a diretoria técnica do Enter Hospital, mas alegou que sua eventual formalização no cargo dependia da regularização da unidade. Ele também negou que tenha atuado diretamente nas fiscalizações e indicou que o processo envolvendo o Enter no CRM está sob responsabilidade de outros médicos.
De acordo com Sampaio, as mensagens trocadas entre ele e os representantes da unidade hospitalar estão sendo tiradas de contexto e usadas de forma equivocada.
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