Após o incêndio que atingiu o edifício Sunset Boulevard, de 23 andares, no bairro Araés, em Cuiabá, onde dezenas de pessoas, das 92 famílias que moram no local, foram hospitalizadas devido a inalação da fumaça tóxica que se acumulou no prédio, médicos fazem alerta para os danos à saúde que essas pessoas podem estar sujeitas.
Segundo o professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e médico pneumologista, Clóvis Botelho, inalar fumaça tóxica pode causar irritação e queimadura nas vias respiratórias, mas diz que existe tratamento para o problema. Porém, em lesões graves, como de edema generalizado, pode até levar ao risco de morte.
| s Walmir Santana/HiperNotícia |
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“Pode gerar casos de bronquite, de pneumologia, de infecção respiratória ou até mesmo o óbito. Depende da quantidade da fumaça e das propriedades que ela compõe”, explica o especialista.
Segundo o porta-voz dos moradores do condomínio, o advogado Wendel Rolim, idosos e crianças tiveram a saúde afetada devido a inalação da fumaça que tomou conta dos corredores do edifício.
O médico diz que nessa faixa etária dos afetados, o organismo é mais sensível. "No caso dos idosos, devido o processo de envelhecimento e nas crianças, porque o organismo ainda não está totalmente formado”.
De acordo com o pneumologista, além da irritação que a fumaça provoca, pode ocasionar queimadura. “É similar a uma queimadura de pele, ela tira a defesa do organismo. Causa inflamação e edema, e posteriormente infecção bacteriana que são as necroses dos tecidos”, explicou.
Através do exame de broncoscopia é possível visualizar a extensão da gravidade da lesão gerada pela inalação da fumaça.
A recuperação do paciente afetado depende da regeneração dos tecidos, como ocorre quando o fogo queima a pele.
Em se tratando de fumaça orgânica, os prejuízos para a saúde são menores, mas existem. No caso de lixo domésticos, por exemplo, são altamente tóxicos. "Porque não são apenas folhas, geralmente existem plásticos no meio ou outras substâncias, elas se volatizam e causam sérios problemas respiratórios”, revelou Clóvis Botelho.
Segundo o médico, na fumaça gerada no prédio provavelmente existem diferentes composições, entre elas isopor que é muito usado no sistema elétrico e plásticos. “É fumaça inorgânica, muito mais tóxica”, alertou.
CASOS GRAVES
Casos de insuficiência respiratória são graves. “Precisam de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), os pacientes são entubados e a ventilação mecânica ajuda na recuperação do organismo”, disse Botelho.
Antibióticos e anti-inflamatórios são usados no tratamento dos pacientes. “São medicamentos de proteção das vias aéreas que contribuem para o organismo se recuperar. Existem casos menos graves em que essa recuperação é rápida. Mas, quando são seguelas graves o tratamento é longo. É só fazer uma analogia com uma queimadura no corpo que atinge cerca de 50% ou 60% dele, o processo é demorado”, comparou Clóvis.
Ele citou ainda as vítimas da Boate Kiss, no Rio Grande do Sul, ocorrido em janeiro do ano passado. “Morreu muita gente (mais de 240) e outras ainda estão em tratamento, devido as seguelas e qualidade da fumaça”.
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