Chega a ser irritante ter que reiterar este tema. Mas, infelizmente, caro leitor, é necessário. O mundo é diariamente atacado por Donald Trump e precisa reagir à altura. Não se trata de uma sugestão juvenil ou irresponsável, mas de uma exigência democrática. As nações não podem assistir passivamente à tentativa de imposição de um poder imperial por parte do presidente norte-americano, como se o velho “modus operandi” das relações internacionais ainda valesse.
É claro que os Estados Unidos continuam sendo a maior potência militar do planeta. Contudo, resta saber se a insanidade de Galactus lhe permitiria colocar seu próprio país em guerra aberta com o resto do mundo. Uma aliança global de ganha-ganha, em defesa da humanidade, é necessária para pôr um freio nas loucuras do chefe de O Aprendiz.
A sede de poder e a megalomania de Trump - que imagino, ao se olhar no espelho, ver refletir Napoleão ou Hitler - mostraram-se ainda mais ousadas nesta semana. A partir da sua mesa no Salão Oval, editou uma ordem executiva - sem força de lei, mas útil para posicionar politicamente o seu governo - determinando a criação de um Fundo Soberano americano para financiar investimentos do país. Até aí, nada fora do comum: vários países têm seus fundos soberanos para gerir reservas e investir estrategicamente.
O problema veio depois. O Secretário do Tesouro, Scott Bessent, declarou à FOX que, daqui em diante, os EUA tratarão a riqueza de seus “aliados” como parte de um fundo soberano ampliado, direcionando esses recursos “a critério do presidente dos Estados Unidos”. E, por “aliados”, entenda-se aquelas nações que dependem da proteção militar americana - ou seja, países que, por necessidade ou conveniência, já vivem sob guarda-chuva estratégico de Washington.
O comentarista do programa FOX Business resumiu a ideia com precisão: “trata-se de uma apropriação offshore”. Exato. Nada diferente do que Inglaterra, França, Portugal e Espanha e outros países fizeram nos tempos coloniais das grandes navegações. Trump quer inaugurar o “neo-pós-colonialismo”: no lugar das caravelas, as big techs; no lugar de bandeiras fincadas em territórios, ativos digitais e fluxos financeiros sob controle direto da Casa Branca.
A resposta global a esse desarranjo precisa ser imediata. E acredito que o Brasil possa, sim, assumir protagonismo nesse movimento. As ligações que Lula fará a diversos chefes de Estado na próxima semana podem caminhar nesse sentido. Que o mundo mostre ao Trump que a humanidade pode muito bem viver sem as suas loucuras.
Não é porque por décadas nos falam que o conserto mundial é comandado a partir de Washington, que outro mundo não seja possível. Às vezes, as coisas só parecem óbvias porque são reiteradamente afirmadas - quando, na verdade, não precisam ser daquele jeito.
(*) OLIVEIROS MARQUES é sociólogo, publicitário e comunicador político.
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