Steffano Scarabottolo |
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Praticamente todas elas perderam o seu nome original, motivados, talvez, pelo oportunismo político que sempre existiu e que jamais será extinto.
Citarei uma das mais emblemáticas troca de nomes.
A antiga Rua da Boa Morte teve seu nome alterado para Rua Coronel Antonio Paes de Barros (Totó Paes) ex-governador do Estado de Mato Grosso. Depois sofreu outra alteração, e passou a ser denominada Rua Cândido Mariano da Silva Rondon – o maior sertanista do Brasil e cognominado Bandeirante do século XX, segundo o historiador cuiabano Rubens de Mendonça em seu livro Ruas de Cuiabá.
Imagino o constrangimento do grande humanista ao receber, em vida, essa solidariedade dos políticos da sua terra, ao ter de substituir o homenageado falecido.
Rondon é conhecido no mundo todo como pacificador, botânico, estudioso da nossa flora e fauna, militar disciplinado e disciplinador, mas, em sua cidade é chamado, pelos mais antigos, como Cândido Mariano.
Considerado um dos cinco maiores andarilhos da Terra. Por duas vezes foi indicado, por entidades estrangeiras, para o prêmio Nobel da Paz da Academia de Estocolmo. Mas, infelizmente não levou o troféu em nenhuma das vezes. No entanto, a distinção pelas indicações, já nos oferece a dimensão do seu trabalho e importância.
Seis anos após a sua morte, em 20/01/1958 no Rio de Janeiro, uma grande obra em sua cidade, o Aeroporto Internacional de Cuiabá e Várzea Grande foi batizado com seu nome.
Mais uma vez o destino das homenagens foi cruel com o nosso grande herói sertanista. Ele sempre preferiu andar a voar.
Só foi lembrado para emprestar o seu nome ao nosso aeroporto graças ao movimento político que assumiu os destinos desta nação àquela época.
Substituiu, por consenso, o nome oficial do aeroporto, que era Aeroporto Maria Thereza Goulart. Ela foi a responsável única pela construção da nova obra, e esposa do Presidente deposto João Goulart.
No afogadilho de agradar aos poderosos transitórios, muitas ruas tiveram seus nomes trocados, mas sem apoio do povo, que continuou a se referir a elas pelo nome antigo. Fato que prevalece até hoje.
Esse fenômeno deve acontecer em todo o Brasil, com certeza.
Apenas lamento essa dança de interesses explícitos que nos colocam muito mal no mundo civilizado.
* GABRIEL NOVIS NEVES é médico, professor fundador da UFMT e colaborador de HiperNotícias. E-mail: [email protected]
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