1. Profissionalização das campanhas eleitoraisNos últimos anos, observa-se um acelerado amadurecimento do mercado de marketing político no Brasil. Basta ver o número de eventos sobre o tema e a quantidade de pessoas interessadas. Hoje, cada gabinete — do vereador de uma pequena cidade ao deputado federal, senador ou prefeito — tem um profissional ou uma equipe dedicada à comunicação. Cada vez mais pessoas estão se capacitando e entrando no mercado. Nesse funil, muita gente boa vai se sobressaindo.
2. Campanhas cada vez mais inteligentesQuem não souber fazer uso intensivo de dados, especialmente em grande volume (Big Data), ficará para trás na disputa eleitoral. O marketing profissional é baseado em dados. Achismo é coisa de amador.
3. A Inteligência Artificial (IA) já é realidadeA IA não é mais o futuro, é o presente. Ela já é amplamente empregada em análises de sentimento em massa, microsegmentação, atendimento e comunicação personalizada, produção de textos, peças, imagens, músicas, entre outras tarefas.
4. Monitoramento de cenários mais profundoO mercado já oferece plataformas de monitoramento com múltiplas dimensões, que permitem aos profissionais de marketing analisarem, em tempo real, diversos aspectos determinantes da performance eleitoral.
5. Fragmentação das mídias e a “volta” do corpo a corpoNão só nas campanhas proporcionais, mas também nas majoritárias, o contato direto com os eleitores será cada vez mais importante (se é que algum dia deixou de ser). A atenção no digital está caindo; as mídias e a audiência são cada vez mais fragmentadas. Isso faz com que o contato presencial — o “olho no olho”, os eventos nas cidades e nos bairros e a construção de redes locais (lideranças comunitárias, igrejas, sindicatos, associações) — volte a ser um diferencial competitivo.
6. Ganha força a prestação de serviço e o relacionamento com o cidadãoUma consequência do uso da IA é a aproximação dos políticos com os eleitores em escala de massa. É possível prestar serviços ao cidadão, atendê-lo de forma cada vez mais personalizada e se relacionar com muitos eleitores ao mesmo tempo. Antes, isso exigia uma equipe enorme e a um custo altíssimo. A IA revolucionou o relacionamento com o cidadão.
7. A atenção cada vez mais dispersa exige campanhas curtas e diretasÉ cada vez mais difícil manter a atenção dos cidadãos. Vídeos longos, prolixos e sem ritmo são certeza de fracasso. A tendência é o encurtamento das mensagens: vídeos de 6 e 15 segundos, storytelling pessoal e conteúdo emocional serão sempre mais efetivos — ainda que pontos fora da curva possam existir.
8. Emoção é o elemento centralNão é novidade que a emoção move o eleitor (a neurociência já demonstrou). Contudo, é essencial que as campanhas captem as emoções básicas que movem cada contexto eleitoral específico. Aqui, não cabe receita pronta.
9. Disputa crescente entre candidatos digitais e candidaturas municipalistasSenadores, deputados estaduais e federais que farão campanhas baseadas em emendas, entregas e relações com prefeitos, vereadores e alinhamentos locais podem ser surpreendidos por candidatos com forte presença digital, especialmente aqueles que prestam algum tipo de serviço ou defendem bandeiras segmentadas. É bom aprender com o que já aconteceu em eleições passadas.
10. A polarização ainda importaUm dado levantado pela QUAEST ajuda a pensar o impacto da polarização em 2026. O instituto perguntou aos brasileiros como eles se localizam em uma escala ideológica, e o resultado foi:
• 19% lulistas ou petistas;
• 12% não lulistas ou petistas, mas mais à esquerda;
• 33% não têm posicionamento;
• 21% não são bolsonaristas, mas se consideram mais à direita;
• 12% bolsonaristas;
• 3% não souberam ou não responderam.Pode-se concluir:a) 31% estão mais à esquerda, 33% mais à direita e 36% não se posicionam (ou, em tese, estariam em uma posição mais ao centro);b) a maior parte da sociedade não se identifica com nenhum dos polos da chamada polarização — nem com o lulismo nem com o bolsonarismo — somando 12% + 33% + 21% = 66%.Ou seja: a polarização importa, mas não move a maioria.
(*) RODRIGO MENDES é publicitário, sociólogo e cientista político, especialista em marketing e mestre em Ciência Política pela UFMG. Foi professor da pós-graduação em Marketing Político da UFMG, assessor de marketing da Prefeitura de Belo Horizonte e secretário de Comunicação do Mato Grosso do Sul. Consultor dos governos de Alagoas e Sergipe e das Assembleias Legislativas de MG e PB. Atuou como consultor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de 2004 a 2010, sendo responsável pela campanha Vota Brasil. Participou de mais de 60 campanhas eleitorais em todo o Brasil. Autor dos livros Marketing Político: O Poder da Estratégia nas Campanhas Eleitorais e coautor de Marketing Eleitoral: Aprendendo com Campanhas Municipais Vitoriosas, além do e-book Novas Estratégias Eleitorais para um Novo Ambiente Político.
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