Sexta-feira, 12 de Dezembro de 2025
facebook001.png instagram001.png twitter001.png youtube001.png whatsapp001.png
dolar R$ 5,36
euro R$ 6,23
libra R$ 6,23

00:00:00

image
facebook001.png instagram001.png twitter001.png youtube001.png whatsapp001.png

00:00:00

image
dolar R$ 5,36
euro R$ 6,23
libra R$ 6,23

Artigos Sexta-feira, 12 de Dezembro de 2025, 14:48 - A | A

facebook instagram twitter youtube whatsapp

Sexta-feira, 12 de Dezembro de 2025, 14h:48 - A | A

BRUNO SOLLER

Agenda social derrota republicanos em Miami

“Chega da caos” foi o lema de ordem da campanha vitoriosa de Eileen Higgins, em Miami, encerrando um ciclo de quase três décadas de domínio ininterrupto dos republicanos na cidade.

BRUNO SOLLER

A realidade sempre se impõe sobre o discurso. De nada adiantam narrativas muito bem formadas, quando elas não coadunam com o factual. A derrota republicana em Miami escancara um problema que a administração do presidente Donald Trump tem observado em quase todas as campanhas locais que os Estados Unidos vivenciaram em 2025. Seu discurso de ordem e reorganização do país, após um governo marcado pela fragilidade de Joe Biden, não tem mais ganho terreno na sociedade americana, que está queixosa de resultados.

A crise social está cada vez mais aguda. A relação defasada entre os preços dos itens básicos e o aumento dos salários tem gerado um processo de perda de poder de compra que se acumula desde a pandemia da covid-19. As recentes taxações impostas pelo governo atual também impactaram sobremaneira em alguns itens básicos do dia a dia dos americanos, aumentando a insatisfação popular com o momento pelo qual o país atravessa. Esse sentimento econômico negativo tem gerado um desconforto com os rumos políticos e influenciado na forma como o eleitor está se comportando.

Depois de Zohran Mamdani, em Nova Iorque, Mikie Sherrill, em Nova Jersey, Abigail Spanberger, na Virgínia e a aprovação do referendo californiano de redesenho dos distritos eleitorais, proposto e defendido pelo governador Gavin Newson, a vitória com 60% dos votos de Eileen Higgins para a prefeitura de Miami, colocou o partido republicano no divã. A cidade mais hispânica dos Estados Unidos tem uma simbologia muito grande para entender como está se comportando um grupo eleitoral, que foi fundamental para o retorno de Trump à Casa Branca. Ser também a maior cidade do estado em que o presidente americano tem seu domicílio eleitoral é outro ativo que aumenta o valor simbólico desse resultado.

Ponto chave na desordem econômica, o preço dos alugueis e a falta de novas moradias acessíveis estão se tornando um bastião de defesa de uma agenda social por parte dos democratas. A apropriação da defesa de um novo pacto imobiliário, que persiga as especulações e oferte aos menos abastados moradia digna, está presente na proposta de todas as candidaturas que saíram vitoriosas das urnas, neste ano. Em Miami, não foi diferente. Higgins, com um histórico de ter sido comissária no Condado de Miami-Dade, sendo uma das responsáveis pela implementação do Magnus Brickell, um projeto que criou 500 novas unidades destinadas a residentes de baixa renda em uma região rica da cidade, prometeu a construção de novas moradias nos terrenos públicos da prefeitura de Miami.

A discussão sobre a reforma dos prazos de licenciamento e a desburocratização da aprovação de novas construções com o objetivo de terem interesse popular conduziu boa parte da candidatura democrata, já que Miami é uma das cidades mais severamente afetadas pelo aumento abusivo dos preços de aluguel e de compra de moradias. As pautas identitárias que tem marcado boa parte das plataformas democratas ficaram em um segundo plano em toda a corrida, mesmo com o fato histórico de Higgins ter sido a primeira mulher eleita para a prefeitura da cidade.

Os abusos por parte da polícia imigratória não deixaram de ser tema central nos debates, principalmente porque se observa um movimento que ultrapassa o razoável na relação com trabalhadores imigrantes, que por mais que estejam indocumentados, possuem uma vida regrada e não oferecem riscos para a segurança das pessoas. O grande apoio dado pelos latinos da Flórida a Trump e aos republicanos, de maneira geral, sempre foi por uma linha de combate aos imigrantes que buscavam a marginalidade e não àqueles que se adequam e aderem aos regramentos da sociedade americana.

A perda de acesso a programas de saúde, por exemplo, tem sido vistos como uma política de exclusão e repressão a estes trabalhadores, que estão em busca de prosperar em solo estado-unidense e que contribuem para a economia local, fazendo serviços que não seriam nunca preenchidos por norte-americanos, em um momento em que a taxa de desemprego no país ronda os 4%, que por mais que considerando o histórico do país não seja baixa, tem elementos bastante novos na relação do que é a realidade do atual mercado de trabalho, com um acréscimo da informalidade e os ganhos virtuais e digitais. Quando comparada com a média mundial, a taxa de desemprego nos EUA, está em patamares bem inferiores.

Os discursos inflamados de retomada da América, expressa no lema “grande de novo”, precisam necessariamente passar por uma reestruturação interna. As eleições locais demonstraram que não há mais clima para bravatas ou promessas vazias. O eleitor médio que respostas aos seus problemas do cotidiano, que só tem aumentado nos últimos tempos. O sonho americano está virando pesadelo, com uma inflação acima do esperado, aumento de moradores de rua, drogadição, violência urbana, diminuição de poder de compra e conflitos imigratórios. Com uma assertiva agenda social, os democratas estão conseguindo de certa maneira, dialogar com essa população que quer terra firme para pisar. Em momentos de turbulência, o primeiro passo é frear a tempestade e o slogan de Higgins foi extremamente preciso na proposta de dar um basta à bagunça generalizada. Que se vença o caos.

 

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.

Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.

Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM  e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.

Comente esta notícia

Algo errado nesta matéria ?

Use este espaço apenas para a comunicação de erros