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Artigos Quinta-feira, 12 de Junho de 2025, 13:44 - A | A

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Quinta-feira, 12 de Junho de 2025, 13h:44 - A | A

GABRIEL

Quando o mal estar dá lugar a uma vida ativa

GABRIEL

No princípio considerei que eram coisas da juventude. Atitudes impulsivas de alguém com recém completos vinte anos. Comparando com outros tantos a minha volta, algo de absurdo no meu comportamento era denunciado quando, entre uma ressaca e outra, eu me deitava pra dormir. Mas aquelas denúncias, aqueles avisos de que algo ia fora do prumo eram ignorados quando a noite caía e vinham as ondas de divertimento.

Outras pessoas, mais ou menos da mesma idade, pareciam fazer coisas mais ou menos como eu, um exagero aqui, uma pequena vergonha ali, uma dose a mais acolá, mas tudo voltava ao normal na segunda feira. O que eu não sabia é que o mal estar que eu sentia era algo diferente. Mais uma, e mais uma, e o esquecimento, e o amanhecer. O desespero em acordar. Um calafrio que não era no corpo porque era um mal estar de existir, de sentir-se mal por ter-se embriagado, e desesperado por estar sóbrio (muitas vezes sem lembrar o que aconteceu nas horas anteriores).

Então, veio mais um ano e mais um, e o comparativo mais ou menos em relação à minha geração ficava mais distante. Ao passo que as pessoas pareciam se divertir, minha vida parecia ser levada por uma torrente de emoções confusas que se misturavam entre a euforia da embriaguez e o remorso da ressaca. O mal estar em relação ao álcool ficava cada vez mais evidente, e vieram as tentativas de parar. Um mês, dois meses, uma semana, e sempre a volta. Arrastado pela torrente.

Numa ressaca gigantesca, pedi ajuda. Fui com um companheiro a uma reunião de Alcóolicos Anônimos. Não entendi, mas continuei voltando. Todo sábado ia à reunião, e comecei a entender. Entendi, mas não acreditei. Mas continuei voltando. Depois de alguns meses, mesmo sem acreditar que poderia funcionar para mim, estava funcionando. Estava sem beber, sem promessas de parar de beber, sem desespero por não beber, estava funcionando.

Fiz meu ingresso, e graças à Terceira Tradição fui aceito e convidado a participar como membro ativo do meu grupo base. Já se passaram algumas vinte e quatros horas desde a minha primeira visita ao grupo e aquele mal estar de existir aos poucos foi sendo substituído por uma vida ativa, uma vida em que o sentido de ser humano começou a consolidar-se em mim, que comecei a me ver como alguém capaz de ser e estar bem comigo e com os outros. Graças a um Poder Superior, na forma como concebo, hoje, e só por hoje, estou sóbrio.

(*) GABRIEL é nome fictício em respeito à tradição do anonimato.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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