Caso não tenham visto, certamente cruzaram com o chamado “Coldplaygate”. E talvez até tenham comido um morango do amor enquanto liam ou assistiam às diversas versões desses temas virais.
O meme da Guiana Brasileira começou com uma frase simples: “Fala, galera!”, usada por uma atleta portuguesa.
Criticaram, recuaram, e em seguida a internet estava tomada por memes sobre anexação cultural!
De repente, identidade, idioma e educação estavam misturados em um único meme.
Isso mostra como, no mundo de hoje, muitos fatos se tornam narrativas instantâneas e com pouco contexto.
Alguém fala algo, outro interpreta, a web transforma. E boom! Viralizou.
Mas será que houve mesmo um mal-entendido... ou apenas sensibilidades diferentes?
No caso da Guiana, houve quem demonstrasse choque cultural, quem esperasse mais formalidade vinda de Portugal e quem se sentisse provocado — como se fosse uma invasão de linguagem.
No caso do Coldplaygate, falamos de uma possível invasão de valores.
Mas... quantos pararam para perguntar: “O que a pessoa por trás disso tudo realmente quis dizer?
Ou ainda: “Qual é o meu papel mais humano e solidário diante desses fatos?”
Essas perguntas simples poderiam evitar o tour de memes invasivos, a polarização e o excesso de exposição que mais machuca do que acolhe.
Quantos de nós se colocou, de verdade, no lugar das famílias envolvidas nesses escândalos?
Diálogo construtivo começa com curiosidade e intenção genuína de ouvir a expressão do outro — com amor, não com julgamento.
Em vez de dizer “você está errado”, que tal perguntar:
– “Como você expressaria isso?”
– “Quais escolhas tem feito para sua vida íntima?”
– “Como posso apoiar?”
Só assim evitamos a escalada de ruído online que trata pessoas e histórias como coisas.
É tempo de refletir: o engraçado do meme só funciona porque a mensagem foi distorcida.
E isso não é necessariamente ruim — o humor é poderoso —, mas também é um sinal de que estamos falhando ao nos comunicar.
Quando algo viraliza, falta contexto e sobra interpretação unilateral.
E quando se julga sem empatia, falta o elemento essencial que nos torna humanos: a capacidade de acolher.
Em vez de só zoar, podemos criar textos ou vídeos explicando as diferenças culturais e linguísticas.
Ou ainda: nos desculpar pelas vezes em que escolhemos de forma leviana, ferimos alguém ou enganamos movidos por um desejo mais forte.
Ainda assim, seria viral — mas com respeito e aprendizado.
Do lado humano, cada pessoa entende uma gíria de forma diferente.
Por isso, troque fóruns por conversas diretas e inspiradoras.
Se um post viraliza e você percebe ruído, mande uma mensagem leve.
Pergunte com empatia: “Você quis dizer isso mesmo?”, se for algo sobre o qual valha a pena agir.
Escutar (assistir, ler) com calma e com alma, sem retaliação, desarma conflitos.
Envolve o outro no processo de explicação e faz o diálogo crescer.
A exposição virou inevitável; o que podemos escolher é a forma como recebemos e respondemos.
E se você se arrepender de uma resposta ríspida, automática ou invasiva — pause.
Devolva com humildade o que faltou antes: o pedido de desculpas.
Errar e acertar é o que nos torna quem somos.
O bom diálogo em meio à viralização depende de empatia e paciência.
Porque, no fim, entender o outro vale mais do que ganhar um meme ou ter a melhor resposta.
(*) CAROLINA AMORIM é Mentora Corporativa em Comunicação Não Violenta | Psicoterapeuta de Jovens e Famílias | Especialista em Desenvolvimento de Equipes e Cultura Organizacional.
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br
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