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O governo brasileiro literalmente brinca com fogo, praticando política econômica que aposta no aprofundamento da crise econômica europeia e americana como meio de obter um pouco menos de inflação. Dilma arrisca a credibilidade do Banco Central, duramente conquistada ao longo dos 16 anos entre 1995 e 2010.
A inflação anualizada já alcança 7.31% e dificilmente o teto de 6.5% não será ultrapassado em 2011, contra crescimento pífio de 3% ou 3.5%. O quadriênio Dilma poderá marcar-se por baixo incremento do PIB e inflação em torno de 6% ao ano. Poderão ser quatro anos perdidos: retrocesso nas políticas macroeconômicas e nada de reformas estruturais.
São várias as inflações, aliás. A dos mais pobres é mais alta que a dos mais ricos. A das anualidades escolares está em 8%. A dos supermercados, em 14%. Assim como o desemprego entre os jovens ultrapassa 15%.
O país se desajustou fiscalmente com a gastança desenfreada do segundo governo Lula. E o governo não dá sinal de querer domar a espiral de gastos públicos. Ao contrário, inchou a máquina pública, ainda mais, com novos Ministérios e cargos comissionados; desperdiça recursos em obras superfaturadas e analisa sem acuidade a crise internacional.
A presidente, habitualmente mais comedida que seu antecessor, acaba de protagonizar espetáculo lamentável na Europa, anunciando que o Brasil estaria disposto a “ajudar” o Velho Mundo a sair da crise das dívidas soberanas de Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália. O bom senso sabe que não dispomos de liquidez para empreitada desse porte. A China, detentora de US$3.2 trilhões de reservas internacionais, analisou o quadro e se decidiu por não investir em títulos europeus “podres”. Logo, não haveria de ser o Brasil a salvar tantas pátrias.
Ficou mal. Atuar sem bravatas é sempre mais adequado. Afinal, se a Grécia se vir forçada a calotear sua dívida, os primeiros prejudicados serão os grandes bancos europeus portadores dos títulos micados. Logo, incumbe ao Banco Central Europeu, à Comissão Européia e ao FMI o papel principal na cena.
Dilma precisa é olhar com atenção a inflação interna, que ameaça sair de controle. Esse inimigo finge dormir e sempre desperta, quando os governos partem para fórmulas heterodoxas e saem da austeridade fiscal.
Melhor que não se deslumbre com as luzes traiçoeiras da mídia internacional. É grave um país subestimar seu próprio peso, seu próprio papel. Mais grave ainda quando se superestima. No primeiro caso, pecaria por timidez, por falta de ousadia. No segundo, por provincianismo e soberba.
Não estimule incêndios, presidente. O panorama que nos envolve a todos é de extrema delicadeza, a exigir competência e seriedade.
(*) ARTHUR VIRGÍLIO é diplomata, foi líder do PSDB no Senado, e escreve para HiperNoticias.
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