A política é como nuvem

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Assim dizia o velho e experiente Ulisses Guimarães, o Senhor Diretas Já.

Dilma Roussef para se garantir no poder bastava ter 174 votos para impedir o Impeachment, mas não quis repetir o mensalão, entregar cargos e emendas aos deputados do Centrão. As nuvens escureceram e o temporal a alijou do poder.

Temer e agora Bolsonaro, este inclusive que já passou por 8 partidos, todos desse bloco, e conhece muito bem o esquema, na campanha disse que não utilizaria os métodos da velha política. Quando as nuvens negras se formaram, o atual ocupante do planalto abriu os cofres e os cargos, elegendo inclusive para presidência da câmara, um dos líderes desse bloco dos sujos.

Já são mais de 130 pedidos de impeachment que dormem nas gavetas da câmara. Agora juntamente com seu parceiro, Arthur Lira, criaram sorrateiramente, um orçamento secreto de 3 bilhões para seus integrantes comprar milhares de tratores com preço superfaturado e distribuir em suas bases. Descoberto o esquema o STF determina que a Câmara siga as normas da Constituição.

Quando os pajés da tribo do Planalto e seus sequazes da Câmara pensaram estar livres da tempestade, eis que outra nuvem negra se aproxima ameaçadora. Trata-se da articulação da candidatura daquele que Bolsonaro por “gratidão” havia lhe transformado em ministro e lhe prometido uma vaga no STF.

O parcial juiz da Lava Jato, que em conluio com o MP colocou na cadeia o candidato da oposição que liderava as pesquisas, possibilitando a eleição de Bolsonaro, talvez agora vislumbra a possibilidade de dar o troco da traição de que fora vítima.

Desta vez nuvens carregadas podem se formar sobre a cabeça do capitão.

A candidatura Moro pode vir a contemplar a tão sonhada 3ª via que a elite tanto almeja para se livrar de seus dois desafetos, e contemplar o desejo do mercado, dos agiotas e dos bancos, e principalmente dos EUA, a quem Moro já prestou e continua a prestar “relevantes serviços”.

A política que Bolsonaro defende e implementa é a mesma de Moro, tanto é que se juntaram e lutaram com unhas, dentes, Fake News, caixa 2 e outros meios sórdidos para abocarem o poder. A diferença entre ambos é apenas no modus operandi. Um é um tresloucado xucro, o outro é um déspota polido, disfarçado de bom moço.

A elite brasileira que jamais aceitou estar fora do poder, não queria Bolsonaro, muito menos Fernando Haddad. No 2º turno para se livrar do PT, fez opção total por Bolsonaro, e talvez não esperasse que daquele ovo que chocara, surgiria uma serpente.

Antes para se livrar de Lula, contribuiu de forma significativa para tirá-lo do páreo, colocá-lo na cadeia, e matar definitivamente praticamente um dos poucos líderes viáveis da oposição. Mas sendo a trama, mal feita, Lula volta talvez até revigorado.
Novamente, diante da eminência de perder o poder, talvez Moro seja a sua nova opção. A mídia e expoentes da burguesia já dão sinais de que Moro poderia ser o candidato capaz de alijar Bolsonaro e chegar ao 2º turno. Para isso Bolsonaro agora seria seu alvo principal.

Conseguindo a proeza de colocar Moro no 2º turno, seria a vez do seu exército midiático, institucional e financeiro partir com todas as forças para desmoralizar Lula mais uma vez, vencer o pleito e garantir o poder.
Talvez essa seja a estratégia da velha e carcomida elite brasileira, que sempre agiu em conluio com nossos exploradores internos e externos.

Porém sempre esquecem, ou nunca tiveram a intenção de combinar com o povo. Se esquecem também, como dizia Ulisses. A política é como nuvem.

(*) ALUISIO ARRUDA é Jornalista, Arquiteto e Urbanista, membro do Diretório Regional do PC do B- MT.

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