A reação mais forte ao plano foi da Alemanha, que anunciou que irá suspender as exportações de armas para Israel que possam ser usadas na Faixa de Gaza, segundo o chanceler Friedrich Merz. Ele disse que está "cada vez mais difícil de entender" como o plano militar de ocupar a Cidade de Gaza contribui para os objetivos de Tel-Aviv.
"Nestas circunstâncias, o governo alemão não autorizará qualquer exportação de equipamento militar que possa ser usado na Faixa de Gaza até novo aviso", acrescentou Merz. "O governo alemão continua profundamente preocupado com o sofrimento contínuo da população civil na Faixa de Gaza".
O chanceler disse que o governo israelense "assume uma responsabilidade ainda maior" em relação à assistência a civis no território palestino com o anúncio do novo plano.
A ocupação da maior cidade do território palestino também foi repudiada pelo primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer. Ele classificou o plano como um "erro" e pediu que o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, "reconsidere de imediato".
"A decisão do governo israelense de intensificar sua ofensiva em Gaza é um erro, e pedimos que reconsidere sua decisão imediatamente", disse Starmer em um comunicado. "Esta ação não fará nada para pôr fim ao conflito ou garantir a libertação dos reféns. Só levará a mais massacres", acrescentou.
Outros países europeus como Holanda e Dinamarca repudiaram o plano. A China expressou "sérias preocupações" sobre o anúncio israelense e a Turquia exortou a comunidade internacional a "impedir" a implementação do plano de Netanyahu.
Já o alto comissário da ONU para os direitos humanos, Volker Turk, criticou o plano e disse que ele deve ser "interrompido imediatamente".
Israelenses criticam plano
O plano de Netanyahu também foi criticado internamente. O líder da oposição, Yair Lapid, disse que a decisão do gabinete de segurança é "uma catástrofe que trará muitas outras catástrofes".
Já o Fórum das Famílias dos reféns israelenses, a principal organização de familiares de reféns que seguem em Gaza, disse que o plano "significa abandonar os reféns, ignorando completamente os repetidos avisos da liderança militar e a vontade clara da maioria da população israelense".
O chefe do Estado-Maior de Israel, Eyal Zamir, também é contra uma ofensiva que ocupe a Faixa de Gaza, alegando que a medida colocaria os reféns em perigo e aumentaria a pressão sobre o Exército de Israel.
Ex-oficiais de segurança também se manifestaram contra novas operações militares, dizendo que há pouco a ganhar depois que o Hamas foi militarmente dizimado.
Israel tem enfrentado crescente pressão internacional nas últimas semanas à medida que imagens de crianças passando fome destacaram a crise de fome piorando.
Reféns
Cinquenta reféns israelenses seguem no território palestino, mas apenas 20 são considerados vivos, segundo o Exército de Israel.
Os israelenses temem que uma outra grande operação militar aumente o número de soldados mortos e coloque os sequestrados em perigo. Nos últimos dias, os grupos terroristas Hamas e Jihad Islâmica publicaram vídeos que mostram reféns israelenses em condições críticas, muito magros e com claros problemas psicológicos.
O Hamas já disse que instruiu os terroristas do grupo a matar os reféns se perceberem que soldados estão operando perto do cativeiro. Em agosto do ano passado, seis reféns foram assassinados pelo Hamas na cidade de Rafah em meio a uma operação militar de Israel na cidade.
Plano
O plano para tomar o controle da Cidade de Gaza foi aprovado nesta sexta-feira, 8. O premiê israelense já havia delineado planos mais abrangentes em uma entrevista à Fox News, na quinta-feira, 7, em que ele afirmou que Israel planejava assumir o controle de toda a Faixa de Gaza - o país já controla cerca de três quartos do território devastado.
Contudo, a decisão final, tomada após a reunião do Gabinete de Segurança de Israel durante a noite, não chegou a esse ponto e pode ter como objetivo, em parte, pressionar o Hamas a aceitar um cessar-fogo nos termos de Israel.
Israel bombardeou repetidamente a Cidade de Gaza e realizou inúmeros ataques, apenas para retornar a diferentes bairros repetidas vezes enquanto os combatentes do Hamas se reagrupavam. Hoje, é uma das poucas áreas de Gaza que não foi transformada em zona-tampão israelense nem colocada sob ordens de retirada. Uma grande operação terrestre no local poderia deslocar milhares de pessoas e interromper ainda mais os esforços para entregar alimentos ao território assolado pela fome.
Questionado na entrevista à Fox News antes da reunião do Gabinete de Segurança se Israel "assumiria o controle de toda Gaza", Netanyahu respondeu: "Pretendemos, para garantir nossa segurança, remover o Hamas de lá".
"Não queremos mantê-la. Queremos ter um perímetro de segurança", afirmou o premiê na entrevista. "Queremos entregá-la às forças árabes que a governarão adequadamente, sem nos ameaçar e dando aos moradores de Gaza uma vida digna", ele explicou.
Desde o início da guerra, cerca de 60 mil palestinos foram mortos na Faixa de Gaza, segundo dados do ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas. A guerra começou no dia 7 de outubro de 2023, após um ataque do Hamas contra o sul de Israel que deixou 1,2 mil mortos e 250 sequestrados. (Com agências internacionais).
(Com Agência Estado)
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