Considerada a maior operação policial de combate ao comércio ilegal de mercúrio da história do país, a primeira fase da 'Operação Hermes (Hg)' veio à tona em dezembro de 2022. Os primeiros 'achados' da Polícia e do Ministério Público Federal (PF e MPF, respectivamente) indicaram uma lista extensa de supostos envolvidos no contrabando de mercúrio, incluindo figuras proeminentes em Mato Grosso. Tudo isso culminou na segunda fase da Operação Hermes em novembro deste ano. Uma falha técnica, porém, colocou toda a operação sob risco de anulação.
Na primeira etapa, Arnoldo Veggi, conhecido como Dodo Veggi, foi apontado pela Polícia Federal como líder do esquema. Além dele, Ali Veggi, Edgar Veggi, Edilson Rodrigues de Campos, Anderson Ferreira de Faria e Patrike Noro de Castro tiveram a prisão preventiva decretada na primeira fase da operação. Os prejuízos ambiental e financeiro foram estimados, à epoca, em R$ 1,1 bilhão.
Em janeiro deste ano, Ali e Arnoldo Veggi, o DJ Patrike Noro de Castro e os empresários mato-grossenses Edgar dos Santos Veggi e Edilson Rodrigues de Campos se tornaram réus na Justiça Federal de São Paulo sob a acusação de contrabando de mercúrio.
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Na ocasião, revelou-se que as cargas contrabandeadas tinham origem em diversos países e entravam no Brasil por meio de uma empresa sediada em Santa Cruz de La Sierra (Bolívia), também vinculada aos réus. Em território nacional, o produto era então distribuído por uma rede complexa de empresas, várias delas de fachada.
O esquema também envolvia a geração de créditos fictícios de mercúrio no sistema para permitir a inserção do produto contrabandeado no mercado legal. Era comum que as empresas declarassem ter quantidades elevadas do insumo para venda, quando, na verdade, possuíam baixos volumes ou sequer dispunham de estoque.
No fim de fevereiro, a Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região concedeu liberdade a Arnoldo Silva Veggi, considerado como sendo o maior contrabandista de mercúrio do Brasil. O pai dele, Ali Veggi, também foi beneficiado com a decisão.
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O TRF3 determinou ainda a soltura dos outros acusados que se encontravam presos na mesma operação, dentre eles Edgar dos Santos Veggi, Bruna Damasceno Veggi e Edy Veggi Soares.
Em setembro, os investigados na primeira fase da Operação Hermes (Hg) conseguiram a segunda vitória consecutiva nos tribunais. A pedido da defesa dos empresários Valdinei Mauro de Souza, Cristiana das Dores de Souza e Ronny Moraes da Costa, o TRF3 anulou os mandados de busca e apreensão cumpridos em dezembro de 2022.
No recurso patrocinado pelos advogados Alberto Zacharias Toron, Hélio Nishyama, Ralph Tórtima Stettinger Filho e Fernando da Nóbrega Cunha, os defensores alegavam que as ordens de busca e apreensão tinham sido 'indiscriminadamente' deferidas pelo juízo de origem sem que houvesse indícios de participação dos empresários em atividades ilegais.
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Em novembro, Polícia Federal e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis deflagram a segunda fase da Operação Hermes. Em Mato Grosso, foram cumpridos 29 mandados de busca e apreensão em Cuiabá, Poconé, Peixoto de Azevedo, Cáceres, Alta Floresta, Pontes e Lacerda, Nossa Senhora do Livramento e Nova Lacerda.
Além das buscas, foi decretada pela Justiça a imposição de fianças de duzentos salários mínimos e o sequestro e indisponibilidade de bens dos investigados em montante superior R$ 2,9 bilhões, visando à reparação dos danos.
Por outro lado, a titular da Primeira Vara Federal de Campinas, a juíza Raquel Coelho Dal Rio Silveira, negou pedido de prisão temporária de 16 investigados no âmbito da Operação Hermes II. Entre os nomes estavam os magnatas do setor mineral Valdinei Mauro de Souza e Filadelfo Reis Dias, além do filho do governador Mauro Mendes (UB), Luis Antônio Taveira Mendes.
O governador reagiu à operação e defendeu a inocência do filho. Segundo Mauro, Luis Antônio já tinha saído da administração da mineradora alvo da Polícia Federal antes das alegadas compras de mercúrio ilegal.
"É um grande equívoco da Polícia Federal, isso vai ser demonstrado com tranquilidade. Quem está do lado da verdade e de Deus não teme nada. Não tenho a menor precoupação", declarou.
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Uma decisão do desembargador André Nekatschalow, da 5ª Turma do TRF3, porém, colocou em xeque o deslinde do caso. No início de dezembro, o magistrado expediu despacho solicitando informações sobre os relatórios de inteligência financeira que subsidiram a deflagração das Operações Hermes I e II.
Despacho é consequência de recurso apresentado pela defesa do empresário Arnoldo Veggi que pede a suspensão do inquérito e da ação penal sobre o suposto esquema de contrabando de mercúrio. A defesa alega que houve quebra de sigilo bancário de forma ilegal. Se reconhecido o argumento, as duas fases da operação podem se tornar nulas.
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