Autos que deram origem à Operação Cartão Postal revelam que a organização criminosa investigada pela Polícia Civil pretendia 'expandir' suas atividades para Cuiabá. Entre 2022 e 2023, a organização teria desviado R$ 87 milhões da Saúde de Sinop (480 km de Cuiabá) por meio do superfaturamento em subcontratos da Organização Social de Saúde (OSS) que geria a área no município do norte mato-grossense.
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O delator do esquema, o médico Luiz Vagner Silveira Golembiouski, proprietário da Med Clin Serviços Médicos Ltda, contou à polícia que em outubro de 2022, foi informado pelo advogado Hugo de Florêncio Castilho sobre um credenciamento para empresas de prestação de serviços médicos junto à Saúde de Cuiabá.
À época, a empresa de Luiz Vagner tinha acabado de dar início à prestação de serviços para o Instituto de Gestão de Políticas Públicas (IGPP) - OSS até então responsável pela Saúde de Sinop. De acordo com o delator, o esquema funcionava a partir do superfaturamento dos subcontratos da OSS. Hugo Castilho ainda exigia um 'retorno' sobre o valor pago às empresas subcontratadas, como no caso da MedClin.
A Med Clin Serviços Médicos Ltda chegou a atuar em Cuiabá entre janeiro e março deste ano. Logo após o primeiro mês de atuação, Luiz Vagner foi convidado para uma reunião no escritório de Hugo Castilho sob o pretexto de acertar o pagamento pelos serviços prestados.
Contudo, na ocasião, o médico alega que foi surpreendido pela presença do ex-secretário de Saúde de Cuiabá, Célio Rodrigues. Segundo ele, Célio atua como 'mentor' do esquema às escondidas. À polícia, Luiz Vagner também acusou o ex-secretário de ser sócio oculto do IGPP.
"O Célio e o Hugo é uma pessoa só. As empresas são todas deles. As empresas que estão pegando dinheiro em Sinop. Essas empresas que estão pegando dinheiro em Sinop são do Célio", diz trecho da colaboração.
ALVO DA CURARE E DA HYPNOS
Desde 2021, Celio Rodrigues é conhecido como um dos 'chefões' dos esquemas de corrupção instalados na prefeitura de Cuiabá na área da saúde. Durante a pandemia de covid-19, Célio foi alvo da Operação Curare, quando ainda era secretário de Saúde da Capital.
No caso da Curare, um grupo empresarial, que fornecia serviços à Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá e que recebeu, entre os anos de 2019 e 2021, mais de R$ 100 milhões, era acusado de manter-se à frente dos serviços públicos mediante o pagamento de vantagens indevidas, seja de forma direta ou por intermédio de empresas de consultoria, turismo ou até mesmo recém transformadas para o ramo da saúde.
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Já no início deste ano, Célio Rodrigues foi preso acusado de ter fraudado o pagamento de R$ 1 milhão para compra do sedativo Midazolan, utilizado na sedação de pacientes intubados durante a pandemia de covid-19.
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