Um ano depois do crime que chocou o Estado, o filho do ex-deputado Carlos Bezerra, Carlos Alberto Gomes Bezerra, permanece sem ser julgado. Ele é acusado do feminicídio de Thays Machado, sua ex-companheira, e por outro homicídio qualificado, de William Moreno, com quem a advogada Thays mantinha um relacionamento. Os dois foram mortos a tiros por volta das 17h do dia 18 de janeiro de 2023, na calçada do edifício Solar Monet, bairro Consil, em Cuiabá.
Thays Machado era servidora do Tribunal de Justiça e a Corte chegou a inaugurar uma sala que leva o nome da advogada, onde funciona o Núcleo de Atendimento a Magistradas e Servidoras Vítimas de Violência Doméstica. O julgamento de seu assassino, porém, não tem data para acontecer.
Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), o último andamento do caso se deu na segunda instância, quando os desembargadores da Corte concederam a Carlos Alberto o benefício da prisão domiciliar, considerando seus problemas de saúde relacionados à diabetes. Segundo a decisão, a segregação cautelar também não era mais necessária, em virtude do encerramento das investigações.
LEIA MAIS: MPMT recorre contra decisão que beneficiou filho de ex-deputado com prisão domiciliar
O caso 'atravancado' no Judiciário faz contraste com outro caso de feminicídio que aconteceu no mesmo ano, a morte de Emily Bispo da Cruz, cujo assassino, Antônio Aluizio Conceição, foi investigado, processado e condenado a 20 anos de prisão no regime fechado ainda em 2023.
Tanto Emily quanto Thays foram vítimas de homens obsessivos, que não aceitavam o fim do relacionamento. No caso de Thays, Carlos Alberto Gomes Bezerra chegou a manter um caderno registrando pessoas que mantinham contato com a ex e a perseguiu inclusive no dia do assassinato. A polícia foi alertada sobre o comportamento 'stalker', mas a advogada foi morta horas depois de comparecer à delegacia.
Ela deixava o prédio da mãe junto do novo namorado quando foi surpreendida pelos diversos disparos do ex, que fugiu logo em seguida. Carlos Alberto chegou a se refugiar na fazenda da família dele, em Campo Verde, antes de ser preso pela polícia. Ao longo dos 10 meses que ficou preso, ele chegou a ser transferido da Penitenciária Central do Estado (PCE) para a Penitenciária da Mata Grande, em Rondonópolis, para gozar de cela especial, por possuir diploma de ensino superior.
RECURSO
O Ministério Público de Mato Grosso recorreu contra o acórdão que autorizou Carlos Alberto Gomes Bezerra a cumprir prisão domiciliar.
Segundo o MPMT, o acórdão apresenta obscuridades e contradições que precisam ser sanados para que o caso possa ser encaminhado às instâncias superiores. A pretensão da instituição é que, após o reconhecimento dos vícios apontados, o acusado volte a cumprir a prisão preventiva em Rondonópolis.
O MPMT afirma que não está claro, por exemplo, quais elementos subsidiaram a convicção de que as enfermidades preexistentes à prisão do réu são tão acentuadamente graves que exijam o tratamento sob regime domiciliar. Também quer saber quais são os fatores citados no acórdão que impedem a continuidade do tratamento do réu na penitenciária onde ele se encontrava ou em outra unidade prisional equivalente mantida pelo Estado.
Também não há data para o julgamento do recurso.
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.