Morto no dia 29 de dezembro em decorrência de problemas cardiácos e renais, Edson Arantes do Nascimento, o "Pelé", conhecido mundialmente como "Rei do Futebol", marcou história com sua atuação acima da média nos campos de futebol. E também com atuação digna de um rei em solo cuiabano.
No dia 8 de maio de 1965, Cuiabá literalmente parou para assistir a um espetáculo protagonizado pelo Santos Futebol Clube no Estádio Eurico Gaspar Dutra, o Dutrinha. Durante 90 minutos, o clube do litoral paulista disputou uma partida com o Dom Bosco, que saiu como coadjuvante diante das atenções que Pelé despertava em sua visita inédita a Cuiabá.
Naquele dia, a partida foi consequência de uma turnê pelo país realizada pelo Santos, visando a preparação para torneios de futebol. Após enfrentar o Dom Bosco em Cuiabá, o Santos Futebol Clube se deslocou a Campo Grande (MS) para a disputa de um amistoso contra o Comercial.
A passagem de Pelé em Cuiabá foi marcada por cenas de alvoroço e aglomeração de cuiabanos. Milhares de pessoas alimentaram a esperança de, no mínimo, chegar próximo ao astro do futebol. Numa época em que não havia redes sociais e tampouco aparelhos celulares com capacidade para fotografias, a esperança era ver o Rei do Futebol, ainda a distância, ou, numa remota chance de aproximação, tirar uma foto com aparelhos analógicos.
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Antes da partida, Pelé foi recebido com pompas pelo governador de Mato Grosso, Fernando Corrêa da Costa, e pela primeira-dama, Maria Elisa, que posteriormente veio a ser uma das incentivadoras do Estádio Verdão - José Fragelli, local em que atualmente funciona a Arena Pantanal.
O prefeito de Cuiabá da época, Vicente Vuolo, também prestigiou Pelé.
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Uma reportagem do jornal O Estado de Mato Grosso narra que no hotel onde se hospedou o Santos, "foi necessária uma permanente vigilância policial para garantir a manutenção da ordem. Em todos os momentos em que Pelé deixava o quarto a fim de realizar as suas refeições, o jogador era cercado pelos fãs, que pediam autógrafos", diz um dos trechos.
Ex-presidente do Dom Bosco, o procurador de Justiça aposentado, Antônio Gonçalo Souto de Arruda, o Totó, assistiu à partida de perto e, em entrevista exclusiva ao HNT, disse que foi uma das maiores emoções de sua vida, classificando Pelé como um "atleta inigualável".
"Não tinha como comparar o Dom Bosco com o Santos de Pelé. Pelé era inigualável. Hoje, eu digo que faleceu o Edson Arantes do Nascimento, mas o Pelé é imortal. O mundo se curva ao nosso futebol graças ao Pelé. Neste dia, do Pelé em Cuiabá, foi uma das maiores emoções da minha vida. Foi um privilégio vê-lo de perto. Eu fui acompanhado de um amigo e estava ansioso. Não me arrependi. Pelé deu um chapéu no quarto zagueiro que foi um lance fantástico. Jamais esqueci. Ainda marcou três gols. No final da partida, torcedores tentaram invadir o gramado para se aproximar do Pelé, mas a PM agiu a tempo. Pelé sempre foi muito humilde e acenou para todos", lembrou.
Totó, que se declara apaixonado por futebol, disse que acompanha a trajetória do futebol e não considera nenhum atleta maior que Pelé. "Houve uma geração de ótimos jogadores como Garrincha, Jairzinho, Gerson, Dirceuzinho, Zico, uma verdadeira época de ouro do futebol. Na década de 90, ainda pude ver Ronaldo, Romário, Bebeto, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo e tantos outros. A qualidade destes jogadores é imensa, mas, o Pelé conseguiu ser maior do que qualquer clube e maior até que o próprio futebol", afirma.
A partida foi disputada no dia 8 de maio de 1965, um sábado, às 15h30. Desde cedo, no entanto, um grande público já estava presente no Estádio Presidente Dutra. Torcedores formavam grandes filas nas bilheterias para conseguir ingressos para a partida. A renda foi superior a 15 milhões de cruzeiros, recorde em Mato Grosso.
O Santos entrou em campo com a seguinte escalação: Cláudio, Mauro (Modesto), Carlos Alberto (Dé), Geraldino, Haroldo, Lima, Peixinho, Mengálvio (Rossi), Coutinho (Toninho), Pelé (Santana) e Pepe (Abel). O Dom Bosco foi escalado com Clóvis, Cuiabano (Platibanda), Bráulio (Avião), César, Carmelindo, Ramão, Tão, Wizer, Didi, Magalhães e Pretinho.
"Finalmente, chegou o grande momento. No centro do gramado, o governador Fernando Corrêa da Costa, secretários de Estado e outras autoridades locais foram cumprimentar os jogadores das equipes do Santos e do Dom Bosco. Logo depois das 15h30, o sr. Lúdio Coelho, especial convidado, deu o chute inicial", diz um trecho de reportagem da época.
O primeiro gol da partida foi marcado por Coutinho, aos 41 minutos do primeiro tempo. Aos 2 minutos do segundo tempo, Coutinho ampliou o placar para o Santos. Cinco minutos depois, Pelé deu show e marcou uma série de três gols consecutivos, marcados aos 7, 8 e 22 minutos da etapa complementar.
CAUSA DA MORTE
A certidão de óbito de Pelé, emitida no dia 30 de dezembro mostra que a morte do Rei do Futebol foi causada por adenocarcinoma de cólon, broncopneumonia, insuficiência renal e insuficiência cardíaca. Os médicos que atestaram o óbito foram Juliana Cardoso Zogheib e Cesar Martins da Costa. A morte ocorreu, segundo o documento, às 15h27 do dia 29 de dezembro
O velório, aberto ao público, está sendo realizado no Estádio Urbano Caldeira, a Vila Belmiro, desde as 10h desta segunda-feira (2).
A cerimônia seguirá até as 10h de terça-feira, quando será realizado o cortejo pelas ruas de Santos, que passará pelo Canal 6, onde mora a mãe de Pelé, dona Celeste, seguindo até a Memorial Necrópole Ecumênica, para o sepultamento reservado aos familiares.
Antônio Gonçalo Souto de Arruda, procurador de Justiça aposentado, dia 6 de janeiro, completa 77 anos.
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