Mayke Toscano/Hipernotícias |
Superintendente Regional do Trabalho e Emprego de Mato Grosso, Valdinei Arruda, participou da primeira reunião da comissão que discute a escravidão no Estado |
Neste ano, 77 trabalhadores foram retirados em situação de trabalho escravo em 18 propriedades, afirma o superintendente Regional do Trabalho e Emprego em Mato Grosso, Valdinei de Arruda.
Todos os trabalhadores estavam em situação degradante em áreas rurais e grande parte na pecuária do médio-norte de Mato Grosso. Em 2010, 80% dos casos envolvendo o trabalho escravo foram relacionado à pecuária.
Esses dados foram apresentados na primeira reunião da Comissão Estadual pela Erradicação do Trabalho Escravo (Coetraes) realizada na tarde de terça-feira (25) no plenário da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (Fiemt).
A maioria das ações desenvolvidas pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) é resultado de denúncias e em menor parte pelo trabalho de inteligência que realiza rastreamento em muitos pontos do Estado.
“Em 99% das propriedades, o dono é obrigado a pagar todos os direitos direto para o trabalhador. Somente neste ano foram pagos R$ 200 mil em direitos trabalhistas”, informou o superintendente.
As multas aplicadas variam de acordo com os itens considerados irregulares para a prática do trabalho.
Há mais de 10 anos, Valdinei Arruda observa que 80% dos trabalhadores que estavam submetidos à situação degradante eram oriundos de outros Estados do Brasil. Esse cenário mudou, nos anos de 2008 , 2009 e 2010, de todos os empregados que foram retirados do trabalho escravo 43% nasceram em Mato Grosso e 75% declararam residir no Estado.
TRABALHO ESCRAVO
Segundo a auditora fiscal do trabalho da Comissão Nacional Para a Erradicação do Trabalho Escravo , Jacqueline Carrijo, o trabalho degradante se divide em clássico e contemporâneo.
O trabalho escravo clássico é caracterizado pelo cerceamento de ir e vir, pela servidão por divida presa, por vigilância comandada entre outros ítens.
O trabalho contemporâneo é caracterizada pela jornada exaustiva e está penetrado nos centros urbanos com muita facilidade.
Nas duas situações, a generalização do trabalho escravo, segundo Arruda, é pelo fato do trabalhador além de prestar serviços ele vai perdendo a saúde por conta de uma vida de super exploração ao qual as pessoas estão condicionadas.
“Um dos exemplos é o trabalho dos caminhoneiros que enfrentam 25 a 30 horas semanais de trabalho. No Brasil inteiro o trabalho de caminhoneiro é desumano por isso causam tantos acidentes, por causa do contrato de trabalho agressivo”, disse Carrijo.
Outro setor também que está recebendo atenção dos fiscais do trabalho é o da construção civil, que de acordo com a Jacqueline Carrijo, está acontecendo muito problema por conta da falta de segurança e jornada de trabalho exaustiva.
Em 2008 e 2009 foram encontradas muitas situações de irregularidades no setor da construção civil em Mato Grosso. De acordo com Valdinei Arruda nos dois últimos anos a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego não teve nenhuma denúncia referente ao setor.
Outros setores como frigoríficos, restaurantes e hospitais, por exemplo, também são citados com situações de falta de segurança no trabalho.
CONFERÊNCIA
A reunião da Comissão Estadual pela Erradicação do Trabalho Escravo (Coetraes) antecedeu a Conferência Estadual pelo Emprego Decente em Mato Grosso. De acordo com Valdinei Arruda, a comissão irá apresentar nesta quarta-feira (26) várias propostas de aprimoramento de ações entre os Estados no combate ao trabalho escravo.
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