Trinta de março é anualmente marcado como o Dia Mundial do Transtorno Bipolar, mas data não foi escolhida aleatoriamente. É também o aniversário do pintor holandês Vincent van Gogh, diagnosticado com transtorno bipolar após sua morte, em 1890, aos 37 anos. Apesar do termo “bipolar” ser muito usado no dia a dia para se referir a pessoas que mudam de humor repentinamente, a sociedade pouco sabe sobre o distúrbio e alimentam esteriótipos sobre uma condição de difícil diagnóstico.
O HNT conversou com a psicóloga Diana Canavarros, diretora do Instituto de Psicoterapia e Análise do Comportamento de Cuiabá (INPACC), sobre o assunto, que reforçou o quanto os esteriótipos associados ao transtorno atrapalham a vida de quem convive diariamente com a condição.
“Os estereótipos mais comuns relacionados aos portadores de transtorno bipolar são a instabilidade, a imprevisibilidade, a permanência e o potencial de produzir danos a si ou ao próprio patrimônio durante os estados depressivos e maníacos. Em nossa cultura, podemos observar que os estados depressivos costumam despertar mais tolerância e empatia que as manifestações maníacas. O estigma e o preconceito podem atuar diretamente no agravamento do transtorno, aumentando os níveis de angústia, estresse e diminuindo o funcionamento psicossocial das pessoas com bipolaridade, potencializando os sentimentos de raiva, tristeza, desencorajamento e baixa autoestima”, disse a psicóloga.
Muitas pessoas encaram a bipolaridade como a mudança de humor repentina, no entanto, uma pessoa portadora do transtorno pode ter longos períodos de estabilidade ou curtos, indo na contramão do que se pensa popularmente sobre a condição. Há dois tipos de bipolaridade: o bipolar tipo 1 tem quadros de mania e o bipolar do tipo 2 convive com a hipomania. Não há um padrão de sintomas, por isso, o caso deve ser analisado cuidadosamente por um médico.
A bipolaridade pode afetar pessoas em todas as idades. Segundo uma pesquisa da Fundação Bipolar UK, quase 50% das pessoas apresentam sintomas antes dos 21 anos.
Segundo Diana, a característica principal do Transtorno Afetivo Bipolar é a alteração excessiva dos estados de humor, com variações que vão desde o episódio depressivo, desinteresse ou prazer ao outro extremo, que seria o episódio maníaco, humor eufórico ou humor irritável. Os sintomas mais comuns no episódio de mania são a irritabilidade e a agitação.
O diagnóstico da bipolaridade é feito de maneira minuciosa após análise do quadro do paciente e realizado por um psiquiatra. O tratamento é feito em conjunto por um psiquiatra, que passará a medicação para atenuar os sintomas, e um psicólogo para acompanhamento mais próximo do caso.
“O diagnóstico do Transtorno Bipolar é feito por um médico psiquiatra, a partir de uma avaliação clínica minuciosa. A associação da medicação é fundamental na maior parte dos casos. A intervenção psicológica realizada na abordagem analiticocomportamental tem como papel ensinar habilidades para manejo de sintomas e tornar mais eficaz o funcionamento social e ocupacional do paciente. O importante é a identificação das relações de contingências, já que um mesmo padrão de respostas pode ter funções adaptativas distintas e pode ser resultado de várias histórias de interação", esclareceu a especialista.
"Entender um transtorno comportamental, por exemplo, não é apenas identificar os comportamentos que o caracterizam, mas sim, saber a quais contingências estariam relacionados. A partir da identificação dos padrões comportamentais que a pessoa apresenta e das variáveis que controlam e mantêm esses padrões, o psicoterapeuta terá uma visão mais ampla que permitirá definir estratégias de intervenção mais eficazes”, completou a psicóloga.
Para Diana, os principais desafios enfrentados por pessoas com bipolaridade estão na vida profissional e afetiva, muito por falta de acolhimento e conhecimento do transtorno, levando ao isolamento.
“No âmbito profissional, essas pessoas enfrentam desafios específicos relacionados a essa condição, como a falta de acolhimento e preparo das empresas e organizações. Algumas características prejudiciais ocorrem também no campo afetivo. O sentimento de perseguição e de desconfiança - que acompanham muitas vezes o transtorno -, costumam se refletir na família. Círculos de amizade podem ficar comprometidos e o isolamento social, em determinados períodos, pode trazer grande sofrimento. Um comportamento bem comum em pessoas bipolares é a sensibilidade exagerada aos acontecimentos e, consequentemente, levam ao isolamento”, finalizou a especialista.
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