Eram 10h20 da manhã de terça-feira, dia 11, quando elas embarcaram na lancha Aruanã 29, no Terminal Hidroviário Internacional de Belém, cercadas em comboio por dois barcos da PF e da PM paraense. O Estadão foi o único veículo de imprensa brasileiro a acompanhar a visita.
Mary vestia uma roupa estilo safári, de cores neutras (calça preta e camisa verde), e tênis específico para um terreno de trilha, sem formalidades. Na ida, a rainha permaneceu sentada na lancha, observando a imensidão da Baía do Guajará, projetando o corpo para fora.
Na volta, com menos ondulações e maré mais favorável nos igarapés do Combu, chamados de "furos" pelos ribeirinhos, ela se soltou. Saindo do "Furo da Paciência", atravessou a lancha em pé, andando de forma mais arriscada pelo casco, enquanto a embarcação despontava no rio Guamá. Posou para fotos na proa.
Tudo por um registro amazônico, como fizeram outros chefes de Estado e de governo, ministros e diplomatas. Eles adotaram o Combu como ponto de romaria por uma experiência mais imersiva na selva, entre eles o presidente do Conselho Europeu, António Costa.
A ilha é um ponto de turismo local, frequentado por moradores de Belém, e também de gastronomia. A comunidade de ribeirinhos criou um circuito de bares e restaurantes em palafitas, que se tornaram o destino preferencial das autoridades da COP-30.
Parte das lanchas que levam e trazem os visitantes é pilotada por mulheres de uma cooperativa de ribeirinhos, como Adrienny Mota, de 18 anos, que trabalha com a mãe, Ana Alice Mota, como guia de grupos. Elas moram na ilha.
A rainha fez o roteiro clássico do Combu e visitou a fábrica de chocolates "Filha do Combu", também conhecida pelo nome da proprietária, Dona Nena. Lá, recebeu a explicação sobre o processo de produção, moagem e cultivo do cacau.
A monarca quis sentir de perto o odor do chocolate moído, que dominou uma tapera aberta, e provar a fruta fresca, ainda azeda. Experimentou o chocolate 100% cacau na linha de produção e tomou chocolate quente, apesar do calor. Posou com uma bandeira do Pará e ganhou chocolates de presente. Também quis saber quantas pessoas trabalhavam com a empreendedora - são 20 atualmente.
Na segunda parada, a rainha foi posar perto de uma sumaúma centenária e "batucou" nas raízes para ouvir o ruído do oco. Estava acompanhada do ministro dinamarquês Jacob Jensen (da Alimentação, Agricultura e Pesca). Eles assistiram a uma demonstração da colheita de açaí. A rainha se surpreendeu com a técnica de ribeirinho que, em menos de 2 minutos, trepou nos açaizeiros, e pulou de um tronco para outro, para colher dois cachos da fruta símbolo da Amazônia.
"Não é o mesmo jeito que a gente sobe nas árvores quando é criança", disse Mary, antes de pôr as "mãos na massa" - no caso, nos grãos da fruta - e sujá-las de roxo para experimentar a técnica antiga de como extrair o suco do açaí, misturando água e espremendo, numa bacia de barro, para depois peneirar. Esse era o método antes das máquinas batedeiras.
No restaurante Saldosa Maloca, a rainha foi recebida com um típico banquete paraense: moqueca de pirarucu, filhote na chapa, arroz com jambu, macaxeira frita e açaí, com brigadeiro no creme de cupuaçu, como sobremesa.
A rainha é patronesse do PNUMA, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Em 2024, visitou o Brasil pela primeira vez como rainha e visitou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto. Durante a passagem por Brasília, foi à Embrapa e relatou ter ficado "impressionada" com a vegetação do Cerrado.Na mesma ocasião, também viajou a Manaus (AM) e esteve no Museu da Amazônia e no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Conheceu um restaurante indígena e jantou no Teatro Amazonas.
Nascida na Tasmânia, parte da Austrália, Mary Elizabeth Donaldson, de 52 anos, se tornou rainha consorte da Dinamarca em janeiro de 2024, quando o Frederik X da Dinamarca assumiu. Ele sucedeu a mãe, a rainha Margrethe II, que abdicou após 52 anos como monarca. Atualmente, Mary possui apenas a nacionalidade dinamarquesa, e não mais a australiana - ela sempre gostou de enfatizar que era "tasmaniana".
A Dinamarca foi um dos 53 países que apoiaram Fundo Florestas Tropicais Para Sempre, TFFF, no lançamento, mas não injetou recursos - o processo de aprovação seria demorado, segundo fontes diplomáticas. A iniciativa quer remunerar países que preservam suas florestas tropicais. No ano passado, o país formalizou sua primeira doação ao Fundo Amazônia (R$ 127 milhões).
Durante a COP-30, o país anuncia mais recursos para "cobrir lacunas de financiamento". A Dinamarca vai tornar permanente um instrumento de garantia estatal e ampliar o limite para US$ 1,8 bilhão até 2030. O governo espera, assim, mobilizar US$ 4,1 bilhões em capital privado para investimentos verdes em países em desenvolvimento.
A Dinamarca emitirá US$ 100 milhões em uma nova garantia estatal para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a fim de mobilizar US$ 400 milhões em novos empréstimos concessionais para países da região, visando acelerar a transição energética nas áreas amazônicas.
(Com Agência Estado)
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