O encontro entre o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente norte-americano Donald Trump, realizado recentemente em Assembleia Geral da ONU, quebrou as expectativas tanto no Brasil quanto no cenário internacional. Muitos aguardavam uma postura ríspida de Trump, conhecido pelo estilo explosivo, intempestivo e por não medir palavras. No entanto, o que se viu foi um gesto de cordialidade, marcado por elogios e até pela afirmação de que teve "uma química excelente" com o presidente brasileiro, "que pareceu um cara muito agradável".
A declaração inesperada provocou reações. A fala de Trump tem tudo para não ter sido apenas um improviso simpático: pode ser lida como um movimento estratégico. O norte-americano, que construiu sua imagem pública na dureza verbal e no confronto direto, utilizou uma de suas armas mais eficazes; a capacidade de surpreender. Ele opera na lógica do impacto, do movimento que desarma e confunde.
É aqui que entram duas regras clássicas do poder, extraídas do livro As 48 Leis do Poder, de Robert Greene: a Lei 17 – “mantenha os outros em suspense, cultive uma atmosfera de imprevisibilidade” e a Lei 48 – “assuma uma forma indefinida”. Em outras palavras, ao agir de maneira oposta ao que se esperava, Trump reforçou sua imagem de jogador que não segue um roteiro previsível.
O gesto educado não é sinal de mudança de temperamento, mas sim de estratégia. Ele mostrou que pode ser duro quando quer, mas também maleável quando isso lhe convém. Em outras palavras: Trump não se deixa aprisionar em um rótulo, e é justamente essa indefinição que lhe garante poder.
Para Lula, a cena teve efeito positivo. Ele saiu fortalecido, escapando de um eventual embate que poderia virar constrangimento. Mas, paradoxalmente, também acabou servindo à narrativa de Trump, que mostrou controle sobre o jogo político. Se quisesse ser rude, seria previsível. Ao ser gentil, conquistou o centro da cena.
Trump, ao falar em “química”, transformou um encontro protocolar em espetáculo e, como todo espetáculo, deixou claro quem estava no comando do script.
No fim, o que parece cortesia pode ter sido apenas mais um capítulo de um manual de poder em prática.
(*) JÚNIOR CAMPOS é Especialista em assessoria em comunicação e marketing político. Já atuou diretamente em mais de 30 campanhas eleitorais, coordenando campanhas na Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Pernambuco. Consultor em comunicação e marketing em Prefeituras e Câmaras Municipais. Referências em oratória política, tendo treinado dezenas de políticos para debates e discursos. É membro do CAMP e palestrante nacional.
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