Quando o litígio cega e esquecemos a parentalidade, criamos um impacto silencioso e pouco cuidado: jovens cada vez mais expostos à automutilação, ao suicídio e à instabilidade emocional. Esses índices alarmantes não revelam apenas a fragilidade da juventude, mas expõem, sobretudo, a instabilidade dos adultos, que não conseguem construir um ambiente relacional e emocional no qual valha a pena viver.
O Direito de Família, por natureza, é o espaço onde emoções e normas jurídicas se encontram. Em meio a disputas de guarda, alimentos e convivência, emerge um ponto fundamental: a parentalidade. Porém, mais do que a simples função de cuidado, é preciso falar de parentalidade consciente.
A parentalidade consciente é o exercício responsável, afetivo e colaborativo do papel de pai e mãe, mas também é a capacidade de compreender o conflito como oportunidade de evolução pessoal e relacional. Ao invés de manter o olhar fixo apenas nas dores conjugais, ela propõe a construção de consciência para todos os envolvidos – pais, filhos, avós e até mesmo os profissionais do direito que atuam nesses casos.
Essa mudança de perspectiva permite que as ações judiciais deixem de ser apenas arenas de disputa para se tornarem laboratórios de transformação. Advogados que atuam a partir da parentalidade consciente orientam seus clientes não apenas para vencer processos, mas para reorganizar suas relações com mais clareza e equilíbrio. Juízes que adotam essa visão ampliam sua função: mais do que proferir sentenças, tornam-se agentes de saúde social.
Assim, o impacto da parentalidade consciente nas ações de família não está restrito à proteção da criança, mas se estende ao fortalecimento de todo o grupo parental. Trata-se de uma prática que convida os adultos a assumirem a responsabilidade de crescer emocionalmente, para que o ambiente familiar, mesmo em transformação, possa sustentar relações dignas, humanas e vivas.
Em última instância, a parentalidade consciente ressignifica o próprio Direito de Família. Deixa de ser apenas um instrumento de resolução de conflitos para se tornar um caminho de elevação da consciência coletiva, favorecendo não só a saúde das crianças, mas a saúde das relações como um todo.
(*) CAROLINA AMORIM é Educadora Parental e Mentora Corporativa em empresas Familiares | Psicoterapeuta de Jovens e Famílias | Especialista em Desenvolvimento Humano
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.