O presente é uma era em que o domínio digital é incontestável. A Tecnologia da Informação (TI) emerge como um dos setores mais promissores e dinâmicos, tendo um papel determinante na economia global, na inovação científica e tecnológica e na forma como as pessoas vivem seu cotidiano. No entanto, uma questão se destaca nesse cenário: a falta de profissionais qualificados em TI no Brasil. O país, apesar de possuir um ecossistema tecnológico em constante evolução, alimentado pela digitalização crescente de processos e serviços em todas as indústrias, enfrenta uma disparidade significativa entre a demanda e a oferta de profissionais especializados.
A Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (BRASSCOM), que representa o setor de TI no Brasil, em uma análise detalhada, destaca essa disparidade com números que impressionam. A demanda média anual no Brasil é de cerca de 159 mil profissionais de TI, entretanto, apenas uma média de 53 mil profissionais são formados por ano nesta área. Existe uma lacuna de aproximadamente 106 mil profissionais e esse fato consolida uma realidade preocupante e, ao mesmo tempo, um desafio a ser superado.
A escassez de mão de obra especializada não é um problema isolado, pois influencia a dinâmica da economia como um todo. A falta de profissionais capacitados em TI pode retardar significativamente o desenvolvimento de novos negócios e tecnologias, levando a uma desaceleração no ritmo da inovação. Além disso, a insuficiência desses profissionais pode obstruir a eficácia da digitalização, uma tendência global que impacta diretamente a economia, a segurança, a governança e a sociedade.
No que tange à empregabilidade, o Brasil possui um grande potencial a ser explorado. Espera-se que até 2025, o país gere quase 420 mil novas vagas no setor de TI. No entanto, a expectativa se contrapõe ao atual cenário de escassez de profissionais qualificados, o que torna um desafio para o cumprimento desta projeção. Além disso, a questão da diversidade e inclusão também é uma preocupação relevante na indústria de TI. A presença feminina no setor é notavelmente baixa, o que sinaliza a necessidade de esforços concentrados para promover a igualdade de gênero na tecnologia.
A escassez de profissionais de TI também pode afetar a posição competitiva do Brasil no cenário mundial. Em uma economia global em que a TI desempenha um papel central.
É fundamental, portanto, que medidas sejam tomadas para resolver essa questão. O investimento na formação em TI é um passo inicial e que deve ser pensado em termos de acesso, permanência e desenvolvimento da formação profissional para a realidade do meio de atuação. O aumento do financiamento para a educação em TI, seja por meio de políticas governamentais ou de investimentos privados, é uma necessidade urgente. Isso incluiria aumentar o número de vagas em universidades e escolas técnicas para cursos relacionados à TI, e também o desenvolvimento de programas de treinamento e estágio que preparam os estudantes para o mercado de trabalho.
Promover uma maior inclusão de gênero na indústria de TI também é essencial. Políticas voltadas para o incentivo de mulheres na TI, como a oferta de bolsas de estudo e a criação de programas de mentorado e redes de apoio para mulheres na tecnologia, podem ajudar a corrigir o desequilíbrio de gênero existente no setor.
Além disso, é importante cultivar uma mudança cultural em relação à percepção das carreiras em TI, que por sua vez deve ser vista como um campo acessível e atraente para todos, e não apenas para aqueles com habilidades técnicas específicas. Isso requer a divulgação de uma imagem mais inclusiva e diversificada da TI, que mostre a ampla gama de oportunidades disponíveis na área, que vão desde o desenvolvimento de software até a gestão de projetos e a análise de dados.
A colaboração entre o governo, as empresas e as instituições de ensino é também uma peça-chave para resolver esta lacuna. Parcerias público-privadas podem permitir a criação de programas de formação que atendam às necessidades do setor e estimulem a pesquisa e o desenvolvimento em TI. Ao mesmo tempo, as políticas governamentais podem incentivar o estudo e a permanência de talentos em TI, por meio de incentivos fiscais, financiamento para educação e pesquisa, e a melhoria das condições de trabalho na indústria de TI.
Dessa forma, a questão da falta de profissionais de TI qualificados no Brasil é um desafio multidimensional que exige uma abordagem estratégica e multifacetada. Enfrentar esse problema não é apenas uma questão de preencher vagas de emprego, mas uma necessidade crítica para o desenvolvimento econômico do país e a manutenção de sua competitividade global. Por isso, é preciso agir com urgência e eficácia, de forma a superar essa lacuna e posicionar o Brasil como um líder na indústria de TI, capaz de enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades do século XXI.
(*) LEILA MARES é Docente do Ensino Superior e Ma. em Educação e Gestão de Pessoas.
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br
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